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por Renata Marucci
Acredite: Hackers, ou Piratas de computador, não são criminosos implacáveis como se pensa.
Exemplo disso é a história dos piratas. Um pirata, antes de ser bom ou mau, precisava ter conhecimentos monumentais e profundos nas mais diversas áreas do saber. Enquanto outros olhavam para os céus e viam apenas estrelas, os piratas viam mais.
Achavam seu caminho num mapa invisível. Seguindo os ventos da coragem e o prazer da descoberta, esses homens chegaram em muitos lugares onde a língua falada era desconhecida.
“O hacker é alguém que estuda a ciência dos computadores com o objetivo de ultrapassar os manuais, ir além dos ensinamentos dos livros e escolas. Assim, ele pretende explorar ao máximo todos os recursos que a informática pode oferecer. Hacker é o constante e insaciável estudante de ciências da computação. No mundo digital, todos os hackers têm um objetivo comum: o de conquistar a liberdade tecnológica. O hacker não tem a vontade capitalista, ou seja, ele não está em busca de dinheiro e sim, de reconhecimento”, define Wayne Rocha, autor de dois livros sobre Linux e autor da página HackerMagazine.
Hacker é simplesmente alguém que conhece os sistemas operacionais (e os computadores) como a palma de sua mão, e os testa com o consentimento da empresa onde trabalha.
Uma vez que para entrar num computador sem autorização são necessários grandes conhecimentos (ainda que não seja necessariamente essa a realidade), rapidamente o termo se difundiu com um novo significado: o de intruso ou violador que acessa o controle de uma máquina na rede sem ter recebido permissão para isso.
Confusão
O hacker do mal é o cracker. Ao contrário dos hackers, os crackers são aqueles que realmente têm intenções criminosas (fraudes e espionagem). “As semelhanças entre os dois são muitas e é por isso que ocorre muita confusão na hora de utilizar a nomenclatura”, diz Wayne.
“O cracker é um irresponsável que não mede conseqüências e ataca sem piedade”, completa Thiago Zaninotti, consultor em segurança de informações e editor-executivo do portal SecureNet.
Na opinião do advogado Amaro Moraes e Silva Neto, o hacker é movido exclusivamente pelo desafio intelectual de romper as defesas de um sistema operacional – e quando consegue, encerra sua batalha.
Já o cracker, é aquele que inicia sua batalha exatamente quando consegue romper as defesas do computador, tendo em vista a obtenção de benefícios, sempre prejudicando alguém.
Assim, a mesma descoberta que pode levar a salvar vidas, também pode eliminá-las. A constatação de uma falha tecnológica pode ser feita por alguém interessado em solucionar a questão de segurança, como também por alguém com objetivos de espionagem ou de vandalismo.
“A grande verdade é que os hackers são muito bons e sabem escrever códigos que realmente funcionam. Conhecem os mecanismos que permitem a invasão de plataformas alheias. Toda grande empresa acaba por contratá-los, mais cedo ou mais tarde, para que coordenem seus sistemas de defesa”, opina o advogado.
Hackers, ao trabalho
É comum que os hackers trabalhem na área de segurança de sistemas, visto que os conhecimentos adquiridos podem ser usados para melhorar e certificar a segurança dos sistemas das empresas.
É muito importante aprender a burlar, a encontrar os pontos fracos, para depois proteger. Por isso, se uma organização pretende proteger seus dados contra crackers – e até mesmo contra hackers -, nada mais lógico que contratar um hacker para fazer isso.
Wayne Rocha conta que muitos hackers são convidados a trabalhar nas empresas devido ao sucesso que conquistaram com seus atos amadores. O mais comum é que trabalhem como analistas de segurança de sistemas, porém podem vir a trabalhar como “caça-bug” – é um analista que descobre novos bugs em softwares, em sistemas completos ou em novas máquinas, como impressoras, por exemplo.
Os hackers podem trabalhar também como programadores de computador ou administradores de rede. A variedade de conhecimento que eles possuem abre grandes oportunidades nos mais diversos setores. Um analista de segurança em início de carreira ganha cerca de 3 mil reais.
“O fato de uma pessoa ser hacker deveria ser encarado como uma qualidade, mas infelizmente não é bem visto no mercado”, explica Thiago. “Há muito preconceito em relação aos hackers porque o termo já está associado à prática ilegal”, diz o delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, chefe do setor de Crimes pela Internet.
Segundo o delegado, isso é fruto de alguns casos em que são praticados crimes cujos responsáveis vendem segurança. “Embora eu me considere um hacker, não ando por aí com uma placa dizendo que sou um”, comenta Wayne.
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