Carreiras | Empregos

por Thays Scavacini

Na década de 50, as mulheres casavam muito cedo e tinham filhos entre 18 e 25 anos. Hoje, o quadro é totalmente outro. Um número cada vez maior de brasileiras procura retardar ao máximo a gravidez. O motivo: a mulher entre os 20 e os 40 anos quer antes firmar-se como profissional fora de casa, ganhar independência, ter tempo para o romance, viagens, sem as responsabilidades típicas de uma mãe de família. Tanto que hoje, as mulheres já são 41% da população economicamente ativa do país, chefiando 25% das famílias brasileiras.
Cecília Marilisa Sani, de 40 anos, pensou muito antes de decidir ter filhos. Administradora de empresas, trabalhando no jornal Folha de São Paulo há 15 anos, sua maior preocupação era não conseguir conciliar a vida profissional com a maternidade. “Quando descobri que estava grávida, fiquei nervosa. Na hora, pensei que seria demitida. Fiquei com medo de não conseguir dar conta de tudo.”
Consultores afirmam que mulheres dedicadas ao trabalho sentem dificuldades
para adaptar-se à nova situação. Elas ficam tão acostumadas com a rotina do trabalho que quando descobrem a gravidez sentem medo. “A mulher precisa
cuidar dos filhos e ao mesmo tempo estar atualizando-se para não perder seu emprego”, revela Rosely Aparecida de Melo, consultora da empresa Mission Desenvolvimento Profissional.
A preocupação e o medo levam à queda na produtividade. Para evitar que isso ocorra, diversas empresas têm incentivado o trabalho em casa. Desta forma, elas podem cuidar dos filhos e ao mesmo tempo cumprir os prazos determinados. “Esta é uma filosofia nova, que ainda vem sendo implantada no Brasil, mas muitas empresas já admitem que suas profissionais trabalhem em casa”, afirma Rosely.
A empresa monta um mini-escritório para a mulher em sua própria casa com computador conectado a Internet, fax, linha telefônica e muito trabalho. Assim, enquando cuidam dos filhos, podem resolver problemas ligados à empresa. “Acabo de ter gêmeos e confesso que meu trabalho aumentou. Agora, além de olhar as criancas, tenho serviço a todo horário, já que trabalho em casa”, explica Maria Eugênica Reis Finkelstein, advogada de 29 anos.
Outro exemplo de que o mercado vem mudando seu comportamento é a contratação de mulheres grávidas ou com a intenção de ter filhos, já que, antigamente, ninguém contratava uma mulher sem que antes ela fizesse um teste de gravidez. “Contratar mulher grávida dava prejuízo, já que ela teria de passar um bom tempo em casa, cuidando dos filhos e recebendo”, diz Rosely.
Antes de começar no atual emprego, a advogada deixou bem claro a sua intenção de engravidar. “Mesmo assim a firma me contratou, e um mês depois dei a notícia que estava grávida”, relembra. Além de ganhar a confiança do chefe, sua produção passou a ser ainda maior.
Segundo a consultora da Mission, esta mudança tem reflexos no mercado de trabalho. As empresas passaram a se preocupar mais com seus funcionários, tanto que algumas montaram creches e berçários na própria sede para que a mulher possa amamentar, ver seu filho e ao mesmo tempo cumprir com as obrigações profissionais. “O ganho é maior para a empresa. Ela está investindo no seu pessoal e acaba ganhando confiança e respeito”, acredita.

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