por Camila Micheletti
Renato Gutierrez Jr., Gerente Sênior de Consultoria da Deloitte Touche Tohmatsu, mostrou para os participantes do Fórum Tendências e Desafios para o RH em 2003, realizado nos dias 09 e 10 de dezembro em São Paulo, a importância da gestão de pessoas nos resultados organizacionais, e como é possível mensurar essa performance.
Segundo ele, o RH do passado era estruturado da seguinte forma:
- Estrutura de cargos e salários
- Foco no cargo, e não na pessoa
- Base é avaliação de cargos
- Foco nas áreas funcionais
- Sentido de carreira tipicamente vertical
- Faixas salariais mais estreitas
Hoje, o RH está posicionado como fator de geração de valor na empresa, sendo que a prioridade estratégica é ganhar a guerra pelos melhores talentos. “A partir do momento que o colaborador vai embora, é ela – a organização – que sai perdendo, já que o profissional leva consigo o seu capital intelectual”, explicou Renato. O conceito de Capital Humano é bem diferente de Recurso Humano, como você pode ver no quadro a seguir:
Capital Humano
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Recurso Humano
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Pessoas significam Capital: a empresa ganha ou perde valor, dependendo de como e quanto se investe nelas.
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Pessoas significam Recursos, para serem alocados quando e onde necessário.
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Perder pessoas significa perder capital e competitividade.
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Pessoas são descartáveis. Mande embora hoje e contrate amanhã.
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O consultor da Deloitte afirmou que a grande importância do Capital Humano para a empresa está no fato de que as pessoas são as grandes viabilizadoras do negócio e da organização. “As pessoas não apenas adicionam valor no balanço contábil, como também asseguram a sobrevivência da companhia. Como conseqüência, o alinhamento da estratégia do negócio com a estratégia do Capital Humano é fundamental para a empresa alcançar seus objetivos”, considerou ele.
De acordo com o estudo “The latin american company of the future: How latin american CEOs are responding to the new economic environment”, divulgado recentemente pela Andersen Consulting, a questão dos talentos está entre os cinco fatores que mais impactam no ambiente de negócios. Confira:
- O aumento de recursos na competição global
- O impacto de tecnologias novas e mergentes nos negócios
- A formação de novas alianças e parcerias comerciais
- O aumento da competição por trabalhadores qualificados e talentosos
- O aumento no poder do consumidor
Atrair novos profissionais e reter os já existentes realmente é questão de ordem nas novas relações de trabalho. Vencer a guerra por talento também aparece como ponto-chave nas prioridades estratégicas do RH no estudo da Andersen, que lista ainda outros quesitos, tais como:
- Criar valor através dos ativos intangíveis
- Desenhar uma estrutura organizacional que permita obter vantagem competitiva
- Construir modelos de relacionamento e negócios interligado
- Conquistar a lealdade do consumidor através de estratégias interativas
“Para criar valor, as medidas de desempenho devem estimular os funcionários a direcionarem seu desempenho na direção certa”, completou Renato. Ele disse ainda que, para essa ligação ser possível, é fundamental alinhar os objetivos dos funcionários com os objetivos da empresa.
Quais são as formas mais utilizadas atualmente para a geração de valor? De forma geral, podemos listar quatro formas de remuneração:
- Remuneração variável
- Remuneração estratégica
- Participação acionária
- Benefícios flexíveis
Veja quais as vantagens e desvantagens de estabelecer a remuneração variável na empresa, na opinião de Renato Gutierrez:
VANTAGENS
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DESVANTAGENS
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Reforça as prioridades estratégicas da empresa
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Variação da renda do empregado
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Força uma revisão de objetivos, metas e indicadores de desempenho
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Maior complexidade
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Favorece a identificação de verdadeiros centros de lucro e/ou excelência
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Requer sistema de comunicação bem estruturado, transparente e ágil
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Possibilita um melhor balanceamento entre custos de folha e capacidade de pagamento
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Ajustar visão de parte do pessoal e dos sindicatos
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Mantém os High Performers
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Atrai executivos e gerentes mais agressivos
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É percebido como mais justo
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Oferece bases de comparação mais objetivas
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Gestão do Conhecimento
Benefício atraente para muitos profissionais e fator de retenção de talentos para as organizações, a Gestão do Conhecimento foi, sem dúvida, um dos modismos de RH mais comentados neste ano. Além de gerar mais velocidade e rapidez aos negócios e reduzir custos, revela talentos internos e ainda traz muita satisfação aos funcionários, que gostam de se sentir reconhecidos e valorizados pela empresa.
Claro que implantar uma cultura de disseminação de conhecimento não é tão fácil assim. “Mostrar a importância e o retorno financeiro que a GC traz para a empresa leva tempo, principalmente para o board”, salientou Renato. Mas o fato é que o retorno para a empresa acaba sendo maior que o esperado e envolve clientes internos e externos, fabricantes e fornecedores. Confira os principais fatores de retorno:
- Pessoal mais qualificado
- Melhoria de qualidade e eficácia dos processos
- Treinamentos melhor dirigidos e mais eficientes
- Aumento da produtividade
- Reconhecimento dos clientes
O retorno das ações efetivas de RH podem ser vistos claramente no desempenho financeiro de empresas que investem pesado no seu capital humano, como Mc Donald’s, Magazine Luiza, Bank Boston, Dow Química, entre outras. Todas elas figuram na lista do Guia Exame das 100 Melhores Empresas para se Trabalhar e têm uma relação candidato/vaga que pode chegar a 41 vagas para 134 candidatos, no caso da Dow. É interessante salientar também que todas têm benefícios muito atraentes, uma comunicação clara e transparente e apresentam um patrimônio líquido invejável.
Renato concluiu sua apresentação afirmando que definir as estratégias e objetivos da empresa é muito importante, já que é a partir deles que os colaboradores vão direcionar seu trabalho. “As suas estratégias podem ser iguais a dos seus concorrentes, o que muda é como você viabiliza isso”, afirmou o executivo.
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