Essa é, de longe, a maior reclamação de profissionais e candidatos: a ausência de retorno ou feedback.
No ambiente corporativo, a ausência de feedback sobre o desempenho de funcionários gera dúvidas quanto a satisfação de seu trabalho e postura para os gestores. Apesar de existirem inúmeros programas de avaliação de desempenho e de muitas empresas aplicarem de forma eficaz, a maioria dos gestores não dão um retorno adequado a seus funcionários, deixando-os no escuro. O mau comportamento ou baixo desempenho na maioria das vezes podem ser ajustados apenas com um bate papo franco entre líder e colaborador.
Para quem está buscando recolocação é ainda pior: falta desde um simples e-mail para confirmar o recebimento de um CV (mesmo mensagem automática) até o retorno após a entrevista.
Já fui candidata buscando recolocação e sei o quanto é difícil. Além da pressão e da incerteza natural dessa situação, os fatores emocionais potencializam as dúvidas e muitas vezes levam a medidas desesperadas, que quase sempre são negativas.
O que aprendi (e ensino) sobre feedback é que a forma de comunicação tem uma grande influência. Vejo dezenas de profissionais distribuindo, compartilhando, enviando seu perfil e currículo tanto no Linkedin quando por e-mail e reclamando que não obtêm retorno.
Porém, a forma como a maioria faz o contato com recrutadores e gestores é tão fria, impessoal e, ás vezes, até grosseira, que dá para entender porque em geral não são respondidos.
Recebo dezenas de e-mails com uma apresentação padronizada, Ctrl+C / Ctrl+V , enviados sem o menor critério, mesmo eu não sendo selecionadora. Mas o problema é a impessoalidade, é a forma massiva que esse contato é feito.
A impressão que tenho quando recebo um e-mail desses, é a mesma de receber um panfleto na rua (daí a expressão ” panfletar o CV”). Isso quando vem com um texto de apresentação, muitos sequer dão um bom dia/boa tarde, mandam o CV anexo sem nem dizer um “oi”.
A dica que dou, e tem eficácia de verdade, é: converse com as pessoas! Cumprimente, se apresente, converse! É fato que ainda assim muitas delas não irão responder, mas muitas pessoas vão dar atenção e ao menos sinalizar se há oportunidades, onde deve cadastrar seu CV ou apenas agradecer seu e-mail. Mas, podem também indicar seu CV, chamar para um processo ou para um bate papo, aumentado de fato seu networking, na pior das hipóteses.
Já atuei em seleção, e sei o quanto é desafiador responder a todos, pois há um grande volume de CVs recebidos e um curto tempo para realizar o processo seletivo.
Para candidatura, diria que é humanamente impossível responder um a um os CVs recebidos, dizendo o porquê seu perfil não se encaixa na vaga (e isso deve ser minimizado se o candidato só enviar o CV se realmente tiver o perfil da vaga), mas uma resposta automática de recebimento já sinaliza que pode ser considerado para o processo.
Mas para quem passou por testes e entrevistas, o retorno deve acontecer ao menos para agradecer o tempo que esse profissional dispendeu para se apresentar. Sei que é difícil para os selecionadores, mas deve haver sim, sempre.
Sobre o feedback do porquê o candidato não tem o perfil, aí é mais complexo: dizer a alguém que não soube se apresentar, não tem uma comunicação clara e assertiva ou que não passou confiança, é muito delicado.
Mesmo quando o perfil simplesmente não atende ao que a empresa busca, pois o selecionador/empresa podem ser mal interpretados e gerar desde um desconforto ou revolta do candidato, até uma ação judicial. Para evitar maiores problemas (e porque as empresas têm muito que melhorar em sua visão de relações humanas), o retorno é aquele padrão, assim como a candidatura.
No Linkedin, sabemos que muitas vezes nem os convites enviados são aceitos (nunca entendi o motivo, já que a rede é justamente para networking!), mas de forma geral, vejo que essa comunicação está avançando, e trazendo benefícios para ambos os lados.
Resumindo, a ausência de retorno é um problema que pode sim ser resolvido, mas para isso, é necessário ajustar uma série de pontos na relação empresa/candidato.
Vejo um abismo entre os dois lados que poderia ser diminuído com o esforço mútuo.
Independente da área de atuação, o profissional precisa aprender a se comunicar de forma assertiva com os empregadores e as empresas precisam mudar sua visão sobre o RH, sobretudo sobre a importância que o setor de recrutamento e seleção têm, pois é ele que vai determinar a qualidade, produtividade e potencial que a corporação pode alcançar, já que são as pessoas que fazem uma empresa.
Vejo essa realidade mudar a passos lentos, mas acredito que chegaremos lá. Enquanto isso, procure alinhar sua comunicação nas candidaturas e vai conseguir muito mais retorno.
Desejo sorte e sucesso! ?
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