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por Daniel Carvalho Luz
Durante milênios, as mulheres viveram sob a repressão e a dominação masculina. Foram torturadas, violentadas e tratadas como gado. Após períodos em que a vida das mulheres melhorou, houve repressão ainda pior. Mas no século XX, finalmente se apresentou a combinação correta de fatores: a massa crítica manifestou-se.
Metaforicamente, a deusa despertou. Podem vir a ocorrer dias difíceis, mas não há retorno. Nunca as mulheres chegaram tão longe. A centelha do poder, da beleza e da criatividade das mulheres, há muito enterrada ou esquecida, jamais renasceu de um modo tão exuberante. Neste contexto surge uma pergunta: quem pode mais, o homem ou a mulher?
Acho que a primeira vez que refleti adultamente sobre esta pergunta foi no Dia das Mães, há algum tempo. Até porque a figura da mulher – e da mãe, em particular – recebe imenso destaque em dias comemorativos, especialmente no terreno da poesia e das artes em geral. Com toda justiça. Afinal, a mulher é a grande plasmadora de todos nós.
Embora filhos pequenos vejam mãe e pai como um bloco monolítico indissolúvel, é inegável que a figura materna se impõe de modo particular, até porque fomos literalmente formados dentro dela.
Mas o homem, o pai, é básico em todas as culturas, o sexo masculino se impõe invariavelmente. São raras as exceções.
Observe que, se alguém tem nove filhas e um único filho, chamará a todos de meus filhos. Em nosso modelo cultural até Deus é masculino!
Peço a você que acompanhe o meu raciocínio. A despeito do aparente domínio masculino, um mergulho na mente humana nos mostra que a mulher, em especial a mãe, é uma espécie de corrente subterrânea, que mesmo quando não aparece está sempre presente.
Não dizem que “a voz do povo é a voz de Deus”? Pois bem, o povo destaca o poderoso papel da mulher quando mãe, ao dogmatizar: “a mão que embala o berço governa o mundo”. Como em teatro de marionetes, a mulher deixa o palco para o homem, mas suas mãos conduzem os fios invisíveis das ações masculinas.
Penso, às vezes, que as lutas feministas apenas quebram parte desta magia quando reivindicam o óbvio. E o feminismo tem razão quando rejeita injustiças e a indisfarçável arrogância masculina. Mas insisto em que o pretenso domínio masculino serve, até certo ponto, neste jogo de cumplicidades e conveniências, para os dois lados; jogo que mal disfarça o poder muito maior da mulher.
Talvez, o feminismo reclame agora também a ribalta… Assim, é natural para mim que a mulher quebre, cada vez mais, preconceitos antigos e ocupe posições antes consideradas masculinas.
Porque a libertação da mulher não é o fim. De modo algum. É o inicio de muito trabalho. Há todo um mundo lá fora que necessita ser totalmente transformado, para que homens e mulheres possam criar, desejar, construir e desfrutar.
Não se trata de mulheres assumindo o poder, mas de mulheres e homens expressando juntos seu pleno potencial – estou convencido de que é preciso buscar o equilíbrio harmonioso entre homem – mulher. Agora note bem: não existem superioridades, mas diferenças que pedem a complementação.

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