por Ricardo Jordão Magalhães
Existem centenas de livros de auto-ajuda e poucos livros de ajuda-os-outros. É terrível pensar que alguém está desperdiçando um segundo sequer da sua vida tentando imaginar o que pode ser um dia, quais são as suas fortalezas e fraquezas, ou se lamentando e se depreciando, ao invés de mergulhar de cabeça em ações que possam ajudar as outras pessoas ainda mais perdidas do que nós, a chegar pelo menos no estágio em que nós nos encontramos.
Talvez já sejamos, apesar de tudo, perfeitos demais em alguns aspectos. Fora com a auto-ajuda! Vamos ajudar os outros! A busca não está dentro de nós. Está nos outros.
Eu acredito que o mundo é um grande quebra-cabeça de seis bilhões de peças que ao se completar formam a mais bela das imagens, a Humanidade. Todas as peças precisam de todas as peças. O que me falta eu encontro em uma outra pessoa. O que falta a outra pessoa ela encontra em mim. Quando ligados nós nos conectamos a outras pessoas e outras pessoas a outras pessoas.
Há muito tempo eu tomei uma decisão na minha vida: todo e qualquer encontro com qualquer pessoa em qualquer lugar, é uma oportunidade de ensinar alguma coisa para alguém. De aprender também, é claro, mas principalmente de ensinar.
Hoje é automático, se você me pedir alguma coisa, qualquer coisa, eu não vou simplesmente dar alguma coisa, ou vender alguma coisa, eu vou ensinar alguma coisa. Soa Arrogância para os pobres-de-espírito. Soa auto-estima para os valentes de coração.
Eu nunca tive a atitude “pobre-de-espírito” de “eu estou aqui para aprender”. Eu sempre tive a atitude “auto-estima” de “eu estou aqui para ensinar”. Que é sempre possível, mesmo quando não somos tão experientes, se formos sempre humildes e ambiciosos, sensíveis e fazedores da nossa lição de casa.
Quando estagiário, pense como assistente. Quando assistente, pense como gerente. Quando gerente, pense como diretor. Quando diretor, pense como dono. Quando dono, pense como investidor.
O mundo tá cheio de pessoas-commodities “procurando por novos desafios” e “com vontade de aprender”. Chega disso! Saia dessa vala comum da mediocridade. Coloque-se acima disso. Posicione-se como líder. Ensine aos outros!
Vá para uma reunião com uma lista de perguntas a fazer. Leia um livro com um caderno para fazer anotações. Escreva o seu “Manifesto por uma Empresa Melhor” e entregue amanhã mesmo para o seu chefe. Nós precisamos do seu conhecimento e não da sua complacência. Nós precisamos da sua ajuda-aos-outros e não da sua auto-ajuda.
Nós precisamos que você seja torcedor de alguém que pensa que alguma coisa é impossível. Porque às vezes, as coisas que nós fazemos hoje são resultado do amor que nós recebemos de alguém.
Você pode fazer isso por você mesmo? Você pode ser torcedor de alguém? Vestir a camisa dessa pessoa, dessa peça ao lado da sua peça, e encorajá-la como se fosse a você mesmo? Você pode fazer isso por seis meses? Sem pedir licença, sem querer nada em troca? Todos os dias, durante apenas seis meses?
Entre as coisas que você faz hoje, precisa haver espaço para ajudar àqueles que pensam que as coisas que eles fazem hoje são impossíveis. Sem pedir licença, sem querer nada em troca, todos os dias, seis meses. Nada menos que isso interessa.