Por Clarissa Janini
Poucas coisas na vida são tão frustrantes como estar desempregado. Apesar de ser um problema social, cada pessoa que passa por essa situação sente-se culpada e pressionada não só pelos outros, mas por si própria. E, como um vírus, o desemprego acaba interferindo negativamente não só na área profissional, mas nas relações familiares, afetivas e no amor-próprio. Como define a psicóloga Laura Marques Castelhano, o desempregado sente como se estivesse infectado com uma doença contagiosa. “A analogia entre desemprego e doença contagiosa é muito comum nos relatos de profissionais desempregados. É um sentimento constantemente expresso, mas que deve ser analisado com muito cuidado”. Ela afirma que a sociedade é a principal responsável pela marginalização do desempregado, que é agravada com o descaso dos próprios empregadores. “Ainda existe um preconceito muito grande da sociedade, que ainda acha que o desempregado está assim ‘porque que quer'”.
Segundo a especialista, muitas empresas descartam candidatos assim que descobrem que estão desempregados, o que agrava a situação – por uma causa totalmente injustificável. “O candidato não é um pedinte, existe uma relação de troca”. Ela diz que, quanto mais houver desemprego, maior a tendência de se haver preconceito em relação ao desempregado, pois as pessoas temem e rejeitam aquilo que possa um dia acontecer com elas mesmas. A situação só pode ser contida, de acordo com a psicóloga, com o esclarecimento da população e debates abertos sobre a questão. “É preciso, também, denunciar empresas que marginalizam candidatos desempregados”.
Confira algumas dicas para enfrentar a situação de cabeça erguida e permanecer motivado na busca por emprego:
- A principal arma contra o desânimo é a consciência de que esse não é um problema só seu, e sim de toda a sociedade. Portanto, pare de se culpar!
- Procure conversar com pessoas que estejam vivenciando a mesma situação – essa atitude fará com que você perceba que o seu caso não é algo particular;
- Vale também procurar ajuda especializada com psicólogos ou instituições, como a ONG Amigos do Emprego (visite o site e obtenha mais informações);
- Após a autoconscientização, é preciso influenciar as pessoas ao seu redor com transparência para que o apóiem nessa fase e não o critiquem desnecessariamente;
- Busque estar em contato com pessoas que sejam exemplos de superação. Assim, você verá com os próprios olhos que é possível, sim, sair vitorioso de uma situação difícil como estar desempregado.
Impressionando o selecionador
O segundo passo para alcançar a tão esperada conquista de um trabalho é ter sucesso na entrevista de emprego – o que consiste em provar para o selecionador que você está preparado para assumir a vaga. Não deixe que o fato de estar desempregado atrapalhe seu desempenho e mine suas chances de êxito. É fato que muitas empresas optam por excluir ou menosprezar candidatos com esse perfil, mas você pode dar a volta por cima. Siga as dicas do consultor João Pedro Caiado, presidente da Human Coaching Consultant, e mostre que você tem competências de sobra para preencher a vaga:
- Falar sempre a verdade é imprescindível. Mas a dica é falar pouco sobre o fato de estar desempregado – comente rapidamente e parta para outro assunto;
- Aborde os resultados positivos que obteve no último emprego, sempre focando em suas competências e habilidades;
- Cite cursos que tenha feito no período em que esteve desempregado. Contar seus hobbies e atividades rotineiras também é válido;
- No currículo, você pode omitir a data de saída da última empresa – isso pode aumentar as chances de ser chamado para a entrevista. Na frente do selecionador, porém, seja claro e diga sempre a verdade.
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