Carreiras | Empregos

por Marcelão POP*

Dizem que a evolução da informática vai trazer um computador “inteligente”. Mais próximo da capacidade do cérebro humano. (A mídia tem noticiado pesquisas nesse sentido feitas por instituições famosas, como o MIT, dos Estados Unidos. E também por grandes empresas, como a IBM). Só que o fenômeno mais visível é justamente o contrário disso. O homem é que tem ficado “burro” como o computador.
É o Bestium. (Para fazer um trocadilho com a marca mais conhecida de “cérebro” de computador.). Gente totalmente “programada”. Um autêntico disco rígido. Que não pensa. Só executa. Que não cria nada. Só copia. Que vive de acordo com o que alguém “instalou” na cabeça dela.
A coisa começa na escola. Um exemplo: a aula de História existe para se decorar datas e nomes. Ensina-se que a Proclamação da República no Brasil aconteceu em 1889. E que foi feita (?) pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Mas não se incentiva uma reflexão sobre o que significa ser uma República. Muito menos uma discussão se o Brasil já se tornou efetivamente republicano. Sem contar que, atualmente, quando se pede um trabalho escolar, o aluno se conecta à Internet, digita o tema e encontra a tal pesquisa pronta. Basta dar uma enfeitada (uma letra mais estilizada, por exemplo, que tem no computador), colocar o nome e entregar. Continua sem saber nada. Fica idiota. Mas tira nota boa. Afinal de contas, ficou um trabalho “bonitinho”.
Cursinho pré-vestibular, então, é uma grande mostra da computadorização humana. O lance é “salvar” um monte de fórmulas. Sem precisar saber para que elas servem. Depois do vestibular, é só “deletar” (palavra horrorosa, aliás) tudo aquilo. Alguém, eu não me lembro quem, classificou o sistema de ensino do Brasil de “bancário”. Você deposita um monte de informação e saca tudo na hora da prova. E assim sucessivamente. Viramos um caixa eletrônico.
Na faculdade a situação não muda muito. Pelo menos na que eu fiz, de jornalismo. Os professores se preocupam mais em passar as técnicas desgastadas – que no caso do jornalismo “qualquer débil mental aprende em três semanas”, como dizia o Paulo Francis – do que em estimular os alunos a criarem coisas novas. Ou mesmo a pensarem sobre os rumos da imprensa. Resultado: profissionais automatizados. Imbecis. Que não vão além do “programa”.
O negócio fica feio mesmo no mundo corporativo. Das carreiras profissionais e das empresas. A minha amiga Suely Pavan, que é psicóloga e consultora, deu um belo panorama da situação em um artigo publicado no Empregos.com.br, cujo título é “A Síndrome dos ‘Pedintes’ de RH”. Ela pesquisou o comportamento das pessoas nos grupos virtuais de profissionais de Recursos Humanos e verificou que 90% das mensagens é de gente pedindo coisa pronta. Formulário disso. Apresentação daquilo. Planejamento para uma determinada função. Ninguém quer saber de desenvolver nada próprio. Viram Bestium. Só “copiam” o que já existem e “colam” na vidinha besta que levam. Sem refletir se aquilo é adequado ou não para a empresa. Se tiverem que criar alguma coisa, respondem como computadores: “Memória insuficiente”. Nesse caso, significa total incapacidade de pensar em algo diferente.
A bestialização do ser humano não pára por aí. São os livros de auto-ajuda com os seus chavões e receitas mágicas de sucesso e felicidade. Tem também a mídia e os marqueteiros dizendo o que você tem de comer. Quanto deve pesar. O que deve vestir. E as fórmulas de se relacionar sexualmente.
O ser humano tem sido levado a somente armazenar informação. Isso é coisa de computador. Gente tem, ou deveria ter, o diferencial de criar. Quando se fala em pensar e desenvolver, muitas pessoas respondem com aquela odiosa mensagem do Windows: “Você efetuou uma operação ilegal”. Alguns precisam ser “reiniciados”.
Grande e gordo abraço!!!

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