Regina Arisa* Você já parou para pensar no que é trabalho? Se procurarmos no dicionário, encontraremos algumas definições como estas: |
“aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim; atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento.”
Com isso é possível entender que trabalho não está necessariamente ligado à remuneração. Mas hoje quero comentar sobre o tipo de trabalho que resulta em recompensa financeira. Sabemos que é possível trabalhar com ou sem vínculo empregatício. É aí que reside a grande mudança dos últimos tempos: a tendência mundial é a de que o trabalho com “carteira assinada” abra espaço para os “jobs” – projetos com prazo determinado, onde a prestação de serviço se dá sem que o profissional seja funcionário da organização.
Até 21 de março de 1932 não existia carteira de trabalho no Brasil. A partir dessa data teve início a organização do trabalho no país. Com o passar dos anos, os direitos e benefícios foram se aprimorando, até chegarmos a uma estrutura confortável para o trabalhador onde as empresas são obrigadas pela legislação a oferecer uma série de garantias aos seus colaboradores.
Acontece que está ficando cada vez mais caro bancar os encargos trabalhistas para manter funcionários registrados. Além disso, muitas pessoas já pensam em não ter carteira assinada, muito menos patrão. Isso porque chegaram à conclusão de que as empresas não são mais sinônimo de “proteção”. Com o mercado de trabalho competitivo e a instabilidade econômica, construir toda a vida profissional numa mesma organização é algo cada vez mais inviável.
Assim, é preciso que o profissional se prepare para o trabalho remunerado, não mais somente para o emprego. Temos então, um novo perfil de trabalhador: o empreendedor.
Ser empreendedor não é tarefa fácil!
Empreendedor, e vamos novamente ao dicionário, é todo aquele que empreende, que é ativo, que executa, que tenta. Ora! Então hoje todo mundo deve ser empreendedor – principalmente aqueles que decidiram ou precisam partir para uma nova atitude profissional e pessoal. E quem são essas pessoas?
São os trabalhadores que continuam prestando serviços para a mesma empresa, mas sem vínculo; são os consultores dos mais variados segmentos que após anos de experiência adquirida, auxiliam os que ainda estão a caminho; são os novos empresários que abriram suas próprias empresas; são aqueles que trabalham vendendo algo, seja por telefone, de porta em porta, ou num local específico; enfim, são todos aqueles que fazem o famoso “bico”, mas que na verdade assumiram uma nova postura diante do trabalho, encarando-o como oportunidade, como realização, independente de ter ou não uma estrutura corporativa como âncora. Acredite: pessoas com esse perfil conquistam destaque profissional, têm sua empregabilidade assegurada, e serão capazes de obter trabalho sempre.
Bem, já sabemos que o empreendedor, dentro ou fora das organizações, é aquele que tem iniciativa, que enxerga oportunidades. Mas qual é o caminho para o profissional que não tem emprego fixo? Como estruturar as ações para que, mesmo sem carteira assinada e sem benefícios garantidos, ainda consiga se sentir motivado a tocar seus projetos ou seu trabalho temporário?
– Vocação. Em primeiro lugar, é preciso pensar na vocação. Para que tipo de atividade você tem habilidade e facilidade? Do que gosta? O que pode fazer bem feito? Vejamos um exemplo: você se expressa bem, é comunicativo, sabe escrever adequadamente, mas não sabe vender, não gosta e não consegue convencer alguém que determinado produto é bom. Então, não é aconselhável que seja vendedor, porque essa atividade exige características que não combinam totalmente com as suas. Mas você pode trabalhar o seu potencial como orador, escritor, modelo, palestrante, relações públicas, profissional de telemarketing e mais algumas opções que se encaixam nas suas habilidades. O importante é que você olhe para si mesmo e descubra as atividades que estão ligadas ao seu perfil, ou seja, qual é a sua vocação.
– Preparação. Por mais que você tenha vocação, sem estudo, conhecimento do negócio com o qual está trabalhando – ou deseja trabalhar – e planejamento, não há sucesso. Seja o seu objetivo montar uma barraca de pastel ou prestar uma consultoria para um banco de investimentos, o que importa é definir claramente os recursos dos quais precisará lançar mão para conquistar o trabalho. Alguns deles: conhecer o segmento, conhecer os concorrentes, planejar os custos do trabalho, planejar o retorno financeiro, enfim, montar um plano para tentar imaginar todas as possibilidades. E, sempre: procurar todos os tipos de informação, assistir a palestras, freqüentar cursos ler livros, revistas, publicações técnicas, assistir a filmes e documentários instrutivos, enfim, vale tudo para ampliarmos nossa visão intelectual.
– Contatos. São fundamentais na vida de todo profissional, principalmente na daqueles que trabalham “por conta”. Quanto mais gente você conhecer, mais possibilidades terá de ser indicado para um trabalho, de transformar essas pessoas em clientes, de divulgar sua atividade e de progredir. Mas não adianta somente conhecer pessoas, é preciso estabelecer um relacionamento de confiança, que permita que você peça ajuda mas que também exige atenção da sua parte. Não adianta ligar para os conhecidos só na hora de pedir alguma coisa. Você tem que se dedicar, e oferecer apoio também.
Esses são os primeiros passos. Confira nas próximas semanas mais dicas sobre o assunto. E acredite: é possível trabalhar sem vínculo empregatício, inclusive montando seu próprio negócio. Seja firme, confie na sua capacidade, pesquise, descubra o que está sendo feito de bom por aí e vá em frente!
*Regina Arisa é advogada especializada em Direito do Trabalho
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