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Sou estudante de Administração com ênfase em Comércio Exterior e em todas as dinâmicas que participei até hoje tive inibição para falar, principalmente quando o entrevistador pedia para que eu me levantasse (meu coração parecia que ia sair pela boca), sendo que normalmente não sou assim, sou desinibida. Qual a dica que você me daria para disfarçar esta inibição, fazendo com que o entrevistador não perceba? Sei que já perdi alguns empregos por esse motivo.
Flávia Ribeiro Rocha
Resposta

Cara Flávia,
Agradeço sua dúvida. É muitíssimo importante falarmos sobre “timidez” nos dias de hoje.
O que ocorre com você é comum – “inibição para falar principalmente quando o entrevistador pedia para que eu me levantasse (meu coração, parecia que ia sair pela boca), sendo que normalmente não sou assim, sou desinibida”.
Muitos são os fatores que podem causar inibição: situações de avaliação, medo do ridículo, receio de parecer “menos” ou “mais”, insegurança, baixos auto-conceito e auto-estima, competição.
Se você, cotidianamente, não é tímida, o que acontece nas Dinâmicas de Grupo? Vamos avaliar como é esta situação em si:

  • vários profissionais juntos competindo por uma oportunidade de trabalho
  • cada um precisando / querendo mostrar o melhor de si pessoal e profissionalmente
  • um profissional (ou vários) observando atentamente os movimentos dos participantes, como se fosse um “raio-x” a desnudar cada um
Não é assustador? Para mim parece. E isto é o básico.
O ser humano não é tímido sem motivos; sempre há uma causa. Nos processos seletivos, entretanto, não há lugar para timidez. Você mesma acredita que perdeu algumas oportunidades de trabalho devido a este “entrave”…
É importante, então, procurar descobrir e compreender o(s) motivo(s) da timidez, mesmo que momentânea. No seu caso, parece que a timidez aparece mais na hora de falar de si própria. Então proponho algumas reflexões:
  • Que imagem tenho de mim mesma? O que mais aprecio?
  • O que tenho / sou que me incomoda?
  • Quais sentimentos / emoções / sensações aparecem quando alguém pede que me apresente em uma Dinâmica de Grupo? (Medo, raiva, incômodo, insegurança, instabilidade, pressão, vergonha, suor frio, joelhos travam, boca seca, etc.)
  • Que imagem quero transmitir que seja coerente com o que penso de mim mesma, ou seja, verdadeira?
Com estas respostas é possível começar a entender o que ocorre aí dentro. Este é um passo fundamental para que você inicie a compreensão de sua timidez – momentânea ou não. E por que é importante saber tudo isso? Porque só é possível modificar o que existe e está consciente e esclarecido para você. O que não existe – ou está inconsciente – não é possível ser mudado, transformado.
Agora uma dica prática: TREINE. Isso mesmo, treine sua apresentação. Se você tivesse apenas UM MINUTO para fazer seu melhor “marketing”, o que diria? O que você pode falar ou demonstrar sobre si mesma que convença o selecionador das suas ótimas qualificações? Escreva – mas não decore – várias possibilidades. Por exemplo: faça uma apresentação considerando apenas seus aspectos pessoais, outra somente sobre os profissionais, e uma última mesclando ambos. Desta forma você vai estar preparada para qualquer enfoque de apresentação que a empresa solicite.
Depois disso treine olhando-se no espelho. Fale, também, a amigos ou familiares, pessoas em quem você pode confiar. Sinta orgulho de você mesma. Pense que você tem feito o melhor, o máximo possível, a cada momento. Com este pensamento pode vir à sua mente alguma situação em que você poderia ter dado mais de si. Então reflita: você deu o que pôde, naquele momento! Foi o máximo possível a ser feito. Se você estava com raiva, desmotivada, como dar mais de si? Se você estava doente fisicamente, gripada, cansada, como fazer melhor? Respeite seus limites hoje para poder ultrapassá-los amanhã.
Depois de ler isso tudo você pode pensar que nos processos seletivos os extrovertidos levam vantagem, mas também é possível que não. Os tímidos podem pecar por não falar ou falar pouco. Sem se mostrar, como o selecionador vai saber quem é o candidato? Os extrovertidos, por sua vez, podem pecar pelo excesso. Podem falar demais e sobre si mesmo, o que faz com que o selecionador duvide que este profissional saiba ouvir os outros, e pensar que ele é egocêntrico.
Portanto, Flávia, juntando tudo, quero enfatizar a importância do auto-conhecimento em qualquer fase da vida, principalmente nesta onde sua trajetória vai ser descoberta e avaliada. Saiba quem você é, do que é capaz. Segurança, treino, orgulho – positivo – de si mesma são fatores essenciais para o equilíbrio entre introversão e extroversão. E este é um dos aspectos que as empresas mais buscam nos profissionais.
Sucesso e paz profunda a você.
Dra. Izabel Failde
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