Carreiras | Empregos

por Leila Navarro
Para “sobreviver” às transformações que estamos vivendo no planeta, só mesmo sendo um “ninja dos paradigmas”. Atualmente as coisas mudam tão depressa que você tem que estar revendo permanentemente seus conceitos, crenças, projetos, carreira, negócios e relacionamentos. Você corre o risco de isto tudo se tornar obsoleto e sem sentido, do dia para a noite.
Aliás, você pode estar dormindo com o seu maior inimigo e nem se deu conta. Isto quer dizer que você pode perder o rumo a qualquer momento. Você tem visto pessoas ao seu lado que não sabem o que querem, que não sabem o que fazer, que não encontram saída, que estão num verdadeiro labirinto?
A sensação que dá é a de que estamos sentados numa bomba atômica à beira do conflito, sem regras e próximos de um colapso. E aí? O que devemos fazer? Parar de ler este texto? Deixar de assistir ao “Jornal Nacional”?
Já pensou se pudéssemos ter poderes como aqueles mostrados no filme “O Tigre e o Dragão”? Ali os ninjas pareciam voar, eram leves, saltavam, quase nem tocavam o chão e tinham uma força, uma percepção, que pareciam ter olhos nas costas, com uma velocidade e uma resistência sobre-humanas.
Não estou me referindo, logicamente, à porção de guerreiros das sombras que estigmatiza os ninjas, os quais tinham seu próprio código de ética, identidade sob sigilo e que foram temidos por serem traiçoeiros e rápidos. Não estamos em nenhuma guerra feudal e, portanto, dispensamos suas habilidades com a invisibilidade, ocultismo e mistérios que sempre os cercaram.
Mas, não posso deixar de salientar a habilidade deles em ter o corpo e o espírito em perfeita harmonia com o universo, para que a missão que eles tinham a cumprir ocorresse perfeitamente. É isso que nos falta: estarmos plenos e em equilíbrio para cumprir nosso papel e alcançar nossos objetivos.
Os ninjas tinham como preceitos não sucumbir ao ódio, luxúria, ego e ressentimentos. Seus exercícios eram criados para apurar a percepção e o discernimento psicológico, visando o equilíbrio e o cultivo da força interior, bem como pressentir a aproximação do inimigo ou até mesmo da morte.
Esses poderes bem que viriam a calhar para atravessar este período tão conturbado que estamos vivendo! Acredito que estabilidade é uma palavra que temos que tirar do nosso dicionário, porque estamos em um verdadeiro mundo atômico.
Se não encontrarmos saídas, poderemos enlouquecer realmente. De acordo com a OMS, Organização Mundial de Saúde, o planeta Terra apresenta 25% de sua população com distúrbios mentais. Esta é uma das maiores preocupações da OMS para este século, já que nos grandes centros este desequilíbrio mental passa para 37,7%.
Eu me pergunto diariamente o que é ser louco. Estarei louca? Será que ser louco não é entrar nesta competitividade sem freio, nesta ansiedade sem limites? Será que ser louco é não tirar proveito da crise?
Será que ser louco não é estar procurando pela porta de emergência com a porta de saída à sua frente? Será que ser louco não é prever demais, prevenir demais e preservar de menos? Agora vou enlouquecer de vez e contar uma experiência que eu vivi em Manaus, em uma trilha no meio da Floresta Amazônica, com índios e outros civilizados como eu.
O índio sem bússola, mal sabendo escrever, falando um português com dificuldades, descalço, com apenas uma arma branca, uma faca, nos levou em meio à selva por quase oito horas e nos ensinou a sobreviver. Nos ensinou a aprender com a natureza, com o vento, com o sol, com o som. Nos ensinou a respeitar a natureza aprendendo a identificar os sinais que ela emite, para esperar o melhor momento para agir.
Quem voa, surfa, escala e pratica outros esportes do gênero sabe bem disso. Sabe que quando o tempo não está bom, a natureza dá sinais para você parar e esperar o momento exato, seja para seguir adiante na sua caminhada ou para pegar a melhor onda.
No universo, fisicamente, existem dois movimentos: de expansão e de retração. E isto se repete em tudo, no macrocosmo e no microcosmo. Quando o tempo é de expansão, é fácil, é bom, você cresce, ganha dinheiro e percebe as oportunidades, porque as coisas acontecem. Mas, quando o tempo é de retração você briga, reclama, se apavora, se estressa e enlouquece, ao invés de aproveitar para reciclar, repensar, repousar, parar, escutar, se organizar e rever o seu projeto.
O índio que nos guiou falou que na floresta há muitos perigos e que você precisa estar inteiro, atento, escutando, observando, fazendo parte, integrando, agregando e aprendendo. É , a selva não é muito diferente da nossa vida aqui nesta “selva de pedra”.
O que quero dizer é que tanto o ninja quanto o índio tem habilidades apuradas que os mantêm plenos e em equilíbrio, no caminho de suas respectivas missões. São essas habilidades que nos faltam, principalmente naqueles momentos em que as crises, que sempre rondam nosso país, nos tornam muito mais vulneráveis e sensíveis aos problemas.
Para terminar, vou lhe deixar a mensagem de um xamã que diz ensinar quatro coisas para os índios em sua tribo. A primeira é escutar, a segunda é que tudo está em contínua mudança, a terceira é que tudo está interligado e a quarta: “a Terra não é dá gente, nós é que somos da Terra”.
Não pense que a vida está contra você, não se sinta vítima ou louco. Escute, aproveite as mudanças a seu favor, entre nessa sinergia e faça a sua parte, o mundo precisa de você como um ser único e inteiro. Dê uma de ninja ou de índio, perca o medo e encare o desafio, quebre os paradigmas, saia do lugar-comum.
Estamos em um novo milênio, mas temos velhos sonhos. A humanidade realiza fantásticos avanços na ciência, mas não consegue dar respostas às necessidades básicas da maior parte da população do planeta. Nosso tempo de vida dobrou desde o século XVII, mas nunca temos tempo para nada. Com o século XX nós aprendemos, com o século XXI nós temos que fazer. Não há mais tempo. Faça a sua parte

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