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por Juliana Falcão

Há alguns anos, a Internet, assim como todo mercado em expansão, abrigou milhares de pessoas nas mais diversas funções e setores. Os profissionais disputavam espaço e rapidez na divulgação de informações e serviços. O tempo passou e a rede mundial entrou numa fase de busca por qualidade nos serviços, e não apenas por agilidade e promessas de ganho fácil.

Nos últimos tempos, essa necessidade intensificou-se. “De uns tempos para cá, as empresas do mundo pontocom resolveram ´limpar a casa´. Mesmo assim, ainda há carência de pessoas boas no mercado. A internet está passando por um ritmo mais lento de serviço. O que era realizado em dois ou três dias, agora demora dois ou três meses. Isso teoricamente deveria trazer mais qualidade, mas na prática isso ainda não acontece”, explica Bob Wolhein, CEO da incubadora Ideia.com.

Bob acredita que mesmo antes desse novo cenário, o número de pessoas que ganhavam rios de dinheiro na web não era grande. “É preciso desmistificar essa idéia de que muita gente ficou milionária na internet. Isso está longe de ser verdade. Creio que é possível ganhar dinheiro na web como se ganha com restaurante ou com um lava-rápido, mas ficar milionário não é tão fácil”, diz ele.
Com o fim do excesso de mão-de-obra, a rede mundial continua em pleno crescimento, mas só cresce junto com ela quem souber vender, administrar negócios e ser capaz de topar qualquer desafio. Esse é o perfil de quem deseja ganhar dinheiro trabalhando ou montando seu próprio negócio na rede mundial.
Mercados novos são mais promissores
É possível apontar alguns negócios virtuais que se apresentam hoje como uma boa opção para quem pretende trabalhar com Internet. É o caso do e-learning ( educação à distância) e wireless (entretenimento e serviços via wap). Apesar das previsões otimistas em relação a esses serviços, o sucesso real vai depender da competência de quem estiver por trás desses empreendimentos. “Como as empresas online têm estrutura idêntica à das empresas tradicionais, profissionais especializados em marketing, finanças, administração e tecnologia são os que mais têm chances de crescer junto com o mercado”, comenta Pedro Melo, sócio-diretor da incubadora Nexxy Capital .
Pedro Melo indica outro segmento no qual você pode apostar – seja como funcionário ou como patrão. “O setor de infra-estrutura tecnológica baseada em web para médias e pequenas empresas, que inclui serviços como soluções de atendimento online – comércio eletrônico, automação de processos e wokflow – também são mercados promissores”, comenta.
Setores especializados também podem ser rentáveis, desde que suas estruturas sejam proporcionais aos seus serviços. “Não adianta você querer montar uma empresa de grande porte na internet para atuar na área de público pequeno. Além disso, um negócio dirigido é até mais viável do que um abrangente, pelo fato de seu público ser menor e mais fácil de satisfazer”, explica Bob.
Para quem deseja investir num negócio próprio, um bom caminho é submeter o projeto à avaliação das incubadoras, empresas que estudam as idéias e aprovam (ou desaprovam) sua realização, muitas vezes participando da implementação do projeto. Bob Wilhein, da Ideia.com, e Pedro Melo, da Nexxy, revelam o que é necessário:

  • O projeto precisa ser razoavelmente novo
  • O empreendimento deve ser avaliado como uma empresa e não somente como um site. Para as incubadoras, as empresas são estruturadas no presente, mas com visão estratégica de futuro, o que ajuda a manter seu crescimento e qualidade no futuro
  • Os empreendedores, além das especializações citadas acima, necessitam de uma boa dose de garra, comprometimento e princípios morais. E o mais importante: saber vender.

Investimentos e publicidade na web são imprescindíveis
Não existe valor mínimo para investir na web, assim como também não há um número mínimo de pessoas para comandar projetos nesse setor. É possível apenas estabelecer uma média para isso. Por exemplo:

  • E-learning – é possível criar uma boa empresa com mais ou menos R$ 50.000,00. Ela pode começar com uma pessoa. Se ela tiver bastante conhecimento numa determinada área e nome no mercado, ela pode se encarregar de ministrar os cursos.
  • Wireless – exige muito mais. Quem deseja montar um serviço de qualidade não o faz por menos de R$ 200.000,00. Nesse mercado, o número de pessoas e de equipamentos varia de acordo com o tamanho e a qualidade do serviço.

Nunca se esqueça de promover a publicidade do seu serviço. Basta lembrar da frase “Não existem grandes empresas sem grandes marcas”. Portanto, não adianta criar uma ferramenta boa no mercado se ninguém a conhece. Comece pelos seus amigos mais próximos. A propaganda boca-a-boca também dá resultado no mundo web. Apesar de mais cara e mais garantida, a publicidade tradicional também é necessária. “A internet ainda não consegue transmitir a mesma emoção do mundo físico, o que obriga o empreendedor a divulgar o seu site também off line”, explica Bob.
Outras formas de ganhar dinheiro no mundo virtual:

  • Venda de produtos e serviços
    Conhecido como e-commerce, esse é um mercado promissor, apesar de o número de consumidores virtuais ainda ser baixo. Os produtos mais comercializadas na internet atualmente são cds e livros. “Só gerará receita nesse mercado o site que vender produtos que as pessoas não precisam provar ou experimentar, como roupas e sapatos. Esses produtos são procurados na web somente quando as empresas possuem uma marca forte e conhecida”, comenta Raul Hara, gerente de produtos da iBoucinhas.
  • Terceirização de produtos e serviços
    Ainda pouco explorada , a terceirização consiste em fornecer estrutura tecnológica ou até o serviço todo de construção do site para alguém que tem ou quer ter um site. Um exemplo desse serviço é o Secretária Moderna, que utiliza a estrutura e o know how de um outro site, o Reserve, especializado em reservas de passagens aéreas, de hotéis e aluguel de carros. “Enquanto um divulga o trabalho do outro, a parte financeira é obtida por meio de page views, ou seja, cada usuário que utiliza o serviço gera é um percentual previamente estabelecido pelos sites”, explica Dalton Barbosa Quadros, diretor de tecnologia e parcerias do site Secretária Moderna.

Palavra de quem sabe
Gustavo Erlichman, diretor do site Pletz
No ar desde setembro de 1998, o site foi criado para reunir os cerca de 160 mil judeus residentes no Brasil. Hoje, o site é acessado também em Portugal e, há um ano, entrou no azul graças às parcerias com sites reconhecidos pelo público e divulgação de banners de profissionais liberais. O site abrange artigos, notícias e debates sobre os conflitos no Oriente Médio. Segundo Gustavo, apesar de ser um site especializado, o público que participa dos debates é bastante diversificado. Para montar um site especializado e obter retorno financeiro, Gustavo dá as dicas:

  • Tenha um objetivo definido
  • Defina um público específico para criar um conteúdo bom que possa suprir todas as suas necessidades
  • Monte um planejamento estruturado. “Não se ganha dinheiro apenas fazendo sites. É necessário estruturar todo os negócio com os pés no chão para que o projeto dê bons resultados.

Estevão Tavares Aragão, diretor do site OrlandoVIP
Formado em Administração de Empresas, Estevão, 24 anos, tinha uma idéia na cabeça e R$ 2.000,00 no bolso. Com isso, montou seu primeiro site em outubro de 1999, o WestGate Resorts. “Com sede em Orlando, esse hotel me convidou para representá-los no Brasil. Minha família já havia usufruído dos seus serviços e resolvi ingressar nesse mercado porque acreditava na aceitação do produto que eu tinha para oferecer. Então criei um site de agendamento de hospedagem cinco estrelas em Orlando por um preço muito baixo”, conta ele.
A publicidade do serviço no Brasil se deu por meio de índices de busca, boletim mensal, divulgação junto às agências de viagens e parcerias com outros sites. Conforme o dinheiro do site entrava, Estevão reinvestiu e criou no início desse ano a sua própria marca, a Orlando VIP, um site que oferece informações e reservas no WestGate Resorts, em Orlando, para famílias que planejam viagens para a Disney World. “Com o retorno financeiro do site, eu pago a equipe e reservo uma parte para investimentos”, conta ele. A equipe do site é composta de cinco pessoas, sendo que cada uma é responsável por uma determinada área: coordenação, atendimento, assessoria de imprensa, desenvolvimento e conteúdo. “Quem deseja ingressar nesse mercado, antes de lançar qualquer idéia, deve procurar pessoas de confiança, com o mesmo ritmo e coragem para levar o projeto adiante”, diz ele.
Independente do público e do tamanho do site ou do serviço na área de Internet, é imprescindível ler muito sobre o mercado, conhecer a empresa antes de fechar negócio (no caso de você ser funcionário), conversar com pessoas experientes e ficar preparado para mudanças. “O mundo das grandes corporações e da longa permanência num mesmo mercado não existe mais. O número de demissões que vem ocorrendo no mercado virtual e o fechamento de diversos sites comprovam essas mudanças. É daí que vem a necessidade de ficar bem informado sobre o mercado e sobre o business da empresa”, diz Bob Wolhein. “A flexibilidade do empreendedor é outro fator que mostrará se ele está apto ou não para sobreviver à tudo isso. Hoje os empreendedores precisam agregar conhecimentos e dominar a linguagem web. Isso só se adquire com cursos de reciclagem e leitura constante”, complementa Raul Hara.

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