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Por Patrícia Bispo
Normalmente, quando as pessoas falam sobre etiqueta logo se reportam a situações que envolvem grande formalidade e trajes elegantes. No entanto, o que poucos lembram é que a etiqueta não é um privilégio apenas da alta sociedade, já que ela também está presente em vários momentos da nossa vida, inclusive naqueles que envolvem o dia-a-dia de trabalho.
Segundo Doris Azevedo, autora do livro Etiqueta & Contra-Etiqueta (Editora Momento Atual), a etiqueta pode ser considerada como “normas de comportamento” que objetivam facilitar a vida social e profissional das pessoas. No momento em que se têm diretrizes para orientar a própria conduta, o indivíduo obtém resultados mais adequados e melhora a performance no cargo que ocupa, facilitando conseqüentemente o convívio diário com os colegas, os subordinados ou mesmo junto às chefias.
Não existe um padrão único de etiqueta que possa ser adotado por todas as organizações. Entretanto, alguns aspectos devem sempre constar na lista de conduta/comportamento dos profissionais como, por exemplo, gentileza, respeito, solidariedade, bom humor, discrição, postura ao falar, sentar, entre outros. Já a forma de vestir vai variar de acordo com o segmento do mercado, com o público-alvo, com a cultura da empresa, com o clima e os hábitos de cada região. “Não devemos esquecer que o modo como nos vestimos é a forma de prestigiarmos ou não as pessoas que convivem conosco. Digo sempre aos meus alunos: se o cargo que você exerce ou pretende exercer, requer que se vista melhor, se vista melhor. No início, poderão ocorrer brincadeiras, mas passados os primeiros dias todos começarão a vestir-se com mais cuidado. A tendência é copiar o melhor”, comenta Doris Azevedo.
Auto-avaliação necessária
Ela ressalta que “a pessoa elegante sempre será elegante, no trabalho ou fora dele”. É preciso, por outro lado, exercitar o respeito pelo próximo, seja ele cliente, colega, subordinado, chefia, família ou mesmo a sociedade. Isso, na prática, pode ser refletido em pequenas frases como: “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Boa noite!”, “Por favor, com licença!” e um “Muito obrigado!”. Além dessas dicas de educação básica, alguém elegante também se lembra da discrição e ojeriza fofocas.
Para que a pessoa saiba se está infringindo as normas de etiqueta do trabalho, é preciso que ela se avalie sem piedade e se pergunte interiormente:
1. “Que tipo de comportamento recebe restrições dos meus colegas ou da minha equipe?”;
2. “Quais os motivos alegados em minhas demissões anteriores e o quanto já foram sanados por mim?”.
Quando questionada sobre as principais falhas cometidas contra a etiqueta dentro do trabalho, Doris é bem objetiva e cita a presença do rancor, do mau humor, do desleixo, da vulgaridade, da falta de comprometimento, do atraso, do descontrole emocional, dentre outros. “Aqui, temos que ressaltar algumas posturas que são encontradas no ambiente corporativo, por incrível que pareça, e são abomináveis: unha do dedo mínimo cultivada, caneta atrás da orelha, palavrões, usar transparências e perfumes fortes, fumar em locais não permitidos, mascar goma e dar aperto de mão excessivo, que quase nos leva ao pronto-socorro”, complementa.
Mas quem imagina que tudo está perdido e as corporações tornaram-se um verdadeiro centro de falta de educação, pode respirar aliviado. Existem ações que podem reverter a agressão que normalmente é feita à etiqueta. Como a empresa tem uma imagem que é construída com a participação direta dos colaboradores junto aos clientes, a organização pode investir na reeducação dos profissionais. No momento em que a empresa verbaliza suas expectativas por meio de manuais, cursos e treinamentos direcionados fica muito mais fácil cobrar e muito mais lógico à equipe ajustar-se e se avaliar.
Por outro lado, a simples elaboração de manuais de etiquetas equivale a entregar um livro de comportamento e indicá-lo para leitura. Uns podem até ler, mas adotar no dia-a-dia dificilmente ocorrerá. Treinamentos baseados em cursos e manuais específicos, elaborados com a preocupação de se ajustar ao público, ao segmento do mercado, tem muito mais probabilidade de dar resultados. O profissional em questão tem que estar preparado para identificar outros fatores que comprometem a imagem da empresa.
As vantagens de se tornar um profissional com etiqueta são inúmeras, já que cultivar a própria imagem pode projetar a pessoa dentro da organização. “Gosto de lembrar que quando sabemos o que é mais adequado e agimos de forma diversa, estamos sendo, no máximo, excêntricos. Quando não sabemos o que é mais indicado, demonstramos ser ignorantes. É muito bom saber, até quando queremos agir de forma diversa”, conclui Doris Azevedo.

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