Carreiras | Empregos

Por Dieter Kelber
Recentes estudos mostram o aumento do número de executivos que se sentem aliviados quando são demitidos. Seja por problemas com os chefes diretos ou com as exigências cada vez maiores por resultados, ou ainda pela falta de tempo para atividades particulares com a conseqüente redução da qualidade de vida, 44% dos demitidos, conforme trabalho da consultoria Lins & Minarelli, afirmaram terem-se livrado de um grande peso com a nova situação. Por outro lado, aproximadamente 35% são os que se sentiram injustiçados e expressaram indignação com o ocorrido. Apenas 20% são os que aceitaram normalmente a demissão.
Para entender o que está acontecendo precisamos ter bem claro o cenário empresarial do momento: as empresas, em função da redução de custos, têm contratado pessoas cada vez mais jovens. Estas, por sua vez, apesar de freqüentarem diversos cursos de primeira linha, têm uma formação deficiente, já que quase a totalidade dos programas só leva em consideração as matérias clássicas e específicas para cada área de atuação, ignorando totalmente a criação de uma ponte que faça a integração entre o pensamento lógico e a atitude comportamental.
No mundo empresarial globalizado é necessário entender cada vez mais o todo, pois só assim é possível responder com a velocidade necessária às mudanças que surgem diariamente. Embora as lideranças, na totalidade das empresas, pregue como sendo prioritário o trabalho em equipe, dão os piores exemplos ao praticarem integralmente a liderança clássica hierárquica e autoritária, ignorando a importância da colaboração. Devido à existência de menos postos de trabalho tanto em quantidade, diversidade e qualidade, a competição no mundo dos executivos está cada vez mais acirrada. As empresas, embora de uma maneira geral tenham planejamentos estratégicos que contemplam também uma visão de longo prazo, necessitam hoje de resultados cada vez mais imediatos e maiores para poderem investir e ampliar os seus negócios e, assim, manter ou avançar sua posição no mercado. A estabilidade no emprego acabou e a fidelidade eterna dos funcionários também, cristalizando uma fria relação de prestação de serviços.
Com este cenário, claro e conhecido, por que tantos executivos se submetem a uma situação que tem tudo para levar à indignação ou ao alívio?  A resposta é bem objetiva: falta a maturidade (experiência de vida) que só o tempo, adicionado ao nosso contínuo desenvolvimento holístico, pode trazer. Ninguém discordará que tanto o auto-conhecimento como a capacidade de entender o próximo são condições indispensáveis para que possamos alinhar a nossa personalidade a situações que nos tragam satisfação. Entretanto, poucos tomam decisões baseadas nessas condições. A maioria prefere usar como parâmetros para a escolha de um posto de trabalho itens muito mais vinculados com remuneração, benefícios, bônus , etc., do que relacionados com qualidade de vida no ambiente de trabalho. É verdade que os executivos procuram se informar ao máximo sobre a empresa que irão atuar, mas muito poucos investem para saber como são os seus líderes e, em especial, seus superiores imediatos. Acreditam sempre, com um certo toque de presunção, que saberão se adaptar a qualquer situação que encontrarem. Entretanto, os números mostram que cada vez mais eles têm errado na sua auto-avaliação.
Mas por que não se demitem quando a pressão é cada vez mais insuportável? Há duas hipóteses. A primeira, mais tangível, é a perda de indenizações e outros benefícios negociados durante a contratação. A segunda, mais oculta, é o fato do executivo ter que reconhecer que errou ao aceitar aquele posto de trabalho, mas como odeia reconhecer seus erros prefere que o ônus da escolha errada fique com a empresa.
Uma alternativa válida para compensar a falta de maturidade e conseqüentemente para minimizar os erros nas decisões é utilizar os serviços de mentoring(aconselhamento), ainda pouco utilizada no Brasil, mas que vem trazendo excelentes resultados tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Questões como “sinto-me sozinho, sem intelecutor para trocar idéias” ou “sinto-me impotente para conseguir o que está sendo cobrado” são tratadas de forma focada e sempre buscando um alinhamento que resulte na satisfação pessoal.
Programas completos de mentoring passam pela realização de atividades como: encontros e diálogos inovadores, visualização de cenas, entrevistas, dinâmicas de grupo, testes vocacionais, estudo da carreira, autobiografia, avaliação e desenvolvimento de competências, gestão de processos, gestão de projetos, análise de cenários, estruturação de situações problemas/oportunidades, mediação de conflitos, práticas de liderança, team building , análise do equilíbrio holístico composto por família, trabalho, tempo e dinheiro, marketing pessoal, empreendedorismo e vivências alternadas, entre outros. Além de um mentor líder, os programas contam usualmente com equipes multidisciplinares de suporte que ajudam a identificar e potencializar os pontos fortes de cada executivo ao máximo possível.

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