Obrigado
Luciana Romeiro
Taboão da Serra/SP
Resposta
Olá Luciana,
Seu depoimento aparentemente está voltado à vida profissional, mas parece-me mais abrangente do que isto.
Vamos iniciar pelo “item carreira” e fazer alguns paralelos. Coloque-se um instante no papel de empresária, empreendedora, e reflita quais características você gostaria de encontrar em seus colaboradores:
1. Espontaneidade e sinceridade “doa a quem doer”.
2. Saber o que, como, onde e a quem falar.
3. “Topa tudo” sem questionar.
4. “Topa tudo” procurando saber motivos e necessidades.
5. Humor oscilante – nunca se sabe quando o profissional está de bem com a vida e o grupo.
6. Humor constante, em alta.
7. Iniciativa do tipo “trator” (“sai da frente que passo por cima”)
8. Iniciativa do tipo colaborativa e participativa (“estou indo… quem me acompanha?”)
9. Fazer somente o que gosta.
10. Fazer o que gosta e encontrar motivos para fazer o que não aprecia.
Propositalmente elaborei os itens ímpares com características “radicais”, e os pares com as formas mais equilibradas. Já definiu com quais colaboradores você gostaria de trabalhar?
Alie a esta, outras perguntas: com quais deles sua empresa será mais produtiva? Mais harmônica e integrada? Mais automotivada? Capaz de cultivar relacionamentos interpessoais equilibrados? Como empresária, creio que suas respostas penderão para os itens pares.
Afinal de contas, o que as empresas querem? Equilíbrio, equilíbrio e equilíbrio. De nada adianta ser flexível (saber sair do lugar, considerar aspectos novos) sem ser adaptável (continuar produtivo e integrado na nova posição). De nada adianta ser extremamente sincero quando isto pode minar relacionamentos (espera-se que o profissional saiba hora, lugar, como e a quem falar). O profissional de destaque será aquele que encontrar motivos para realizar tarefas desagradáveis (pois aquele que reclama aparece em todas as organizações).
Algumas empresas incentivam a iniciativa “trator” por acreditarem que gera maior competição e, conseqüentemente, maior ganho. O que ainda não observaram é que esta competição pende apenas para um lado, ou seja, a empresa perde a harmonia interior, não consegue desenvolver o sentimento de equipe e cria concorrentes internos que, na maior parte das vezes, são irremediavelmente inimigos.
Agora vamos às considerações pessoais. Pode existir diferença entre a imagem que temos de nós mesmos e que os outros têm. Esta distorção tanto pode acontecer de um lado quanto do outro. Explico: eu me imagino meiga e carinhosa e tenho certeza que transmito isto. Meus colegas de trabalho (homens e mulheres) se afastam de mim porque pareço estar sempre seduzindo (sensualmente ou não). Então posso pensar:
– Problema deles. Gosto de ser assim e pronto!
É um direito meu. Sou quem quero ser, a hora que bem entender. E devo lembrar-me que toda escolha tem um ônus.
Então, como ter certeza de que minha auto-imagem é a mesma que os outros têm de mim? Uma boa metodologia é observar as quantidades. Isso mesmo. Quantas pessoas do seu círculo de amizades vêm você da mesma maneira? Qual imagem é esta? Se bater com a sua, tudo encaixado. E se não for? É por onde a distorção anda.
Vale a pena refletir SE e/ou COMO você se encaixa nisto, porque a história está se repetindo: não aprovação em dinâmicas de grupo, empregos “perdidos”, e só você sabe mais o quê.
O dia-a-dia nos mostra – se permitirmos isso – que podemos ser quem somos, equilibradamente. Escolher momentos, locais, modos, pessoas, conteúdos para expressar, demonstrar, afirmar, comentar o que quer que seja, é uma atitude que demonstra equilíbrio, flexibilidade, adaptabilidade, autoconhecimento, respeito ao outro, maturidade.
Quando as coisas se repetem na minha vida vejo que deixei de aprender alguma coisa, lá atrás. Então me recordo de um texto maravilhoso que faz parte das obras completas de Sigmund Freud: “Recordar, Repetir e Elaborar”. Basicamente ele fala que é possível aprender com atitudes e comportamentos passados para evitarmos dissabores futuros ou mesmo potencializar atos presentes, e que se os dissabores continuam se repetindo, é porque o aprendizado não se efetivou.
Tenho certeza de que você sabe qual o melhor caminho a seguir. Qualquer que seja sua escolha, potencialize-se! Você tem tudo para ser feliz.
Sucesso e paz profunda a você !
Dra. Izabel Failde
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