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Por Clarissa Janini
Muito já se estudou sobre o comportamento humano e qual sua influência no ambiente de trabalho. Empresas e profissionais de RH frequentemente utilizam testes psicológicos durante recrutamento e seleção de candidatos. Um dos testes mais usados atualmente para verificar a personalidade e habilidades profissionais é o Myers-Briggs type indicator (MBTI®), que avalia a extroversão, forma de raciocínio e interesses de uma pessoa. Muitas outras teorias têm sido desenvolvidas a partir desse teste, e um dos exemplos mais famosos é o do psicólogo norte-americano David Keirsey – que se baseia nos interesses que movem as ações das pessoas. Ao contrário do MBTI®, que lista 16 tipos de personalidade, a teoria de Keirsey classifica quatro temperamentos que induzem a atitudes. A partir dos estudos do trabalho do psicólogo e de outros autores, Maria da Luz Calegari, jornalista e pedagoga, e Orlando Gemignani, consultor, escreveram Temperamento e carreira – desvendando o enigma do sucesso.
Voltado para psicólogos e profissionais de RH, o livro exige um pequeno conhecimento prévio sobre o assunto, pois explora a fundo os quatro tipos temperamentais elaborados por Keirsey: Artesãos, Guardiões, Idealistas e Racionais. Segundo os autores, a partir da descoberta do temperamento é possível mensurar as possibilidades de sucesso na vida de uma pessoa. “Pessoas que obtêm reforço positivo quando utilizam suas funções mentais e inteligências tornam-se cada vez mais otimistas, autoconfiantes e ousadas (empreendedoras)”. Obviamente, o sucesso não se refere unicamente ao reconhecimento externo e status de celebridade – cada um enxerga de modo diverso o significado de sucesso.
Para exemplificar as características dos quatro temperamentos, os autores utilizam nomes conhecidos do público e que deixaram importantes legados nos campos em que atuaram. “Para melhor compreender as características psicológicas em ação e seus efeitos, as informações divulgadas sobre cada um dos temperamentos e tipos psicológicos são encontradas nas minibiografias de brasileiros ilustres, que apresentaram enquanto viveram, segundo nosso entendimento, comportamentos extremamente claros de determinado temperamento e tipo”. Para saber qual é o seu caso, é recomendável fazer o MBTI® e, a partir do resultado, é preciso selecionar as letras referentes ao temperamento (NF, NT, SP ou SJ).
Confira, abaixo, os quatro temperamentos apontados pelos autores e os representantes famosos de cada tipo:
Os herdeiros da Terra
“Denominamos ‘herdeiros da Terra’ os tipo sensoriais: SP (ou Artesãos) e SJ (ou Guardiões), que representam 85% da população terrestre”. Os sensoriais utilizam mais a parte esquerda do cérebro, que corresponde aos 5 sentidos do homem. Ou seja, na hora de decidirem por um caminho, baseiam-se mais em suas percepções reais do que na intuição.
Artesãos (tipo SP)
Segundo os autores, cerca 41% da população mundial é do tipo SP, ou Artesão. “Pessoas de temperamento SP (sensoriais por excelência) são facilmente reconhecíveis, porque estão sempre em movimento mesmo que pareçam estar paradas, como o pintor em seu estúdio, por exemplo”. Bastante ativos, têm prazer em ser notórios e não se incomodam em ser o centro das atenções – por isso costumam ter sucesso como jogadores de futebol, empresários, artistas, promotores de eventos, jornalistas, etc. Costumam ser pessoas impulsivas, audaciosas, agitadas e com inclinação para atividades artísticas.
Principais expoentes brasileiros: Juscelino Kubitschek, Carmen Miranda, Ayrton Senna e Cândido Portinari.
Guardiões (tipo SJ)
Assim como os Artesãos, utilizam mais o lado esquerdo do cérebro – mas, ao contrário dos SP, não são muito afeitos à popularidade e à ousadia. Segundo os autores, representam entre de 35% e 45% da população. “Compõem, majoritariamente, a massa humana de praticamente todos os países do hemisfério ocidental”. Os pontos comuns à maioria dos Guardiões são: materialismo, conservadorismo, respeito à hierarquia e apreço por uma vida estável e segura. “Ao longo da História, inúmeras vezes assumiram o mecenato que, nos dias que correm, foi substituído pela responsabilidade social ou trabalho voluntário (terceiro setor)”.
Principais expoentes brasileiros: Duque de Caxias, Rachel de Queiroz, Roberto Marinho e Irmã Dulce.
Os exilados de Vênus e Júpiter
Os autores utilizam a analogia dos planetas Vênus e Júpiter para caracterizar os tipos Intuitivos (Idealistas e Racionais), que, ao contrário dos sensoriais, utilizam mais a parte direita do cérebro – que corresponde à intuição. Como são, aproximadamente, apenas 15% de toda a população mundial, são retratados como “exilados”. “Alegoricamente, é válido relacionar os NF (Sentimentais Intuitivos) ao planeta Vênus (por evocar o amor) e os NT (Racionais), a Júpiter”.
Idealistas (tipo NF)
Aproximadamente 8% da população, os Idealistas são os mais voltados ao bem-estar de si e dos outros, preocupando-se mais com o desenvolvimento espiritual do que material. Como sugere a própria designação, são também “os grandes compradores de causas políticas e sociais, além de acirrados defensores da paz, da justiça e da liberdade”. Possuem as inteligências interpessoal e intrapessoal mais desenvolvidas, o que lhes garante excelência tanto em auto-conhecimento quanto em capacidade de relacionar-se com os outros. Costumam ter sucesso nas artes, literatura, cinema, teatro, psicologia e outras áreas que necessitem vasto entendimento humano e social. Ética, diplomacia, compaixão e empatia são outras características dos Idealistas.
Principais expoentes brasileiros: Dom Hélder Câmara, Chico Xavier, Sérgio Vieira de Mello e Clarice Lispector.
Racionais (NT)
“Raros (nem chegam a 7% da população mundial), convivem de forma harmoniosa com aqueles para quem criam e desenvolvem ferramentas, máquinas, motores, instrumentos, computadores, sistemas”. Somado à intuição, está o raciocínio lógico e estratégico, o que os torna excelentes inventores e vanguardistas. “Nas empresas são líderes visionários, capazes de engendrar interessantes estratégias para conquistar novos mercados, desenvolver e aperfeiçoar produtos, descobrir novas formas de fazer as coisas, bem como novas metodologias e práticas para desenvolver pessoas”.
Principais expoentes brasileiros: Assis Chateaubriand, Mário Henrique Simonsen, Santos Dumont e Lina Bo Bardi.

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