Por Leila Navarro*
Certa vez presenciei uma dessas dinâmicas de grupo que as empresas promovem com os funcionários. Os participantes formaram duplas nas quais uma das pessoas teria de conduzir a outra em uma caminhada pelo salão em absoluto silêncio, usando um código de toques nos ombros e nas costas. Detalhe: a pessoa conduzida tinha os olhos vendados. Foi muito interessante ver as duplas zanzando para lá e para cá, com os condutores tomando o máximo cuidado para os conduzidos não trombarem em ninguém. Mais interessante ainda foram os comentários de quem havia sido conduzido: “Me (sic) senti vulnerável”. “Como é estranho ser levado por alguém”. “Tive que confiar completamente em meu parceiro”.
Realmente, não costumamos confiar em alguém de olhos fechados. Quando muito, confiamos de olhos bem abertos, e vá lá. Na maior parte dos casos, aliás, simplesmente evitamos confiar, porque a confiança nos faz ficar à mercê dos outros – e imagine ficar à mercê de alguém num mundo em que é cada um por si! Mas, como eu disse no artigo anterior, a falta de confiança nos acovarda, retrai e isola, o que limita nosso crescimento na carreira. Precisamos vencer nossos medos e ser capazes de confiar nos outros, pois precisamos deles e eles de nós. Mas como?
Em primeiro lugar, é preciso considerar que a falta de confiança nas pessoas é um reflexo da falta de confiança em si mesmo, porque é da psicologia do ser humano projetar nos outros aquilo que existe nele próprio. Por exemplo, se você não suporta pessoas mandonas, é porque também tem um aspecto autoritário em sua personalidade. Se não tivesse, não ficaria transtornado com quem tenta mandar em você, certo? Se fica incomodado com pessoas competitivas, é porque também gosta de competir. Se não confia nos outros por achar que não serão capazes de agir conforme o que falam, é porque você nem sempre age conforme o que fala para si mesmo e para os outros. Chega na hora H e você recua, muda de idéia, volta atrás ou fraqueja.
Você talvez esteja protestando que não tem nenhum problema de autoconfiança. O que aconteceu foi que uma (ou mais de uma) vez alguém em quem confiava muito o traiu, o decepcionou profundamente e o deixou “escaldado”. Mas nessa situação também existe uma projeção, sabia? Porque você deve ser muito exigente consigo mesmo, uma pessoa que não admite fraquezas nem se perdoa quando erra. E se não admite errar, como poderia aceitar que os outros errem? Se não se perdoa por suas fraquezas, como poderia perdoar as fraquezas alheias? Você não confia porque tem medo de se decepcionar com as pessoas, mas o que evita a todo custo é decepcionar-se com você mesmo.
* Leila Navarro é colunista do Empregos.com.br, conferencista internacional e autora dos livros “Talento para ser feliz” e “Obrigado, equipe” (Ed. Gente).
A confiança é um jogo de espelhos
Por Leila Navarro* Certa vez presenciei uma dessas dinâmicas de grupo que as empresas promovem com os funcionários. Os participantes formaram duplas nas quais uma das pessoas teria de conduzir a outra em uma caminhada pelo salão em absoluto silêncio, usando um código de toques nos ombros e nas costas. Detalhe: a pessoa conduzida tinha […]
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