Carreiras | Empregos

Por Rômulo Martins
No horário nobre da rede Globo, a novela “Insensato Coração” traz ao público um tema bastante delicado: namoro no trabalho. Escolhido pela proprietária do Grupo Drumond para ocupar o cargo de gerente, Raul Brandão (Antônio Fagundes) provoca a ira da chefe e executiva Carolina Miranda (Camila Pitanga) que, após voltar de licença-maternidade, é forçada a demitir a então gerente Claudia (Cristina Flores) e pôr Raul no lugar.
Mas logo Carol reconhece a competência de Raul e os dois se aproximam. O ódio inicial da executiva por seu subordinado transforma-se em paixão. O que eles não imaginavam é que o relacionamento, mantido em segredo na empresa, pudesse causar agravos à vida profissional. Carol e Raul esquecem um importante contrato em um quarto de motel. Na tentativa de recuperar o documento o gerente retorna ao local, mas não obtém sucesso. Para continuar juntos ambos pedem demissão.
Casos parecidos com o de Raul e Carol não ocorrem apenas na ficção. A supervisora de call center Paula Frazão, 26 anos, conta que, por receio, não revelou o namoro com o atual marido, quando o conheceu há seis anos na empresa em que trabalha, em São Paulo. “Na época tinha um cargo de confiança, fiquei com medo de as pessoas acharem que o estava protegendo.”
O casal não esperou que a relação causasse danos à vida profissional. “Ele dizia que não dava certo namorar e trabalhar junto. Após quatro meses de relacionamento resolveu pedir demissão”, narra Paula.
Segundo Cintia Bortotto, psicóloga e especialista em recursos humanos pela Fundação Getúlio Vargas, são muitos os riscos de manter um relacionamento amoroso no ambiente de trabalho. “O mundo corporativo envolve relações de poder e influência, e relações afetivas sempre influenciam no profissional.”
Sem transtornos
O supervisor de qualidade Rodrygo Pacheco Gomes, 25 anos, diz que não passou por desconforto quando resolveu namorar uma colega de trabalho. “Procuro conhecer a empresa. Quando comecei o relacionamento já existiam outros casais formados.”
Rodrygo não tinha relação de chefia ou subordinação com a namorada. “Ela era de outro departamento.” Segundo ele, com profissionalismo, o envolvimento amoroso entre profissionais que atuam na mesma empresa não prejudica o trabalho.
Cuidados
Cautela nunca é demais quando se fala em relações amorosas com o parceiro de trabalho, mesmo em empresas que permitem a prática, adverte a psicóloga e especialista em recursos humanos Cíntia Bortotto. “Demonstrações de afeto no ambiente de trabalho não combinam. É preciso seriedade e profissionalismo.”
Outro hábito desagradável, segundo a psicóloga, é seguir os mesmos horários que o parceiro e deixar de se aproximar dos demais colegas por conta do namoro. “A hora do cafezinho e do almoço também é hora de fazer networking. Muitos profissionais se privam desse momento por conta do relacionamento.”
De acordo com Cíntia, o casal não deve esconder do chefe a relação. “É uma atitude antiética e incorreta. O melhor é fazer da forma correta para não causar ruído, pois de uma forma ou de outra as pessoas acabam descobrindo.”

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