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O rei tem uma idéia genial, que pode trazer mais dinheiro para a empresa. O problema é que a proposta não é muito prática. Entra em ação o guerreiro, que vai arregaçar as mangas e transformar a inspiração em realidade. Mas é preciso que o mago use seu poder de organização e libere a verba e que o amante ajude a harmonizar o ambiente e evite que todos os outros se digladiem. Substitua “rei” por “diretor”, “guerreiro” por “gerente”, “mago” pelo “cara do financeiro”, e “amante” por “gerente de recursos humanos” e você tem os diferentes tipos de personalidade retratados em Relacionamentos, livro dos consultores e terapeutas organizacionais Gustavo e Magdalena Boog.
Os autores retomam os pressupostos dos norte-americanos Robert Moore e Douglas Gillette, que identificaram diferentes tipos de comportamento masculino e atribuíram os nomes de rei, guerreiro, mago e amante a esses perfis. Gustavo e Magdalena foram além e perceberam que essas diferenças de personalidade podem ser encontradas tanto em homens quanto em mulheres. E mais: a convivência entre pessoas de estilos diferentes pode significar o sucesso ou a derrocada de uma empresa – ou de um relacionamento.
Embora todos tenham um pouco de cada uma das características, alguma sempre sobressai. Assim, o rei costuma ser aquele que dá o pontapé inicial, o empreendedor. É o tipo visionário, que imagina a empresa daqui a dez anos. Ele funciona como uma metralhadora de idéias. A cada dia, um novo projeto, uma nova proposta revolucionária. O difícil, para o rei, é concluir o que começou. É complicado colocar os pés no chão e pensar no “como fazer”. Ele está mais preocupado em “para que” algo deve ser feito do que com a resolução propriamente dita. Criativo, costuma lançar mão da intuição para criar novos produtos ou serviços. E adora novidades. Em sua mesa, há sempre um “brinquedinho” tecnológico novo, um convite para uma festa ou para a inauguração de um restaurante. A rotina lhe causa pânico. O que o move são os desafios. Eles quer estar no centro das atenções e se sente em casa diante de uma platéia que o ouça – e o aplauda. Convoca reuniões, a qualquer hora, para contar sobre seus novos projetos, mas ele próprio tem dificuldade de seguir a pauta. Ainda assim, é o melhor na arte do convencimento, já que normalmente é persuasivo e carismático. O problema ocorre quando exagera em suas explosões emocionais e em comentários inoportunos. Por vezes impulsivo, chega a tomar decisões das quais se arrepende, mas dificilmente admite estar errado. Para um rei, o pior dos mundos é comprometer sua imagem e ser responsabilizado por algo que não deu certo.
REI
O QUE ELE TEM DE MELHOR:
Inovação
Criatividade
Carisma
Espírito empreendedor
LADO NEGATIVO:
Impulsividade
Autoritarismo
Exibicionismo
Dificuldade de concluir o que começou
O melhor amigo do rei é o guerreiro. É ele quem toca os projetos idealizados pelo líder. Sem esse batalhador, dificilmente os planos sairiam do papel. O que importa, para esse tipo, é o “aqui e agora”. O foco dele está em alcançar metas e resultados no curto prazo. Um guerreiro tem pressa e quer tudo para ontem. Ansioso, acaba assumindo a bronca quando vê que ninguém se apresentou para a batalha. É claro que esse tipo só pode ser um workaholic. Em geral, é o primeiro a chegar e o último a sair da empresa. Sua mesa costuma ser bagunçada, cheia de papéis. Ele não tem tempo para organizá-los. Aliás, falta tempo para qualquer atividade. O dia ideal do guerreiro teria 48 horas. É por esse motivo que encara as reuniões como perda de tempo – ao contrário do rei, que costuma convocá-lo nos momentos mais inadequados. Já as reuniões comandadas por ele são rápidas, diretas, objetivas.
o guerreiro pode se prejudicar por querer abraçar o mundo. Vive dizendo que o ótimo é inimigo do bom e prefere que as coisas sejam feitas rapidamente, nem que não saiam tão perfeitas. Valoriza as pessoas com iniciativa, mas tem dificuldade para enxergar as necessidades do outro. Às vezes, age como um trator e chega a atropelar colegas e subordinados para atingir seus objetivos. Quando suas solicitações não são atendidas, pode se tornar tão intolerante a ponto de se transformar em um tirano. No entanto, é o melhor candidato para assumir riscos e coordenar mudanças na empresa.
Para colocar ordem no caos, o mago é imbatível. Organizar é seu verbo. Ele é responsável pelo fluxo de caixa em dia e também pelo andamento azeitado dos processos. O mago é o guardião das normas e regras que fazem a empresa funcionar – e cobra o cumprimento delas. Enquanto o rei quer conquistar novas posses e o guerreiro tem pressa de ir para a batalha, o mago pergunta: “Vai ter grana para isso?”. É o profissional que sempre está preocupado com o controle, com os cadastros, com os dados. Ele usa sua lente de aumento para perceber detalhes que os outros sequer imaginavam.
Para o mago, porém, é muito difícil ter uma visão mais abrangente das situações. Perfeccionista, sua mesa está sempre impecável – de preferência, com todos os papéis arquivados e devidamente etiquetados. Adora escrever e registrar. E é sempre pontual. O cumprimento de horários tem um valor inestimável para um mago. O livro Relacionamentos escancara essa preocupação com uma oração bem-humorada: “Senhor, ajude-me a começar a me importar menos com pequenos detalhes a partir de amanhã, às 11h41”. Naturalmente, a flexibilidade não é seu forte. E isso faz dele um profissional extremamente crítico com os outros e consigo próprio. Diante da mudança, o mago se revolta e se transforma em bruxo para não sair da zona de conforto. Mas não é dado a explosões. Quando contrariado, coloca-se na defensiva e dificilmente muda de opinião.
Guerreiro
O QUE ELE TEM DE MELHOR:
Iniciativa
Determinação
Eficiência
Objetividade
LADO NEGATIVO:
Impaciência
Ansiedade
Insensibilidade
Organização
Quem normalmente tem a difícil incumbência de harmonizar reis impulsivos, guerreiros impacientes e magos inflexíveis é o amante. Sua missão não é promover a suruba corporativa, mas evitar que a guerra se instale e a empresa acabe destruída por seus próprios chefes e colaboradores. Construir e manter equipes é quase um hobby para os amantes. Eles têm prazer em integrar pessoas e adoram ser necessários para resolver desentendimentos e conflitos. O melhor ouvinte entre os quatro tipos costuma ser também o ombro amigo daqueles que enfrentam problemas profissionais – e até pessoais. O foco de suas atenções está no outro. É por isso que a pior coisa que pode acontecer a um amante é ele ser responsável por uma demissão.
Falta a esse profissional a coragem para assumir posições. O amante leva em conta vários aspectos de uma situação e normalmente tem uma visão holística e mais ampla dos fatos. Mas essa qualidade acaba gerando problemas. Ponderado, costuma ficar “em cima do muro” e colocar “panos quentes” na hora dos embates mais ferrenhos. Sua postura mais prestativa transforma-o em “engolidor de sapos”. “Mas, no dia em que o amante estoura, vem toda a ‘sapoaria’ que ele engoliu durante muito tempo”, alerta o consultor Gustavo Boog, em entrevista concedida a AMANHÃ.

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