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Por Cláudio Boriola*
A omissão da escola em relação a noções do comércio, economia, de impostos e de finanças tem uma conseqüência perversa: a maioria das pessoas, quando adulta, continua ignorando esses assuntos e segue sem instrução financeira e sem habilidade para manejar dinheiro. As conseqüências se tornam mais graves se levarmos em conta que ninguém, qualquer que seja a sua profissão, está livre dos problemas ligados ao mundo do dinheiro e dos impostos.
É importante tomar consciência da necessidade de alfabetização financeira, o que pode ocorrer por iniciativa própria, por orientação dos pais ou por conselhos de amigos. Infelizmente, para muitas pessoas o alerta chega em decorrência de algum desastre financeiro.
A Educação não é um assunto apenas de educadores, é um problema de toda a sociedade. No caso da alfabetização financeira, o primeiro passo é enfrentar o descaso e a rejeição. Há uma multidão de adultos, de diferentes profissões, que não se sentem confortáveis com as questões relacionadas ao dinheiro. Uma saída importante é buscar a própria educação financeira fora da escola convencional até conseguirmos “levantar da cadeira” os nossos governantes para implantar a idéia na grade curricular.
Estude com os meios de que a sociedade dispõe atualmente, as opções para uma boa instrução financeira são bastante acessíveis. Cursos, seminários, palestras, treinamentos jornais, livros, revistas especializadas e jogos educativos, tudo isso são formas alternativas ou complementares para um aprendizado. Hoje, só não se instrui quem não quer. As desculpas encontradas são uma forma de justificar o desinteresse, a apatia e a falta de disciplina. O ser humano tem dificuldade em assumir abertamente que a culpa é sua e de mais ninguém.
Faça o seu balanço patrimonial. Assim que você se disponha a estudar e comece a se familiarizar com os conceitos financeiros, o próximo passo é elaborar o seu balanço patrimonial, cujo conteúdo é praticamente o mesmo utilizado pelas empresas. Constantemente os jornais publicam as demonstrações contábeis das empresas. A primeira peça a se destacar é o balanço patrimonial que tem duas colunas: uma à esquerda mostra os ativos e outra à direita mostra os passivos e o patrimônio líquido. Se uma empresa listar tudo o que ela tem em bens e direitos e diminuir todas as dívidas e obrigações, o saldo que resta é o patrimônio líquido, a verdadeira riqueza pertencente aos acionistas. Para uma família não é diferente. No balanço patrimonial de uma família muda-se apenas o tipo de ativos e, eventualmente, o tipo das dívidas.
O ideal é fazer o mapa do balanço patrimonial ao fim de cada mês ou, no mínimo, ao fim de cada trimestre, como forma de saber se a riqueza esta aumentando ou se você esta ficando muito pobre.
Faça a sua demonstração de resultados. Você ficará mais rico ou mais pobre conforme o resultado da sua vida financeira a cada período. O ideal é elaborar uma demonstração de resultado mensalmente, para ver como andam seus ganhos, seus gastos e o saldo, que pode ser um superávit ou um déficit. Na linguagem empresarial, um lucro ou um prejuízo. A demonstração de resultado de uma família não é diferente: tudo o que você tem a fazer é lançar os seus ganhos em uma linha, listar seus gastos em outra linha e encontrar a diferença, que será uma sobra ou uma falta.
Classifique suas despesas. A tarefa de gerenciar gastos exige alguma metodologia. Seja em uma empresa, seja na vida familiar, não se pode sair cortando despesas de qualquer jeito, sem ordem nem método. Para que você possa fazer um exame criterioso das suas despesas é necessário organizá-las, e a melhor maneira de fazê-lo é adotar uma classificação em quatro categorias:
OF (Obrigatórias Fixas): Aluguel, IPTU, IPVA, condomínio, etc.
NOF (Não Obrigatórias Fixas): Empregada, plano de saúde, assinatura de jornal e revistas, TV a cabo, taxa de clube, seguro do carro.

OV (Obrigatórias Variáveis):
Alimentação, vestuário, higiene, limpeza, energia, água, telefone, escola, remédios, combustíveis, manutenção do carro.
Essa classificação é importante como ferramenta para o gerenciamento do orçamento familiar e tem uma lógica simples, mas eficiente.
Elabore o seu fluxo de caixa. Fazer um orçamento pode ser definido como o ato de estimar a renda familiar, definir metas de resultado e fixar as despesas.
Certas despesas ocorrem sempre na mesma época do ano, como o imposto predial (IPTU), o imposto sobre veículo (IPVA), a aquisição de material escolar no início do ano letivo, e outros exemplos conhecidos. Portanto, é recomendável e útil ter um orçamento para o período de janeiro a dezembro, a fim de obter uma visão do ano inteiro. Muitas pessoas ficam empolgadas com o aumento do caixa nos meses de novembro e dezembro, gastam mais do que deviam e sofrem no próximo ano inteiro.
Qualquer que seja a situação da família é importante estabelecer metas de poupança e gerenciar os gastos. O orçamento de fluxo de caixa é uma espécie de bússola que diz aonde a família quer chegar ao final de um período. A única forma de atingir a meta de poupança é por as contas na ponta do lápis e monitorar os gastos com base no fluxo de caixa planejado.
Invista em bons ativos. À medida que vai atingindo a sua meta financeira, sobretudo as metas de poupança, você deve empregar a sua inteligência financeira na administração de seus investimentos. A essa altura deve estar claro para você que a sugestão é a de construir bons ativos, capazes de produzir renda para fortalecer o seu fluxo de caixa e propiciar tranqüilidade financeira.
O que dever ser ressaltado é que você não dever correr o risco de ser bem-sucedido na gestão do seu fluxo de caixa familiar e depois utilizar a poupança acumulada para adquirir um conjunto de ativos ruins, como carros de luxo e casa na praia que só lhe darão despesas. Se fizer isso, no fundo você estará substituindo velhas despesas familiares por outro tipo de despesas derivadas dos ativos ruins.
Não esqueça que o seu sucesso financeiro depende exclusivamente de você mesmo.
Boa sorte e sucessos nas finanças.
*Cláudio Boriola é consultor financeiro, palestrante especialista em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor. Autor de Paz, Saúde e Crédito – O livro que vai mudar a sua vida.
 

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