por Eduardo Villar*
Acredito que muitas pessoas não conheçam a canadense Andrea Jung. Ela é detentora de um salário invejado por muitos homens – sete milhões de dólares por ano – para presidir uma organização com presença em 140 países. Falo da multinacional Avon, empresa de cosméticos fundada há 115 anos nos Estados Unidos.
Uma empresa que atua em 140 países é um marco da globalização. Outras organizações não gozam do mesmo status, ou melhor, já gozaram e não souberam administrar. Cito como exemplos Xerox, Ford, Motorola, Aplle, Olivetti, Volkswagen, Compaq e Varig.
Essas empresas cometeram erros fatais de administração e hoje correm atrás do prejuízo. Se tivessem prestado atenção na história e no que disse certa vez o economista austríaco Joseph Schumpeter, sobre a “destruição criativa” na década de 40, elas poderiam ter evitado tamanho tombo.
Defendia o austríaco que o capitalismo evolui a partir da seleção natural entre as empresas. De acordo com a sua visão “econômico-darwinista”, as maiores companhias são como árvores que um dia precisam cair para que o sol faça crescer as plantas mais jovens.
Sem atentarem para essa teoria, gigantes dormiram como líderes do mercado e, no dia seguinte, acordaram em segundo ou terceiro lugar.
A Xerox chegou a ter 95% do mercado americano, mas parou no tempo, foi devorada pela concorrente japonesa e com isso, seu presidente foi deposto. Por mais de 40 anos, a Volkswagen do Brasil manteve-se na liderança do mercado automobilístico, tendo 50% do mercado dos veículos de passeio. Atualmente a FIAT é a pedra no sapato da Volkswagen do Brasil. A Motorola foi líder absoluta na era dos pagers e dos celulares analógicos, detendo 80% do mercado na década de 90. Hoje só possui 40% do mercado no Brasil por ter demorado a perceber que o mercado pedia linhas digitais.
Poderia citar outras tantas empresas que, por falta de visão, decaíram no ranking. Essa “limitação” de visão, num mundo globalizado em que vivemos, é fatal para a saúde de qualquer instituição.
Vamos rever a história da evolução administrativa: temos a teoria de Karl Marx (1818 – 1883), estudioso que revolucionou a forma capitalista com seu livro “O Capital”, onde mostra como se calcula o custo de um produto – conhecido como mais-valia -, incluindo a depreciação da edificação da empresa e a carga horária do trabalhador. Para obter mais produção com menos tempo de trabalho, Marx defendia a “cooperação” ou “trabalho combinado”, que nada mais era do que vários operários trabalhando lado a lado em conjunto, cumprindo um plano pré-estabelecido. Vale lembrar da linha de produção de Henry Ford.
Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915) revolucionou o sistema de pagamento que era feito por peça ou por tarefa. Ele desenvolveu o estudo cronometrado dos tempos e movimentos (Motion-time Study), decompondo analiticamente o trabalho dos operários. Com isso, Taylor visava racionalizar e simplificar o tempo, a fim de obter o maior rendimento com o menor esforço e com a maior remuneração. O filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin, é uma crítica ao que se chamou de “taylorismo”.
Poderíamos nos alongar nas teorias e nos estudos que contribuíram em muito para a formação de grandes empresas, mas vamos voltar à derrocada das gigantes. O que levou essas empresas a perderem o status de número “1”?
Diferente da Avon, outras empresas falharam na estratégia, ficaram limitadas, pois estavam preocupadas apenas com o seu crescimento nas Bolsas de Valores, deixando de lado os concorrentes. Esqueceram-se da estratégia, ponto que deve ser discutido, analisado e estudado pelos administradores, consultores e membros acionários. Claro que não podemos viver à sombra de teorias revolucionárias de séculos passados. A tecnologia se faz cada dia mais presente, permitindo-nos uma forma de controle em tempo real e eficaz. Precisamos rever sempre o custo, minimizando-o sem perder a qualidade; inovar sempre, atendendo as necessidades do mercado; diversificar os produtos, sem esquecer das diversas legislações mundo afora.
Outro fator de suma importância dentro de qualquer empresa, que às vezes ainda passa desapercebido, é o valor humano. Devemos investir na qualificação dos colaboradores que trabalham para a organização, mantendo-os atualizados e informados. A informação feita de forma clara e objetiva reduz despesas e tempo.
Não há duas organizações iguais, assim como não existem duas pessoas idênticas. Por mais que duas empresas fabriquem o mesmo produto, não podemos classificá-las como iguais. Cada organização tem seus pensamentos, sua política de trabalho e seus valores.
Não podemos esquecer também que o administrador e o executor são profissionais distintos. O executor sabe fazer e executar certas coisas que aprendeu mecanicamente como planos, organogramas, orçamentos, lançamentos, registros, etc, de modo prático, concreto e imediatista. Já o administrador sabe analisar e resolver situações problemáticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a avaliar e ponderar em termos abstratos, estratégicos e conceituais. Por que fiz essa distinção? Simples, independente da nomeação do cargo – seja executor, seja administrador – vale relembrar que ambos são gestores, profissionais responsáveis pela administração da empresa.
Mais do que nunca, administrar uma organização nos dias de hoje é, no mínimo, uma aventura. E cabe ao executivo, que está a frente da empresa, conduzir essa organização, respeitando as leis de mercado, buscando soluções, agregando valores e valorizando seu capital humano. Administrar é uma arte.
* Eduardo Villar é consultor de empresas na área de recursos humanos e finanças. Formado em administração de empresas com ênfase em Recursos Humanos pela Universidade São Marcos.
Acredito que muitas pessoas não conheçam a canadense Andrea Jung. Ela é detentora de um salário invejado por muitos homens – sete milhões de dólares por ano – para presidir uma organização com presença em 140 países. Falo da multinacional Avon, empresa de cosméticos fundada há 115 anos nos Estados Unidos.
Uma empresa que atua em 140 países é um marco da globalização. Outras organizações não gozam do mesmo status, ou melhor, já gozaram e não souberam administrar. Cito como exemplos Xerox, Ford, Motorola, Aplle, Olivetti, Volkswagen, Compaq e Varig.
Essas empresas cometeram erros fatais de administração e hoje correm atrás do prejuízo. Se tivessem prestado atenção na história e no que disse certa vez o economista austríaco Joseph Schumpeter, sobre a “destruição criativa” na década de 40, elas poderiam ter evitado tamanho tombo.
Defendia o austríaco que o capitalismo evolui a partir da seleção natural entre as empresas. De acordo com a sua visão “econômico-darwinista”, as maiores companhias são como árvores que um dia precisam cair para que o sol faça crescer as plantas mais jovens.
Sem atentarem para essa teoria, gigantes dormiram como líderes do mercado e, no dia seguinte, acordaram em segundo ou terceiro lugar.
A Xerox chegou a ter 95% do mercado americano, mas parou no tempo, foi devorada pela concorrente japonesa e com isso, seu presidente foi deposto. Por mais de 40 anos, a Volkswagen do Brasil manteve-se na liderança do mercado automobilístico, tendo 50% do mercado dos veículos de passeio. Atualmente a FIAT é a pedra no sapato da Volkswagen do Brasil. A Motorola foi líder absoluta na era dos pagers e dos celulares analógicos, detendo 80% do mercado na década de 90. Hoje só possui 40% do mercado no Brasil por ter demorado a perceber que o mercado pedia linhas digitais.
Poderia citar outras tantas empresas que, por falta de visão, decaíram no ranking. Essa “limitação” de visão, num mundo globalizado em que vivemos, é fatal para a saúde de qualquer instituição.
Vamos rever a história da evolução administrativa: temos a teoria de Karl Marx (1818 – 1883), estudioso que revolucionou a forma capitalista com seu livro “O Capital”, onde mostra como se calcula o custo de um produto – conhecido como mais-valia -, incluindo a depreciação da edificação da empresa e a carga horária do trabalhador. Para obter mais produção com menos tempo de trabalho, Marx defendia a “cooperação” ou “trabalho combinado”, que nada mais era do que vários operários trabalhando lado a lado em conjunto, cumprindo um plano pré-estabelecido. Vale lembrar da linha de produção de Henry Ford.
Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915) revolucionou o sistema de pagamento que era feito por peça ou por tarefa. Ele desenvolveu o estudo cronometrado dos tempos e movimentos (Motion-time Study), decompondo analiticamente o trabalho dos operários. Com isso, Taylor visava racionalizar e simplificar o tempo, a fim de obter o maior rendimento com o menor esforço e com a maior remuneração. O filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin, é uma crítica ao que se chamou de “taylorismo”.
Poderíamos nos alongar nas teorias e nos estudos que contribuíram em muito para a formação de grandes empresas, mas vamos voltar à derrocada das gigantes. O que levou essas empresas a perderem o status de número “1”?
Diferente da Avon, outras empresas falharam na estratégia, ficaram limitadas, pois estavam preocupadas apenas com o seu crescimento nas Bolsas de Valores, deixando de lado os concorrentes. Esqueceram-se da estratégia, ponto que deve ser discutido, analisado e estudado pelos administradores, consultores e membros acionários. Claro que não podemos viver à sombra de teorias revolucionárias de séculos passados. A tecnologia se faz cada dia mais presente, permitindo-nos uma forma de controle em tempo real e eficaz. Precisamos rever sempre o custo, minimizando-o sem perder a qualidade; inovar sempre, atendendo as necessidades do mercado; diversificar os produtos, sem esquecer das diversas legislações mundo afora.
Outro fator de suma importância dentro de qualquer empresa, que às vezes ainda passa desapercebido, é o valor humano. Devemos investir na qualificação dos colaboradores que trabalham para a organização, mantendo-os atualizados e informados. A informação feita de forma clara e objetiva reduz despesas e tempo.
Não há duas organizações iguais, assim como não existem duas pessoas idênticas. Por mais que duas empresas fabriquem o mesmo produto, não podemos classificá-las como iguais. Cada organização tem seus pensamentos, sua política de trabalho e seus valores.
Não podemos esquecer também que o administrador e o executor são profissionais distintos. O executor sabe fazer e executar certas coisas que aprendeu mecanicamente como planos, organogramas, orçamentos, lançamentos, registros, etc, de modo prático, concreto e imediatista. Já o administrador sabe analisar e resolver situações problemáticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a avaliar e ponderar em termos abstratos, estratégicos e conceituais. Por que fiz essa distinção? Simples, independente da nomeação do cargo – seja executor, seja administrador – vale relembrar que ambos são gestores, profissionais responsáveis pela administração da empresa.
Mais do que nunca, administrar uma organização nos dias de hoje é, no mínimo, uma aventura. E cabe ao executivo, que está a frente da empresa, conduzir essa organização, respeitando as leis de mercado, buscando soluções, agregando valores e valorizando seu capital humano. Administrar é uma arte.
* Eduardo Villar é consultor de empresas na área de recursos humanos e finanças. Formado em administração de empresas com ênfase em Recursos Humanos pela Universidade São Marcos.
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