Carreiras | Empregos

Quem o vê tão entusiasmado é levado a crer que, muito em breve, Boppré estará dando baixa em sua carteira de trabalho para deixar de ser um semi-empresário. Engano: seu plano é continuar contando com um salário mensal por mais dez anos. Não é só pelo dinheiro. Há ganhos estratégicos também. Ele tem incorporado à Cia. Aquática algumas ferramentas gerenciais da empresa na qual trabalha. Um exemplo deste empréstimo de conhecimentos foi a implantação de um plano de metas por meio do qual os trabalhadores são avaliados por tarefas executadas e não apenas pelo sistema convencional de remuneração.
Em Porto Alegre, a telefonista A.B.H. também não cogita deixar o emprego de quase dez anos numa editora de revistas para mergulhar em tempo integral na sua firma de representação de produtos eletroeletrônicos. Além da “estabilidade”, ela preza cursos e outras oportunidades de aperfeiçoamento que recebe na empresa – e que contribuem para sua qualificação como empreendedora. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae do Rio Grande do Sul para esta reportagem apurou que, se o desejo de empreender é crescente, o apego ao velho e bom emprego continua intacto. Ouvidas pela Rede Balcão e pela Central de Teleatendimento do Sebrae/RS, em janeiro, nada menos do que 62% das pessoas manifestaram o desejo de conciliar as duas atividades.
Manter o emprego enquanto se monta um negócio é um artifício usado por quem não tem um capital mínimo ou não quer correr riscos, observa Helton Haddad Silva, diretor da Sher Marketing e professor da FGV-SP. ”Mas o preço desta opção é trabalhar além do normal, é funcionar dia e noite, madrugadas e fins de semana. É uma barra que pouca gente consegue segurar”, avisa. É por isso que Elaine Fernandes, diretora da empresa de recolocação profissional Crossing, de São Paulo, recomenda aos candidatos a empreendedor de crachá: façam um plano de negócio claro e realizável por outras pessoas. E estejam certos de que podem contar com o apoio da família e/ou de pessoas de sua total confiança. ”O profissional precisa estar seguro de que poderá administrar seu tempo de maneira a não comprometer seu papel, a imagem e os negócios da empresa em que trabalha”, assinala Elaine.

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