Carreiras | Empregos

por Renata Marucci
Você vive sem tempo para ir na reunião da escola do seu filho, para ir ao médico ou para fazer aquele curso de especialização? Então nós temos uma boa notícia: algumas empresas

já perceberam o quanto a falta de tempo interfere na vida e na produtividade de seus funcionários e adotaram programas de flexibilização do horário de trabalho.
A política é mais comum nas empresas de tecnologia. Uma das pioneiras no assunto foi a IBM. Na década de 80 já era possível ao funcionário da multinacional escolher seu horário de entrada entre 8h e 9h e sair entre 17h e 18h. “A partir de 1999, o funcionário pôde escolher seu horário de entrada de 8h até 10h e o de saída de 17h até 19h”, afirma Carmen Peres, diretora de Recursos Humanos da IBM.
A empresa também implementou o programa de semana comprimida. Nele, o funcionário pode trabalhar por mais tempo durante 4 dias da semana e tirar um de folga. Ou tirar meio período de folga em cada dia, como explica Carmem Peres. “Profissionais que moram em outra cidade muitas vezes preferem sair mais cedo na sexta-feira e chegar mais tarde na segunda-feira, ao invés de tirar um dia inteiro de folga, para evitar o trânsito”, diz.
Hoje, cerca de 20 pessoas participam da “semana comprimida”. Além disso é possível optar por trabalhar em casa durante alguns dias ou em um determinado projeto, já que mais da metade dos funcionários possuem notebook. “Há, por exemplo, uma funcionária que presta suporte em toda a América Latina e por isso viaja muito. Quando está em São Paulo prefere trabalhar em casa, pois consegue ficar mais tempo com a família e administra melhor seu trabalho”, exemplifica a diretora.
Segundo Carlos Azevedo, gerente de Relações de Pessoal da IBM, cada colaborador negocia as diversas possibilidades com o gerente da área. Os programas são estendido a todos os setores da empresa, mas existem áreas onde a participação depende de um planejamento cuidadoso, como é o caso do Call Center. “Além disso, há um setor onde isso não é possível: o de Produção”, completa Carlos.
Outra empresa multinacional que adotou o sistema de horário flexível é a Nestlé. Lá, segundo Álcio Araújo, gerente de relações trabalhistas, o funcionário pode escolher seu horário de entrada e de saída, desde que esteja na empresa entre 9h e 11h e das 14h às 16h e cumpra oito horas de trabalho. É permitido fazer duas horas de almoço, entrar mais cedo, sair mais tarde; basta negociar.
Álcio explica que a negociação também pode ser feita na hora de emendar feriados. Nesse caso, contam-se as horas de crédito ou vale o sistema de compensação do dia durante as férias.
A Microsiga, empresa brasileira de tecnologia, também adotou o sistema de horário flexível. Além de possibilitar ao funcionário entrar entre 7h e 9h e emendar os feriados de acordo com a carga de trabalho, a Microsiga tem como regra conceder um período de cofee break. São 15 minutos de manhã e 15 minutos à tarde para a pausa. “Essas regras funcionam para todo mundo. Durante a pausa, nem mesmo a telefonista trabalha. Se o telefone toca, uma mensagem atende dizendo que os funcionários estão em momento de descanso”, conta a analista de RH da Microsiga, Luciana Lima.
Embora todos considerem as vantagens de programas como esses, ainda há obstáculos para a implementação. “Precisamos contar com a responsabilidade do funcionário na hora de controlar o horário e cumprir suas tarefas”, afirma Luciana Lima. “Nosso maior problema é a baixa adesão aos programas da semana comprimida e do trabalho em casa. As pessoas têm medo de perder oportunidades por não estarem presentes na empresa. Têm medo de prejudicar a carreira. E não é assim que as coisas funcionam”, esclarece Carmen Peres. “Nós produzimos um comunicado interno incentivando a adesão ao programa. O problema é cultural e existe por nossa cultura estar totalmente baseada no relacionamento”, completa a diretora de RH da IBM.
A liberdade concedida aos funcionários depende da disciplina de cada um. O resultado até aqui tem sido positivo. “Esse tipo de mudança comportamental é uma necessidade que tem na tecnologia sua grande aliada. Então, por que não mudar?”, questiona Carmen.

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