Carreiras | Empregos

Por Clarissa Janini
Com a proximidade do Dia das Mães, cabe o questionamento sobre o atual posicionamento da mulher em relação à carreira e à vida pessoal. O que é mais importante? É preciso abrir mão de algum aspecto da feminilidade em nome do sucesso profissional? Pesquisa realizada no primeiro trimestre de 2006 pela SEC Talentos Humanos – empresa de recrutamento, seleção e treinamento de secretárias e profissionais da área administrativa – revelou quais são os principais anseios da mulher em relação à carreira. Com 42% dos votos, venceu o desejo de equilibrar a vida pessoal com a profissional. O segundo lugar – com 25% dos votos – ficou para o item relativo ao estudo e ao investimento em formação acadêmica ou cursos de aprimoramento. Ou seja, a vontade de exercer o papel feminino aliado ao crescimento no trabalho ainda é o grande desejo – e desafio – das mulheres na atualidade.
Para Andréia Guedes, consultora de RH da SEC, é perfeitamente possível aliar os dois papéis de forma equilibrada. “A mulher não precisa deixar de ser nada. É só querer e buscar estar sempre um passo adiante, procurando adquirir novas habilidades e competências”. Ela, que foi mãe solteira aos 20 anos e não deixou de trabalhar pelo motivo, diz qual é o maior diferencial das mulheres e que não deve jamais ser abandonado. “É a capacidade de realizar multitarefas, a facilidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo sem perder o foco”. Ela também afirma que, após a maternidade, ganhou mais maturidade e motivação para crescer na carreira. Hoje, mãe de dois filhos, Andréia se diz satisfeita com suas escolhas e prova que é possível, sim, possuir grande satisfação tanto na carreira quanto na vida familiar. “Quero que meus filhos tenham orgulho da mim e me vejam como um exemplo de profissional”.
Maternidade e liderança
Para o médico e palestrante Dr. Jô, a capacidade de gerar outro ser desenvolve na mulher diversas habilidades de liderança. “Por conta da maternidade, a mulher está mais acostumada a trabalhar para o outro – ao contrário do homem, cuja referência ainda é o ego”. Por isso, segundo ele, as mulheres costumam trabalhar melhor em equipe, requisito fundamental para se ter sucesso nos dias de hoje. “O homem necessita de reconhecimento mais explícito, ao contrário da mulher”. Garra, objetividade, perseverança, amorosidade… São vários os adjetivos que o palestrante usa para designar o poder do sexo feminino. Com tantas qualidades gerenciais, ele acredita que, no futuro, a mulher alçará vôo rumo ao topo dos cargos de liderança nas empresas. “Acredito que, em dez anos, cerca de 40% dos cargos de primeiro escalão serão ocupados por mulheres”.
Dr. Jô também cita exemplos de mulheres com grande poder de influência e que atingiram sucesso profissional sem deixar de lado as características femininas: a Ministra do Meio-Ambiente Marina Silva, a empresária Viviane Senna, a apresentadora de televisão Ana Maria Braga, a senadora norte-americana Hilary Clinton, entre outras. Por tudo isso, ele afirma ser um “grande desafio para as mulheres não entrar no ciclo masculino”. Veja abaixo uma relação de atitudes tipicamente femininas que devem ser exploradas, segundo o palestrante:

  • Nunca perca o sorriso, que é sua referência cordial;
  • Use e abuse da intuição;
  • Exerça sua capacidade de lidar com vários papéis ao mesmo tempo;
  • Coloque em prática sua habilidade especial para trabalhar em grupo.

Por outro lado, ele aponta costumes nem tão benéficos praticados pela mulher, que devem ser controlados para que não se tornem um transtorno.

  • Competitividade exacerbada com outras mulheres;
  • Basear-se apenas na imagem como forma de julgamento;
  • Cuidado com a típica teimosia feminina;
  • Exerça os “direitos iguais” integralmente. “Se você quer direitos iguais, não pleiteie as diferenças”, afirma ele, sobre possíveis desculpas tipicamente femininas – como alegar estar na TPM como justificativa para nervosismo e falta de produtividade, por exemplo.

Empresas devem contratar mais mulheres do que homens em 2006

De acordo com o consultor João Pedro Caiado, presidente da Human Coaching Consultant, as mulheres hoje são vistas com preferência no mercado de trabalho em alguns setores e cargos – atualmente, empresas de médio e grande porte preferem contratar mulheres a homens. Apenas em 2005, 56% das vagas de trabalho nos setores de serviços e comércio foram destinadas ao público feminino. Esse quadro começou a ficar expressivo em 2005, quando segmentos do mercado privado como indústria têxtil e calçados, além de saúde e comunicação em geral, começaram a se interessar pela contratação de profissionais femininas. “Essas áreas são atrativas para as mulheres por elas serem consideradas mais habilidosas nos quesitos comunicação e relacionamento. Elas se destacam principalmente em empresas que exigem boa interação com o público”, afirma Caiado. Segundo ele, as empresas que apresentam maiores índices de busca e contratação de mão-de-obra feminina são as de porte acima de 500 funcionários, exigindo profissionais com nível técnico ou superior. Para 2006, a expectativa é que a procura por mulheres no mercado de trabalho cresça ainda mais, pois o setor de serviços continuará em expansão. “Provavelmente em um futuro próximo serão geradas ainda mais oportunidades para mulheres do que para homens. Uma área que promete investir nas profissionais femininas esse ano é o terceiro setor”.

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