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Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh e de Nova York, nos Estados Unidos, e publicado na revista médica Psychosomatic Medicine, atestou que tirar férias pelo menos uma vez ao ano faz bem ao coração dos homens. A pesquisa só envolveu pessoas do sexo masculino porque foi iniciada nos anos 70, época em que a incidência de problemas cardíacos era maior nesse grupo.
“O objetivo era reduzir o risco de doenças cardiovasculares, alto entre homens. Isso mudou na última década. Um novo estudo agora teria de incluir também as mulheres”, disse o psicólogo Brooks Gump, um dos autores do trabalho.
Doze mil homens foram avaliados ao longo de 13 anos por meio de minuciosos questionários. Eles respondiam se haviam tirado férias (ou não) e por quanto tempo. Percebeu-se que os entrevistados que passavam anos seguidos sem descanso estavam mais sujeitos a sofrer de doenças cardíacas. “As férias são fundamentais para restaurar a saúde dos efeitos nocivos que a rotina estressante de trabalho traz”, reforçou Grump.
Gastrite e depressão
O stress costuma causar uma série de doenças. De gastrite e depressão a males que afetam o sistema cardiovascular, como aterosclerose e infarto. Dados do Instituto Nacional de Segurança e Saúde dos Estados Unidos apontam que 89% dos adultos se consideram altamente estressados.
Os homens que raríssimas vezes tiram férias se enquadram no chamado padrão comportamental tipo A, descrito pelos psiquiatras americanos Roseman e Friedman, na década de 70, como pessoas que acumulam múltiplas funções, têm impulso para competir e tendência a eleger muitas metas que, não atingidas, geram grande angústia.
“São pessoas que sempre sentem ansiedade, dormem pouco e se alimentam mal. E esse comportamento crônico aumenta o risco de infarto”, afirma a psiquiatra Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Sob forte stress, a pressão arterial tende a subir e há uma descarga de noradrenalina, substância que aumenta a viscosidade do sangue e favorece o infarto.
Tempo para reciclagem
O descanso prolongado reorganiza o corpo e a mente. “Proporciona um relaxamento mental e biológico. A pressão arterial diminui, o estômago e o intestino funcionam melhor e o coração fica menos sobrecarregado. Essas alterações são promovidas porque as pessoas dormem e se alimentam melhor e ainda há maior disponibilidade para a vida afetiva e sexual”, diz o psiquiatra paulista Maurício Knobel.
Além de tempo para praticar atividades físicas, as férias são úteis também para refletir sobre o ritmo de vida que o indivíduo leva. “É o momento de reformular, pensar como enfrentar melhor as pressões e as exigências. O ideal é desativar notebooks e celulares e tentar se desligar das atividades habituais”, diz Alexandrina.
Não existe um limite para a duração das férias. O tempo ideal é o que permite que a pessoa se desligue da rotina e se adapte a uma nova situação, atingindo bom grau de relaxamento físico e mental. Algumas semanas sem pressões, exigências e agendas corridas fazem bem até para a vida profissional. “A produtividade sempre melhora”, lembra Alexandrina.
Natália Rangel, especial para Salutia

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