por Juliana Falcão
Todos nós, consciente ou inconscientemente, já fizemos algum tipo de consultoria. Ajudar um amigo a resolver um problema pessoal, explicar para a vizinha a melhor forma de fazer a lasanha do domingo… são
maneiras de orientar e aconselhar.
Há quem tenha transformado essa atividade em profissão. Hoje, existem centenas de tipos de consultoria profissional. “Consultoria existe desde que o mundo é mundo. Enquanto houver relações sociais, haverá também a necessidade de dar e receber aconselhamento”, comenta Otávio Maia, sócio da auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers.
Não importa a área de formação da pessoa ou o segmento que ela deseja atuar. O que caracteriza a consultoria é o trabalho profissional de aconselhamento. Cada consultoria exerce um determinado tipo de atividade. Independente da forma, todos os consultores possuem a mesma função: ajudar o profissional ou administrador a gerenciar negócios e a tomar decisões, de forma a melhorar sua vida, sua carreira ou a produtividade de sua empresa. “A dica é do consultor, mas a decisão final é sempre do cliente”, diz Conceição Martino, diretora de projeto da Pró Recursos Humanos.
Geralmente, esse profissional trabalha com pessoas jurídicas. Ele também presta serviços para pessoas físicas, quando desejam montar algum tipo de negócio ou orientação pessoal – como se vestir, como receber visitas, como preparar um currículo, etc. “A PricewaterhouseCopers, por exemplo, cuida do imposto de renda de estrangeiros que estão aqui no país. Orientamos sobre como tratar e declarar determinadas rendas”, explica Maia.
Ainda não existe um sindicato para representar os consultores. Isso se deve ao número elevado de profissionais de diferentes áreas – graduados ou recém-formados, com pouca ou muita experiência – exercendo a função de consultor. Não há cursos de graduação ou de pós que formem um profissional desse tipo. A prática e a experiência ainda são as escolas na área de consultoria.
Perfil profissional
Até mais ou menos cinco anos, o consultor precisava ser um generalista – conhecer de tudo um pouco. Com o crescimento do número de consultorias, atualmente a melhor opção é se especializar cada vez mais num determinado assunto – sem perder, claro, a visão geral das coisas. “Hoje em dia, por exemplo, não se procura mais um profissional especializado em implantação de qualquer sistema. Se procura aquele profissional com ótimos conhecimentos do sistema ‘A’ ou ‘B'”, conta Otávio.
Para exercer a função de consultor, é preciso que a pessoa tenha uma boa formação acadêmica, especialização profunda num determinado assunto, bons conhecimentos de informática, fluência em inglês e, se possível, em espanhol. “Há também os requisitos comportamentais, que envolvem comunicação, flexibilidade, organização, multifuncionalidade, pró-atividade, qualidade no trabalho e coerência de idéias”, acrescenta Conceição.
Um item importantíssimo na carreira de um consultor é a constante atualização. “Temos que procurar jornais e revistas especializadas para ficarmos bem informados sobre a nossa área de atualização. Não temos livros didáticos, por isso a leitura constante e a participação em cursos são nossas únicas fontes de pesquisa”, explica Otávio.
A função de consultor não é mais exercida apenas por um profissional com anos de experiência. Muitos estagiários e recém-formados já vêm dando os primeiros passos na profissão. Mas, de qualquer forma, é preciso que já se acostumem a trabalhar sem vínculo empregatício, porque muitas vezes os consultores são convocados para atuar em projetos, que têm prazo determinado para acabar.
Para exercer seu trabalho, o consultor analisa os planos do cliente, identifica pontos de melhoria, cria um projeto e revisa-o junto com o contratante dos serviços. “Em alguns casos, os consultores identificam os problemas e solicitam o serviço de outros consultores para solucioná-los”, explica Maia.
Mercado de trabalho
O consultor pode trabalhar dentro de uma empresa ou de forma autônoma. Para Otávio Maia, sócio da auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers, quem trabalha como autônomo enfrenta um número maior de dificuldades. “Esse profissional tem menos chances de estar em contato direto com o que existe de mais recente no seu segmento de atuação, e de trocar experiências de forma constante. Aqui na Price isso não acontece. São cerca de 16 mil auditores e consultores trabalhando juntos. Assim, se eu não sei resolver um assunto, sempre tenho alguém para consultar, devido à bagagem de experiências que colhemos juntos”, explica Maia.
O salário varia muito. Para Otávio Maia, um estagiário em início de carreira ganha em média R$ 1.000. Segundo Conceição, “o mercado estipula a base salarial de acordo com a necessidade de determinadas áreas da consultoria”. Por outro lado, quem trabalha em projetos específicos pode ganhar algo além do salário mensal, e quem trabalha por conta tem uma renda instável.
Conceição Martino, diretora de projeto da Pró Recursos Humanos, afirma que as áreas de Tecnologia e Finanças são as mais aquecidas atualmente e que uma das profissões que oferece grande número de opções de consultoria é a de Engenharia. “Esse profissional pode prestar consultoria para as áreas de engenharia, informática, comercial e até financeira”, conta ela.
Os especialistas apostam no futuro promissor da atividade de consultoria. “A tecnologia de ponta participará intensamente da vida do consultor. Desse modo, permanecerá no mercado aquele que se preocupar com a reciclagem profissional e com a constante atualização de sua formação”, finaliza Conceição.
Conselheiro profissional
Todos nós, consciente ou inconscientemente, já fizemos algum tipo de consultoria.
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