Carreiras | Empregos

Por Rômulo Martins
Os jovens da geração y são ágeis, criativos, familiarizados com a tecnologia e querem sempre mais.
São também individualistas, um tanto exibicionistas e impacientes, pensam os executivos. Gestores mais experientes diriam que estes profissionais são uma faca de dois gumes.
Diante dessas avaliações e das evidências desses comportamentos claramente percebidos no ambiente corporativo, vem a pergunta que não quer calar: qual a empresa mais desejada pelos jovens profissionais brasileiros desta geração?
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A Companhia de Talentos mais uma vez perguntou e eles responderam. E pelo quinto ano consecutivo a Petrobras foi eleita a “Empresa dos Sonhos dos Jovens”. Sabe o motivo? Se a sua resposta foi oportunidade de crescimento profissional bingo, você acertou.
Se no ano passado os jovens estavam mais preocupados com bons salários e benefícios, em 2009 a pesquisa online realizada pela Cia de Talentos, empresa do Grupo DMRH em parceria com a TNS, revelou que eles estão de olho no plano de carreira e que valorizam mais o clima organizacional. Salários e benefícios aparecem em quarto lugar, indica o levantamento. (Veja quadro abaixo).
“Os jovens que ingressam na companhia têm características da chamada geração y. Têm uma expectativa muito alta, são muito competitivos, individualistas e querem uma carreira rápida”, atesta Mariângela Mundim, gerente de Planejamento e Avaliação de Recursos Humanos da Petrobras.
Mas, afinal, o que a Petrobras tem para ser tão visada pelos jovens brasileiros? “Um mundo de oportunidades”, responde a profissional júnior de Comunicação Institucional da companhia, Juliana Seelinger, 25, há dois meses na empresa. “A comunicação da Petrobras é estruturada; aqui eu posso mudar de Estado ou país, não necessariamente ficar restrita em um setor”, acredita Juliana.
Estudante de Economia, Clara Sanchez, 21, é estagiária na área de Relacionamento com Investidores da Petrobras há seis meses. O trabalho de iniciação científica realizado por Clara sobre a indústria do petróleo facilitou sua entrada na companhia, acredita a jovem.
Extasiada com a grandeza da organização, ela pretende prestar concurso para ingressar de vez na Petrobras assim que concluir a faculdade. “Não tinha noção da dimensão da empresa. Agora sei como funciona, porque tenho contato com outras áreas. Tenho ideia do quanto é investido, do sistema de produção e do crescimento da companhia”, conta.
Passo a passo
Segundo Mariângela Mundim, quando chegam à companhia os novos profissionais vão direto para a universidade corporativa. Lá passam por um período de ambientação. É onde aprendem o que é e como funciona uma empresa de petróleo e tomam ciência dos seus direitos e deveres na organização.
Cursos e palestras são ministrados por colaboradores que têm mais tempo de casa, de acordo com a área de atuação e o tema a ser abordado.
“Dependendo da carreira [formação] do colaborador que está ingressando na companhia, a estada na universidade pode durar até 13 meses. É o que chamamos de curso de formação que, na verdade, é uma complementação da formação universitária”, explica Mariângela.
Com o tempo a empolgação de estar na empresa dos sonhos emudece? Eles vão-se tornando menos “irrequietos” e mais “maduros”, diz a gerente de Planejamento e Avaliação de RH. Porém, segundo ela, o investimento no desenvolvimento de carreira e as oportunidades proporcionadas pela companhia para que os jovens assumam cargos “desafiadores” fazem com que eles não percam a “energia” e o “frescor” de trabalhar na Petrobras.
Se as chances de crescimento profissional acompanhar a produção e a grandeza da empresa, realmente, os jovens do grupo não terão motivo para perder o gás. A Petrobras é a quarta companhia mais respeitada do mundo, segundo o Reputation Institute, assessoria especializada em gestão de reputação corporativa.
Líder na América Latina, com presença em 29 países, teve produção média de 2,4 milhões de barris de petróleo equivalente em 2008. Possui 109 plataformas, 15 refinarias e quase sete mil postos.
As novas descobertas prometem alçar a Petrobras a uma posição privilegiada na indústria petrolífera e de gás mundial. Até 2020, a companhia prevê investir US$ 111,4 bilhões no desenvolvimento da produção no pré-sal.
Para administrar tamanha riqueza e concretizar os planos estratégicos e desafiadores deste gigante é preciso gente, muita gente. Hoje o efetivo total do Sistema Petrobras, incluindo subsidiárias e trabalhadores no exterior, é de 74 mil empregados. Considerando apenas a holding, são 55 mil colaboradores.
Com tantos trabalhadores quais são as chances de crescimento para os jovens profissionais que atuam no grupo há pouco tempo? “Jovens com três anos de companhia já ocupam cargos gerenciais”, devolve Mariângela Mundim.
“Nós temos um programa estruturado de carreira e sucessão. Identificamos os potenciais gerentes, que são submetidos a uma série de avaliações a fim de prepará-los para assumir cargos de liderança”, completa.
Imagem conta?!
Segundo pesquisa da Cia de Talentos, 60% dos jovens disseram desejar uma empresa pela imagem que ela passa por meio da qualidade de seus produtos e serviços. Logo atrás, 55% deles tomaram a decisão com base no que é divulgado nos veículos de comunicação.
Conhecer alguém que trabalha ou trabalhou na empresa foi o motivo citado por 46% dos entrevistados. A busca de informações nos sites das companhias ficou com 36% dos votos. Já 29% dos jovens disseram que não recorrem a fontes, pois é natural que uma empresa de grande porte ofereça aquilo que ele busca numa organização.
Mariângela Mundim, da Petrobras, afirma que a imagem da companhia no Brasil, como empresa de tecnologia de ponta, socialmente e ambientalmente responsáveis, confunde-se com a própria brasilidade. “Essas questões são um apelo muito forte para os jovens e faz com que eles se identifiquem com a Petrobras.
Além disso, somos movidos a desafio, e o trabalho desafiador os motiva. Temos 55 mil colaboradores nas controladoras brasileiras, e o que acontece na empresa, de alguma forma, é transferido para o mundo”.
Pesquisa
A Cia de Talentos ouviu 30 mil jovens universitários e recém-formados, dos quais 26.281 mil compuseram a amostra válida. Google e Unilever, assim como no ano anterior, ocuparam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares do ranking.
Nas posições seguintes ficaram Vale, Nestlé, Natura, Itaú Unibanco, Microsoft, Rede Globo e AmBev que, pela primeira vez, aparece entre as dez companhias mais citadas pelos jovens.
Comparativo dos motivos de escolha
Este ano, os jovens disseram estar mais preocupados com a realização profissional. Em 2008, bons salários e benefícios foi o item mais votado. Veja o comparativo:

2009

2008

Crescimento Profissional

Bons salários e benefícios

Desenvolvimento Profissional

Crescimento Profissional

Ambiente de trabalho agradável

Boa imagem no mercado

Bons salários e benefícios

Apoio a cursos e treinamentos

Apoio a cursos e treinamentos

Qualidade de vida

Tempo de Permanência
Por almejarem crescimento profissional, os jovens estão dispostos a permanecer na companhia por um período mais longo. O tempo médio observado na pesquisa é de 10 anos. Quando questionados sobre o tempo adequado para ficar numa empresa, eles responderam:

Até 4 anos

13%

De 4 a 6 anos

25%

De 6 a 10 anos

26%

De 10 a 20 anos

16%

Mais de 20 anos

19%

O mesmo motivo que os atraem numa empresa é o que os fariam sair dela. Metade dos entrevistados informou que a falta de crescimento profissional seria a principal razão para querer trocar de companhia.
Outro fator que pesa na retenção desses talentos é o ambiente de trabalho agradável, apontado por 48% dos jovens como motivo para sua saída. A falta de desenvolvimento profissional foi citada por 38% dos jovens e não ter salário e benefícios adequados ao cargo por 34%.

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