Carreiras | Empregos

Por Gutemberg de Macedo
O nível de insatisfação das pessoas nas organizações tem crescido assustadoramente nos últimos anos. Ela tem sido responsável por inúmeros males físicos, mentais, psicoemocionais, espirituais, profissionais, organizacionais e familiares. A sensação que se tem ao contemplá-los, homens e organizações, é a de um organismo extremamente fragilizado e doente.
Eu, particularmente, tenho aconselhado centenas de executivos e executivas que se mostram cansados, estressados, frustrados com a vida corporativa, pelas mais diferentes razões, apesar das conquistas obtidas ao longo da carreira. Estagnação profissional e falta de perspectiva de crescimento a novas posições, a curto e médio prazos; discrepância entre o discurso da alta administração e a sua prática no dia-a-dia dos negócios; exaustiva carga de trabalho que não deixa nenhum espaço para o cultivo de outras atividades de natureza pessoal e familiar; excesso de cobrança por resultados, a qualquer preço e no menor espaço de tempo possível; incompatibilidade entre a sua personalidade e o trabalho que desenvolvem; conflito filosófico, estratégico e de valores com superiores e pares; mudanças abruptas e radicais que os deixam confusos e inseguros. Desejam perseguir um novo sonho – negócio próprio e deixar um legado para a sociedade, ou mudar simplesmente para outra área funcional ou de negócios.
Sim, certamente, esses profissionais não estão sozinhos. É bem provável que você já pensou ou está pensando em mudar de carreira por um dos motivos acima mencionados. Todavia, mudar o curso de uma carreira não é uma tarefa tão simples e fácil de empreender como parece para muitos profissionais. Essa mudança requer trabalho duro, é extremamente arriscada e não há nenhuma garantia de que você obterá sucesso. Portanto, é de fundamental importância que ao desejar fazê-la, faça-a com sabedoria, paciência e consciência, principalmente sobre os seus verdadeiros riscos.
Portanto, antes que você se aventure nessa nova caminhada, é imprescindível que faça inúmeras perguntas. Se não as fizer, você poderá pagar um altíssimo preço. Afinal, esse não é um território para amadores e pessoas românticas, mas para profissionais conscientes de seu papel no mundo:

  1. Por que você deseja mudar o rumo de sua carreira? Quais são os motivos mais relevantes? Você sabe identificá-los claramente?
  2. Que competências desenvolveu ao longo de sua atual carreira que poderão torná-lo bem-sucedido em outra área de atividade?
  3. Você dispõe de recursos financeiros suficientes para empreender a caminhada? (Não se engane. Você vai precisar deles).
  4. Você está preparado para deixar para trás o sobrenome de uma empresa que lhe dá segurança, mesmo que relativa; prestigio social e profissional, entre tantos outros benefícios – salário, bônus, carro blindado, seguro médico e odontológico, telefone celular, ações, viagens internacionais? (Na hora “H”, eles fazem falta. Quem quer que os tenha perdido sabe do que estou falando – “eu era feliz e não sabia”).
  5. Você está insatisfeito com a sua carreira ou com o trabalho que desenvolve atualmente? (É preciso distinguir uma coisa da outra, senão você poderá cometer gravíssimo erro ao confundi-los).
  6. Você tem certeza de que o que deseja fazer vai lhe tornar um profissional mais feliz e próspero? (Cuidado para não correr atrás do vento. De longe toda a grama é verde. Portanto, é melhor certificar-se antes).
  7. O que você deseja empreender é compatível com a sua formação acadêmica, treinamento e desenvolvimento gerencial, nível de competência, valores, filosofia, missão de vida e personalidade?
  8. Que tipo de estímulo e apoio você terá de sua família – esposa e filhos? (É melhor descobrir antes de colocar o pé na estrada, pois você poderá acabar a viagem sozinho. Não se iluda).
  9. Com quem você pode contar para aconselhá-lo, apoiá-lo, criticá-lo e referendá-lo, além de sua família? (Um ex-professor, consultor de carreira, colega de trabalho, superior imediato, quem?)
  10. Que tipo de notoriedade você conquistou em seu atual ambiente de trabalho que poderá ajudá-lo na nova carreira? (Torná-lo mais visível).
  11. Que profissionais você conhece que fizeram essa mudança de rumo com sucesso? Você conhece algum profissional que naufragou nessa viagem? (O número dos que naufragaram é muito maior do que o daqueles que conseguiram chegar lá. Por isso, toda cautela é ainda muito pouco).

Caro leitor, não quero que pense que desejo dissuadi-lo de seu projeto pessoal de mudança de rumo em sua carreira. Esse não é o meu objetivo. Muito pelo contrário. Eu mesmo já fiz inúmeras mudanças de rumo e em todas fui muito bem-sucedido. O que verdadeiramente desejo é que você, se vier a empreendê-la, faça-a baseada em fatos e não movido por emoções ou falsos motivos. Pois se a mudança for feita com base apenas em “achismos” e “emoções”, amanhã você sofrerá grandes revezes e prejuízos, inclusive humanos e financeiros. Mas se a sua motivação para fazer uma mudança no rumo de sua carreira for verdadeira, não espere que surja um resplendor de luz no céu ou um anjo da guarda que fale ao seu ouvido. O melhor mesmo para você é fazer a lição de casa – a elaboração de seu próprio Mapa – que começa com as perguntas anteriormente feitas.
Como costumo dizer, a carreira se edifica com sabedoria, se firma com inteligência, se fortalece com o trabalho duro e avança com determinação, foco e disciplina. Com o seu Mapa Pessoal em mãos, comece a viagem – dê um passo após o outro, dia após dia. Observe a riqueza da paisagem. Siga firme e destemido até chegar ao seu destino final. Lembre-se que “A esperança demorada enfraquece o coração, mas o desejo chegado é arvore de vida”. Boa viagem!

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