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SERGIO GOMES – Partner Consulting da Havik
No início do século passado, o executivo possuía várias características de um imigrante, um aventureiro que deixava tudo para trás e vinha com uma mão na frente e outra atrás para construir impérios. As principais características deste executivo eram o autoritarismo e a orientação para o trabalho, que predominaram até os anos 70.
Dos anos 70 aos 90 houve uma mudança no perfil gerencial, em que as comunicações começaram a aumentar e a se tornar mais importantes. Nesta época, as idéias e sugestões dos funcionários eram bem vindas. Os trabalhos passaram a ter um foco em equipes. Portanto, as máquinas deixaram de ser essenciais e as pessoas começaram a se destacar.
Atualmente, vivemos na era da inteligência emocional. Temos que desenvolver o nosso relacionamento, conosco e com os outros. Hoje a grande maioria das pessoas busca a felicidade. Esta felicidade, além de ser importante na vida pessoal, também passou a ser importante no ambiente profissional, pois ela gera produtividade e lucros.
Os líderes que atualmente se destacam tem a capacidade de mover equipes em busca de um objetivo em comum: como inspirar pessoas a buscarem objetivos e metas? Como inspirar equipes em busca de um grande sonho em comum? Por que pessoas se fidelizam com alguns produtos/serviços?
O escritor Simon Sinek tem um modelo simples e poderoso para uma liderança inspiradora. Para ele, as pessoas se convencem de algo pelo “por que”, e não pelo “o que” ou pelo “como”. Segundo Sinek, a grande maioria das empresas busca atingir seus clientes/objetivos falando sobre “o que” seus produtos/serviços podem oferecer ao mercado, ou seja, quais são suas principais características funcionais. Além disso, tem como prática também abordarem o “como” estes produtos/serviços serão oferecidos aos clientes.
Esta estratégia é interessante, porém muito comum à grande maioria dos negócios. Por conta disso, dificilmente uma empresa irá se diferenciar desta maneira.
Assim como empresas ou negócios, líderes com equipes pequenas ou grandes também utilizam o “o que” e o “como” para fazer com que seus liderados atinjam metas e objetivos.
Estes gestores pensam simplesmente no objetivo/ meta e procuram transmitir de forma clara o que e como esta equipe deve fazer. Mas eles se esquecem do principal: por que esta meta deve ser cumprida, ou melhor, qual a razão da equipe ter determinada meta/objetivo. Pois, como foi dito acima, hoje em dia as pessoas buscam felicidade e não apenas um emprego. Quando sabemos a razão ou o porquê de estarmos buscando uma meta/objetivo, isto normalmente gerará felicidade e conseqüentemente maior envolvimento das pessoas em busca deste sonho em comum.
Estamos falando do “por que”, ou, em outras palavras, da razão do negócio, área ou empresa existirem. Isto também vale para quando estamos vendendo uma idéia, produto ou serviço.
Alguns exemplos incluem a Apple, Martin Luther King e os irmãos Wright, que se utilizaram da estratégia de liderar “de dentro para fora”.
Como vivemos em um mundo dependente da urgência, pensamos, agimos e nos comunicamos de fora para dentro, ou seja, partimos da coisa mais clara e superficial para a mais profunda. As pessoas podem entender enormes quantidades de informações complicadas, como características, benefícios, fatos e números, mas isso não influencia o comportamento. Líderes e organizações inspiradoras pensam, agem e comunicam de dentro para fora.
 
Outro grande exemplo, que particularmente gosto muito, é o de Blake Mycoskie, que fez uma viagem exótica para um daqueles destinos de férias dos sonhos, onde poderia viver experiências únicas. Lá ele acabou descobrindo que a maioria das crianças pobres nunca havia calçado um sapato na vida.
Não só isso, mas descobriu também que, por esse fato, milhões de crianças no mundo, nas mesmas condições, apanham inúmeras doenças, como infecções, doenças de pele, chegando a amputações de membros e muitas vezes até a morte.
Blake passou por esta experiência e teve uma idéia. Quando voltou ao seu país, criou um projeto inovador, com uma visão de empreendedorismo social para ajudar a combater a realidade que presenciou. Transformou esse desafio num modelo de negócio rentável. O projeto foi batizado de TOMS SHOES, uma linha de sapatos com um conceito muito simples – o ONE FOR ONE. Para cada par de sapatos vendidos, um novo par é doado às crianças que andam descalças. A marca reforça tremendamente sua notoriedade, contribuindo para que o seu negócio cresça proporcionalmente.
Certo dia, Blake foi embarcar em um aeroporto pelo mundo e ficou chocado ao ver uma garota na fila do check in utilizando um par de seus sapatos “TOMS”. Não se conteve e abordou a garota com uma pergunta: “Este sapato é bom?”. Automaticamente a menina começou a defender o produto como ele jamais imaginou, pois não sabia que estava falando com o CEO da TOMS SHOES. Ela contou a ele toda a história de como a empresa tinha surgido e principalmente o motivo pelo qual estava usando o sapato. Em momento algum no discurso foi defendido o “o que” (as características do sapato) e tampouco “como” os sapatos eram distribuídos e comprados.
Portanto, grandes líderes conseguem influenciar pessoas em busca de grandes objetivos pelo “Por quê”.
SERGIO GOMES – Formado em Administração pela ESPM, MBA em Administração pela FGV e certificação internacional em Coaching pelo College of Executive Coaching e pelo ICI – Integrated Coaching Institute. Professor de coaching nos cursos de pós-graduação da FIA-USP. Atuou como executivo de áreas financeiras e de negócios em multinacionais como Merck Sharp & Dohme e Philips.Como consultor em desenvolvimento humano, trabalhou durante os últimos oito anos na Crescimentum e na Doers. ”

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