Carreiras | Empregos

por Afonso Lamounier de Moura*
A dinâmica das relações entre as empresas e a competitividade fazem com que o mercado de trabalho seja cada vez mais exigente e concorrido. Aqueles que pretendem conseguir emprego precisam se preparar melhor e mais rapidamente. Os jovens em fase de formação acadêmica também precisam se preocupar com a sua formação profissional, ou seja, já não basta somente ter o diploma de conclusão de curso: também é necessário ter experiência prática e habilidades comportamentais.
Números registrados no banco de dados do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) mostram que os jovens têm consciência da importância de aprender, por intermédio do estágio, as regras de um ambiente corporativo enquanto ainda estão na escola ou na faculdade. São aproximadamente 800 mil nomes de estudantes cadastrados, no aguardo de uma vaga de estágio e da experiência que lhes possibilite começar a codificar a postura profissional adequada.
Quando conseguem uma oportunidade, ganham a certeza de que a experiência valeu o tempo de espera, como atestam pesquisas realizadas pelo CIEE. De acordo com levantamentos, 99% afirmam que o estágio valeu ou está valendo a pena e recomendam para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de vivenciar essa experiência — opinião justificada pela chance de desenvolvimento profissional e aprendizado.
O estágio é o instrumento mais eficaz de preparação do estudante para enfrentar os desafios profissionais. Atuando em ambiente de trabalho, o aluno coloca em prática o que aprende na escola e antecipa o desenvolvimento de atitudes e comportamento profissionais, estimulando seu senso crítico e a criatividade. Isso sem prejuízo de seus estudos. Essa experiência é uma extensão do processo educacional, pois são as instituições de ensino que definem e supervisionam os programas de estágio.
Tendências
Até algum tempo atrás, as empresas ofereciam vagas de estágio basicamente para estudantes de cursos tradicionais, como Administração de Empresas, Direito, Psicologia, Ciências Contábeis. Com o passar do tempo, o acelerado avanço tecnológico levou à criação de novos cursos. Paralelamente, a demanda do mercado por profissionais mais qualificados estimulou a proliferação das escolas de ensino superior particulares. Nesse processo, ocorreu e ainda ocorre um movimento favorável aos cursos denominados “novas carreiras”.
Oportunidades vêm surgindo e mostrando tendências solicitadas pelo mercado de trabalho. Para se ter uma idéia dessa demanda, durante este ano e até o início de novembro, o CIEE cadastrou 170 novos cursos em seu banco de dados, a maioria nos níveis tecnológico, seqüenciais e de pós-graduação, diretamente relacionados à formação de profissionais procurados pelo mercado de trabalho. Assim, além de oferecer mais opções aos estudantes na escolha de carreira e de assegurar, dentro de alguns anos, a presença de novos perfis profissionais no mercado de trabalho, a abertura de mais cursos significa, de imediato, o aumento na oferta de vagas de estágio. O ritmo de crescimento das ofertas de vagas desses novos cursos ainda não acompanha o do líder do ranking, posição ocupada por Administração de Empresas, nível superior, mas vem se fazendo notar gradativamente.
Outro exemplo de setor potencial é o relacionado aos cursos superiores de tecnologia. Para se ter uma idéia da evolução das perspectivas profissionais dessa área, em 2003 o CIEE registrou somente 89 ofertas de estágios e neste ano, até o início de dezembro, contabilizava 2.281 vagas oferecidas para estudantes desses cursos.
Um outro dado que beneficia a prática e mostra a importância do estágio aparece numa pesquisa realizada pela InterScience com estagiários e ex-estagiários do CIEE ao longo de 10 anos: 64% dos estudantes acabam sendo efetivados (CLT com registro em carteira profissional) logo após seu primeiro ou segundo estágio.
O número de estágios cresce a cada ano. Um aumento de 16% na contratação de estagiários foi registrado pelo CIEE em 2004, com relação a 2003. Neste cenário promissor, a adesão das empresas aos programas de treinamento de futuros profissionais deve ser intensificada no próximo ano.
Apesar dos bons indicadores, as oportunidades geradas ainda não são suficientes, quando se considera o universo de jovens estudantes ansiosos por se aproximar do mercado de trabalho, tanto no ensino superior quanto no ensino médio. É necessária uma maior conscientização das empresas, pois essa experiência, além de ser fundamental para o estudante, permite que as companhias descubram e formem talentos.
*Afonso Lamounier de Moura é superintendente de Atendimento Estado de São Paulo do Centro de Integração Empresa-Escola — CIEE.

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