Carreiras | Empregos

O provérbio acima é bem antigo, mas jamais perderá sua utilidade. Para antever o perigo você precisa se planejar, o que significa estudar o cenário e traçar metas para o futuro. Isso deve ser feito em todas as áreas da sua vida, mas na profissional o planejamento de carreira é especialmente importante. E o momento atual é mais do que propício para fazer essa avaliação, já que você pode planejar agora tudo o que pretende fazer no próximo ano.
“Traçar uma meta é definir um ponto aonde quero chegar”, afirma Iracema Andrade, diretora da consultoria Andrade Naufal. Mas como começar? Para isso, antes de mais nada é fundamental se conhecer, saber o que você quer realmente. Pode ser uma meta a curto prazo (concluir o curso superior) ou mesmo a longo prazo (em 5 anos, conseguir guardar 5 mil dólares e fazer um curso de inglês e francês no Canadá). Cada profissional tem suas preferências, metas e objetivos de vida – por isso que é preciso ficar longe dos esteriótipos do mercado. Nem todos querem ser diretores de empresa, o importante é respeitar as suas opiniões e seus valores e agir de acordo com o que você quer.
Para começar a escrever seu planejamento de carreira para 2004, tenha em mãos papel e caneta. “Mas preciso mesmo escrever tudo o que pretendo fazer daqui a cinco anos?” – você pode se perguntar. “Meta não escrita não é meta – é sonho”, garante Paulo Kretly, diretor da FranklinCovey Brasil.
O primeiro passo, segundo Paulo, é saber se você trabalha com paixão, sente prazer no que faz e pode se considerar um profissional realizado. Se a resposta for “ainda não”, você precisa buscar alternativas para começar a fazer o que gosta. “Mesmo não saindo da sua área atual, você pode buscar uma segunda opção de trabalho, em horários alternativos”. O grande desafio é ponderar o que você já conseguiu até agora e o que pretende fazer para atingir seus objetivos.
Coloque metas semanais e diárias para cada projeto ou sonho que você quer realizar em 2004. Você deve se perguntar: quais as coisas mais importantes que posso fazer por aquela meta durante esta semana? Pode ser uma busca na Internet, contatos com possíveis parceiros, é preciso fazer alguma coisa. E, claro, ter muita força de vontade e disposição para trabalhar e lutar pelo que você quer.
Foi o que fez Rodrigo Pimenta, diretor-geral da Madis Rodbel, empresa líder no segmento de sistemas de cartão de ponto e acesso. Com apenas 24 anos, Rodrigo alcançou um dos níveis mais altos da hierarquia com muito esforço, trabalho e planejamento. Formado em Administração de Empresas pela PUC em 2002, estagiou na Deloitte Touche Tohmatsu por três anos. Começou como trainee e saiu de lá como semi-senior. “A experiência na Deloitte foi gratificante. O mercado de consultoria agrega muito valor porque você visita várias empresas, desenvolve projetos diferentes, é como se eu tivesse ficado um pouco em cada empresa com a qual trabalhei: General Eletric, Alstom, bancos… Além disso, tive muitas oportunidades de fazer treinamento, e não perdi nenhuma”.
Rodrigo começou na Madis como responsável pela área administrativa. Teve um ótimo desempenho e hoje é o diretor da empresa, que está há 80 anos no mercado e tem 180 funcionários. Acima dele, há apenas a presidência. A receita do sucesso? “Sempre fui muito decidido e soube o que queria. Tracei um objetivo e batalhei bastante para chegar aqui. A sua evolução comportamental depende muito de você, mas na dúvida, fale menos e ouça mais. Principalmente para os novatos como eu, é uma dica valiosa”, opina ele.
Procure clientes e não empregos
Esta é a dica de César Souza, consultor, sócio-diretor do Monitor Group e autor do livro Você é do tamanho dos seus sonhos, lançado em 2003 pela Editora Gente.
Ele afirma que o objetivo do livro é estimular as pessoas a tentar realizar sua vocação, analisar a possibilidade de montar seu pequeno negócio e assim gerar empregos para outros. “Um simples barraqueiro de coco na praia emprega pelo menos 2 outras pessoas. Nós vamos cada vez mais viver numa sociedade de muito trabalho mas de pouco emprego. Para isso é importante que cada um procure entender os sonhos desses clientes. Melhor ser dono de um micro negócio que reflita sua vocação e sua paixão do que ficar se lamuriando nos corredores de grandes empresas, frustrado por fazer o que não gosta. Melhor ir ao Sebrae e fazer um curso para se capacitar em termos de atitudes de empreendedorismo do que entrar em MBAs ou faculdades para aprender a ser empregado”.
Segundo ele, todos podem se encaixar nesta proposta. Como exemplo, César cita o jovem estudante que gosta de surf e pode montar seu negócio de produtos de praia e de surf e alavancar negócios em sua praia predileta. Cada pessoa é ótima em alguma coisa. Ele recomenda que você “transforme essa coisa ótima que você faz em um negócio e seja presidente da sua empresa e da sua vida em vez de ficar se humilhando em filas de desemprego ou desenvolvendo doenças e problemas colaterais decorrentes da angústia gerada pela frustração do não-emprego”.
Como planejar sua carreira em 2004 sem deixar os sonhos de lado? Como fazer os sonhos virarem realidade? Em primeiro lugar, o consultor afirma que você precisa voltar a acreditar em si mesmo. As pessoas andam meio descrentes. Acredite em si e nos seus sonhos. São os sonhos que movem o mundo. Em segundo lugar, defina prioridades. Temos muitos sonhos e temos que hierarquizá-los, definir por onde começar. Tenha também um cúmplice ou parceiro. Pelo menos um. A pior coisa é ter um sonho e a pessoa que dorme ao seu lado não acreditar nele. Ou seu chefe não acreditar. “A condição fundamental é sabermos estimular pessoas a colocarem o pé no chão mas jamais castrar sonhos. Isso na família, na escola, na empresa… Somos uma sociedade de castradores de sonhos, de esquartejadores de projetos, de PhDs em desmotivação humana. Precisamos criar uma cultura em que as pessoas se estimulem e sejam recompensadas pela realização de seus sonhos”. Por tudo isso, Cesar Souza recomenda: “Aproveite as oportunidades e defina aonde quer chegar. O resto vem depois”!
Planejando sua carreira efetivamente
“Com uma visão, um projeto de vida claro, o próximo passo é entender quais são os instrumentos que levam à concretização deste objetivo. Aqui o erro mais comum é acreditar que apenas a escolaridade e os idiomas são os ingredientes do gerenciamento de carreira”, afirma Luciana Sarkozy, sócia-diretora da consultoria Career Center. A pedido do Empregos.com.br, a consultora listou alguns itens que devem ser trabalhados durante a trajetória profissional:
Escolaridade: Escolha o curso ou cursos que você deve fazer para atingir o seu objetivo. Lembre-se de que nem sempre os cursos que estão na mídia serão os mais indicados para ajudá-lo a realizar seu projeto.
Idiomas: Avalie se realmente é necessário saber falar vários idiomas para desempenhar com competência a função desejada ou mesmo para que o mercado reconheça que você tem as habilidades para chegar ao seu objetivo. Mas atenção: leve em conta que falar um segundo idioma é importante não só para a vida profissional mas também para seu desenvolvimento pessoal.
Networking: Cultive e desenvolva uma rede de relacionamentos compatível com o mercado ou área de atuação. Ninguém consegue conhecer todo mundo do mercado e nem sobreviver sem uma rede ativa. Portanto, planeje e foque seus esforços em relacionamentos que contribuirão com informações, dicas e, quem sabe, indicações…
Projetos: Busque assumir projetos que lhe permitam desenvolver competências que serão importantes no futuro ou mesmo que sejam essenciais para posições que você almeja assumir. Por exemplo: projetos que permitam desenvolver visão estratégica ou que lhe ofereçam alguma exposição internacional.
Competências: Tenha clareza de quais são as competências que se deve desenvolver para que esteja preparado para assumir novas posições.
Exposição no mercado: Possua relacionamento e seja conhecido no segmento de mercado que lhe interessa. Não adianta ter as melhores qualificações se ninguém as conhece. Defina qual o mercado ou segmento de mercado que é o seu foco e busque formas de adquirir exposição, seja através de networking ou mesmo da mídia especializada.
Marketing pessoal: Entenda que você, mesmo sendo empregado de uma empresa, está oferecendo um serviço em troca de uma remuneração. Você precisa mostrar que seu serviço está atingindo os resultados ou que está muito além dos resultados esperados. Seu cliente atual (empresa onde trabalha) e seus clientes em potencial (outras empresas de seu interesse) precisam conhecer seus diferenciais.
Vida pessoal: Não adianta colocar toda sua energia e tempo apenas na vida profissional. Mais do que um projeto profissional, todos temos que ter um projeto de vida maior, que inclua família, lazer, trabalho voluntário, hobbies, etc. Estes outros interesses garantem que você consiga se reenergizar, viver com menos stress e se preparar para uma segunda ou terceira carreira ao longo da vida.
“Cada um deve fazer seu próprio plano de carreira com base nos fatores acima descritos. Não existem planos iguais, pois mais do que um plano de carreira, eles são projetos de vida!”, finaliza Luciana.

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