Carreiras | Empregos

por Juliana Ricci
A estrela e atração principal da Career Fair 2004, realizada em São Paulo em 27 e 28 de maio, foi Richard D’ Aveni, professor do MBA da Tuck School of Business Administration de Hanover, New Hampshire, nos EUA. Especialista em política e estratégia de negócios, D’ Aveni trouxe ao público brasileiro lições sobre hipercompetitividade, característica própria dos mercados atuais.
O palestrante disse que a hipercompetição torna insustentável a vantagem competitiva das organizações. Antigamente, era possível ser o primeiro do mercado durante muito tempo e a ação da concorrência, bem como a reação do líder, se davam de forma lenta. Hoje o contra-ataque é rápido e manter a vantagem de mercado é praticamente impossível.
Com isso, as antigas estratégias de reforçar os próprios pontos fortes e atingir só os pontos fracos do adversário caíram por terra. Segundo D’Aveni, “quando vários produtos e fatores estão envolvidos, é preciso variar as jogadas. Então, as organizações devem pensar em reforçar seus pontos fracos para mudar as ações e surpreender o concorrente. Além disso, é preciso atacar também o ponto forte dele”.
Segundo o professor, preparar-se para a hipercompetição requer:

  • Cristalizar sua intuição sobre a dinâmica do mercado e sobre como o pensamento estratégico tradicional falha em mercados altamente dinâmicos
  • Entender a nova disposição mental estratégica necessária para vencer em um mundo altamente desorganizador
  • Examinar como a hipercompetição resultante afetará sua organização e sua carreira

A hipercompetição começou a ser vivida e considerada como tal quando os países asiáticos entraram no mercado mundial – e com eles trouxeram rivalidade para os Estados Unidos, mudanças nas indústrias, nos empregos e na tecnologia. Os reflexos, sentidos também na Europa e no México, forçaram as empresas a agir de forma mais agressiva e as regras de mercado transformaram-se radicalmente.
“A hipercompetição é o ambiente onde as vantagens duram pouco mas isso é positivo porque os investimentos passam a ser direcionados para as futuras capacidades, para a inovação, e não mais para a exploração insistente das capacidades e dos produtos que já existem”, afirmou D’Aveni.
Com essa afirmação, o palestrante ressaltou a importância da inovação constante em mercados hipercompetitivos. A regra do “deixe para trás o que você fazia bem para dar lugar a uma coisa nova” é essencial para ganhar a dianteira da corrida pela liderança de mercado. E depois de ultrapassada a novidade do produto, a concorrência se volta para o preço, por isso, quem conseguir baixar custos antes de baixar preço, conseguirá ganhar mais dinheiro do que aqueles que simplesmente reduzirem seus preços.
Exemplo de empresa voltada para a inovação, segundo D’Aveni, é a Intel, gigante do setor de Tecnologia. Lá, em visita à unidade norte-americana, ele presenciou 3 mil funcionários trabalhando nos produtos atuais, enquanto 1,5 mil dedicavam-se aos da próxima geração, 1mil aos da geração seguinte e outros 500 profissionais trabalhavam exclusivamente naqueles que serão os produtos da terceira geração após a atual.
“Você é alguém que encabeça as mudanças ou está correndo para alcançá-las? Esse é o fator crítico de sucesso para o futuro”, alertou o especialista, que também lembrou que empresas como a Intel modificam a forma de enxergar as carreiras dos profissionais. Isso porque como procuram antecipar o futuro, acabam por preparar seus colaboradores para isso, retreinando-os constantemente para os próximos cenários e produtos. “Significa estabelecer um timing para as mudanças em vez de ter que se adaptar ao timing dos concorrentes, significa ser hipercompetitivo”, ensinou D’Aveni.
Smart Bomb the Competition
Para o palestrante, viver no mundo da hipercompetição requer um novo estado de espírito. As estratégias de negócios e carreiras no mundo “estável” eram planejadas, lineares e havia tempo para reunir recursos. Agora, é preciso aplicar o “Smart Bomb the Competition” ou “Bombardeio Inteligente ao concorrente”.
“Trata-se de energizar a equipe para que ela jogue na ofensiva, vencer o concorrente em vez de ter que vencer conflitos. É identificar a cadeia de valor agregado do concorrente para descobrir seu ponto forte e quebrar a cadeia principalmente nos fracos. Se você não fizer isso, alguém fará com você”, alertou D’Aveni.
Para alcançar esses objetivos, nesse novo cenário, são necessários 3 requisitos:
Prontidão

  • Disposição para a mudança
  • Abordagem “Posso fazer”
  • Velocidade e flexibilidade
  • Compromisso com a vitória

Resiliência

  • Assumir a propriedade de problemas
  • Habilidades de solução de problemas
  • Pensamento sistêmico
  • Senso de urgência sobre ação
  • Evitar recriminações e bodes expiatórios

Versatilidade

  • Criatividade & Inovação
  • Espírito que assume riscos
  • Processos mentais de quebra de paradigmas
  • Colaboração sem pensamento grupal

Quanto à carreira profissional, você já deve ter percebido que é um item diretamente afetado pela hipercompetição. Richard D’Aveni também deixou lições para direcionarmos nossas carreiras:
Você certamente se tornará obsoleto, por isso:
— Monte uma carteira de habilidade
— Generalistas serão preferidos
— Cultive a aprendizagem por toda a vida
— Mantenha-se atualizado com relação à Tecnologia
Você certamente precisará se adaptar e mudar, por isso:
— Novas habilidades pessoais são necessárias
— Flexibilidade
— Criatividade
— Controle de estresse
— Antecipe e orquestre a mudança
— Evite a complacência
— Dimensione pró-ativamente a iniciativa
— Energize e envolva sua Organização
Segundo D’Aveni, a essência da hipercompetitividade é: nada é sustentável. No mundo de competição acirrada, a única defesa é um bom ataque. Pense nisso quando olhar para a realidade de sua empresa e de sua carreira!

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