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Por Juliana Falcão
Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, ser humano considerado frágil mas que ao longo da história tem enfrentado duras batalhas em nome da igualdade, independência e do reconhecimento profissional. Nesta matéria você vai acompanhar os principais acontecimentos que fizeram com que as mulheres pudessem gritar: “eu venci!”
O Dia das Mulheres foi celebrado pela primeira vez em 8 de março de 1908, em Nova York. Originou-se dos movimentos trabalhistas do final do século 19 e início do século 20, quando operárias das indústrias têxteis passaram a protestar contra as condições precárias de trabalho e os baixos salários.
Durante a 2º Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, também em Nova York, a dirigente socialista alemã Clara Zetkin sugeriu que esse dia fosse comemorado em todos os lugares do mundo. Isso aconteceu a partir de 1911, tendo como tema o “Sufrágio Universal Feminino”. Desde desse é que passou a ser chamado de Dia Internacional da Mulher.
Na verdade, essa luta teve início em 195 d.C., época em que, na Grécia, as mulheres ocupavam posição semelhante à dos escravos. Algumas representantes do sexo feminino, que tinha como principal função reproduzir, cozinhar e tecer para a subsistência do homem, começaram a exigir no Senado Romano o direito ao uso dos transportes públicos.
O voto e a política
As primeiras reivindicações femininas pelo direito ao voto aconteceram em 1848, nos Estados Unidos, durante a Convenção dos Direitos da Mulher. Mas esse desejo só virou realidade 72 anos depois, em 1920.
Na Inglaterra, o direito ao sufrágio foi concedido em 1928, depois de uma luta que durou cerca de seis décadas. Durante esta luta, as mulheres se dividiram em “pacifistas” e “suffragettes”, grupos que buscavam chamar a atenção danificando propriedades e bens materiais alheios.
Aqui no Brasil, os movimentos a favor do voto feminino tiveram início em 1910, quando a professora Deolinda Daltro fundou, no Rio de Janeiro, o Partido Republicano Feminino. Outras organizações foram criadas com o mesmo objetivo, como a Liga pela Emancipação da Mulher, fundada por Bertha Lutz em 1919.
Em 1928, o Estado do Rio Grande do Norte incluiu em sua constituição o direito ao sufrágio feminino. Neste mesmo ano, foi eleita, em Lajes, Alzira Soriano, a primeira prefeita da América do Sul.Em 1932, quando o presidente Getúlio Vargas promulgou o decreto de sufrágio às mulheres, cerca de dez Estados já permitiam que elas votassem.
Em 1934 as mulheres intensificaram sua participação nas questões políticas do país. A Dra. Carlota Pereira de Queiroz foi eleita a primeira Deputada Federal brasileira. Durante seu mandato, preocupou-se com a criança abandonada, com a situação da mulher, com a educação e a assistência social, reafirmando sempre a confiança do país na capacidade da mulher brasileira. Atuou até 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional.
Mercado de trabalho
De acordo com o Artigo 113, inciso I da Constituição Federal, “todos são iguais perante a lei”. Mas será que a realidade é essa mesma? Desde o século XVII, quando o movimento feminista começou a adquirir características de ação política, as mulheres vêm tentando realmente colocar em prática essa lei.
Isso começou a acontecer de fato com as I e II Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945, respectivamente), quando os homens iam para as frentes de batalha e as mulheres passavam a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho.
Mas a guerra acabou. E com ela a vida de muitos homens que lutaram pelo país. Alguns dos que sobreviveram ao conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as mulheres sentiram-se na obrigação de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos seus maridos.
No século XIX, com a consolidação do sistema capitalista, inúmeras mudanças ocorreram na produção e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas.
Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 que “sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; é proibido despedir mulher grávida pelo simples fato da gravidez”.
Mesmo com essa conquista, algumas formas de exploração perduraram durante muito tempo. Jornadas entre 14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas eram comuns. A justificativa desse ato estava centrada no fato de o homem trabalhar e sustentar a mulher. Desse modo, não havia necessidade de a mulher ganhar um salário equivalente ou superior ao do homem.
Movimento feminista
A partir de 1940 os movimentos feministas passaram a se expressar mais intensamente no mundo. Hoje, além de denunciar as desigualdades sociais, políticas e trabalhistas entre homens e mulheres, as organizações feministas passaram também a questionar as raízes dessas desigualdades.
Na maior parte das vezes, a época e as condições sócio-políticas e econômicas do país determinam o tipo de atuação dos movimentos feministas. De qualquer forma, o tema mais abordado e combatido é o da submissão. A idéia de que a mulher deve ser submissa está contida na cultura e na educação da sociedade.
Outro tema comentado sempre pelas instituições feministas é o das condições do mercado de trabalho para as mulheres. Segundo Suzana Maria Araújo Slaviero, Coordenadora da Associação das Mulheres de Negócios na região Sul do país, é fato que “nestes últimos três anos, as mulheres vêm dominando o mercado de trabalho. Elas estão despertando e tomando cada vez mais consciência de sua força e capacidade”, comenta ela, satisfeita.
Para Suzana, o que está faltando é mulher na política. “A mulher ocupou diversos espaços, mas não participa como deveria da política. Precisamos de mulheres com capacidade de liderança para motivar as outras a reivindicarem seus direitos”, incentiva a coordenadora.
Elas deixaram sua marca
Algumas mulheres, carismáticas e líderes, foram capazes de motivar várias outras a lutar por seus ideais de forma intensa e marcante. A sede de respeito e reconhecimento fez de mulheres antes consideradas pacatas, verdadeiras guerreiras e responsáveis por uma série de mobilizações que ficaram marcadas na história.
Simone de Beauvoir, por exemplo, escreveu em 1949 o livro “O Segundo Sexo”, no qual denunciava as raízes culturais da desigualdade sexual. Eram os primeiros da construção da reflexão teórica feminista.
Juliet Mitchell publicou, na mesma época, o livro “A Condição da Mulher”, no qual formulava uma teoria de fácil compreensão sobre a discriminação sexual nas diferentes classes sociais.
No Brasil, o livro “A Mulher na Sociedade de Classes”, de Heleieth Saffioti, retratou a evolução da condição feminina no país e analisou a condição da mulher no sistema capitalista.
Uma das primeiras feministas foi Christine de Pisan, escritora francesa e primeira mulher a ser indicada para ocupar a posição de poeta oficial da corte. Em “A Cidade das mulheres”, ela afirma que homens e mulheres são iguais por sua própria natureza.
Em 1919, a zoóloga Berta Maria Júlia Lutz, pioneira do feminismo no Brasil, conquistou uma vaga de secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro, época em que o funcionalismo público ainda não era aberto às mulheres. Fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino em 1922, tornando oficial o Dia das Mães, o Dia da Criança e o Dia da Paz.
Berta Lutz organizou também o Primeiro Congresso Feminista do Brasil e publicou, em 1933, o livro “A Nacionalidade da Mulher Casada”, para defender os direitos jurídicos da mulher. Em 1936, ingressou na Câmara Legislativa, quando foi eleita deputada.
Por tudo isso, recordar as principais conquistas femininas é também lembrar que, na verdade, essa busca constante por um ‘lugar ao sol” não deveria ser necessária. Já está mais do que provado que as mulheres são perfeitamente capazes de cuidar de si, de conquistar aquilo que desejam e de provocar mudanças profundas no curso da história. Exatamente como os homens!

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