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Bernardinho
Mensagens de estímulo e auto-ajuda
“A Busca da Excelência”. O título da palestra proferida por Bernardo Rocha de Rezende, de 45 anos, o Bernardinho, já resume quem é o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino. Levantador, eterno reserva do hábil William, ele é, antes de tudo, um homem perseverante, tenaz. Tornou-se treinador e levou esse perfil para as equipes que comanda. Não demorou a fazer o mesmo em palestras motivacionais.
Bernardinho é capaz de operar o que alguns especialistas do vôlei classificam como autênticos “milagres”, como fazer o gigante Rodrigão, até então um meio-de-rede que se destaca apenas pelos seus 2,05 metros de altura, em um eficientíssimo bloqueador, titular da melhor seleção do mundo. É um de seus pontos fortes, motivar, fazer com que acreditem que é possível ir além.
Essa capacidade de motivar as pessoas é utilizada como trunfo por empresas que o contratam para bem-sucedidas palestras. A agenda de Bernardinho é apertada, afinal, a seleção de vôlei está quase que permanentemente treinando e disputando títulos pelo mundo. Isso faz com que sua presença em eventos de organizações torne-se mais rara, e cara.
A apresentação do que chama de “Roda da Excelência” costuma impressionar os espectadores. Com ela, ele mostra que um trabalho deve girar sobre o eixo do planejamento. “É importante ter metas, mas também é fundamental planejar cuidadosamente cada passo para atingi-las”, costuma repetir.
Outras frases de Bernardinho martelam as cabeças de quem acompanha suas palestras com atenção: “A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer. Vencer será conseqüência da boa preparação”, repete ele. Para o técnico, se cada pessoa levar essa mentalidade para a própria vida, é possível alcançar um patamar de excelência.
Bernardinho costuma ser objetivo e faz ligações entre a situação vivida pelo pessoal da companhia e aquelas que ele vivenciou, e ainda enfrenta no próprio dia-a-dia como treinador. Os elogios chovem. Há quem saia dos eventos dizendo que “a palestra do Bernardinho é um verdadeiro ace, o ponto marcado no saque num jogo de voleibol”. A busca da excelência, além de tema central, é sua meta constante.
Obcecado pela vitória e pela perfeição, o ex-levantador também costuma se preocupar com a derrota, para que ela não abale a ponto de impedir que o time se levante novamente. Por isso, lembra sempre a todos: “A vida nem sempre é feita de sucessos. O nosso compromisso não é ganhar, é continuar fazendo”. E vai além, frisando que uma equipe só funciona bem com integração, esforço e respeito mútuo de todos. Seja qual for o ambiente de trabalho, uma quadra, um gramado, um escritório, uma fábrica.
Bernardinho admite que se transformou num grande técnico mais por obstinação do que por talento. “Trabalhe para resistir e responder à altura a todos esses novos desafios”, ensina. Hoje, ele lidera, planeja e usa métodos que fazem com que consiga seus objetivos. Se isso funciona nos treinamentos e jogos, quando ele aparece na TV, aos berros, mantendo seus jogadores absolutamente ligados, nas palestras não é diferente. A única mudança é nas reações. Como não há uma bola no ar e um ponto decisivo em jogo, ele mantém a calma. Sorte do público.
Oscar
Emoção e carisma para treinar profissionais
Definir um objetivo, treinamento, competência individual, disciplina, superar as dificuldades, trabalho em equipe, ter o poder de decisão, o bom humor, liderança, importância da família e amigos, solidariedade no trabalho, como atingir o sucesso. São esses os tópicos da palestra que Oscar Schmidt faz pelo País.
Ele sempre foi “viciado” em treinos. São lendárias as histórias dos intermináveis arremessos após as atividades dos times nos quais jogou, aprimorando a incrível pontaria, como se fosse um garoto aprendendo a fazer suas primeiras cestas. Por isso, o ex-craque do basquete ganhou o apelido de “Mão Santa”, e faz questão de deixar claro em suas palestras: “Venci na vida e virei ídolo jogando basquete no país do futebol”.
De fato, o carisma de Oscar é incrível. Em cinco Olimpíadas, jamais ganhou uma medalha sequer, mas a conquista de um Pan-americano, em 1987, nos Estados Unidos, derrotando a seleção americana na disputa do ouro, o colocou de vez no rol dos grandes nomes da história do esporte brasileiro.
Por isso, em suas palestras, Oscar dá ênfase aos treinos, à transpiração necessária para que um atleta se torne um dos melhores. Essa analogia é transportada para o dia-a-dia de um trabalhador em sua empresa. “Aprendi que é preciso estar bem preparado, sempre”, diz ele.
Disciplina, dedicação, confiança e motivação formam a base defendida por Oscar como aquela que sustenta o profissional. E ainda lembra que um grupo vitorioso reflete o companheirismo, a seriedade, a união. “O trabalho em equipe é emblemático”, define.
O ex-cestinha da seleção, que jogou basquete por 25 anos, parando aos 45 de idade, lembra que todos devem procurar se dedicar muito mais que os outros para serem competitivos. “É fundamental procurar o seu limite, mesmo errando”, ensina o ídolo, revelando que sua autoconfiança vinha dos intensos treinamentos que ele mesmo impunha.
Para Oscar, o sucesso exige sacrifícios, e falta de recursos não é pretexto, o que importa é vontade. Constante na rotina da maioria dos trabalhadores, a pressão era transformada em uma espécie de “melhor amiga” pelo ex-jogador de basquete. Com ela, afirma, é mais motivadora a luta pela superação. “Sem a repetição dos fundamentos na quadra, minha história no basquete não teria sido a mesma”, assegura.
Oscar chega a fazer 10 palestras num só mês. Ele recebe cerca de R$ 15 mil, em média, para falar por 90 minutos, mas há momentos em que, de tão empolgado, ultrapassa o tempo combinado, para alegria do público, naturalmente formado por profissionais de diversas áreas e velhos fãs do cestinha. Com isso, a duração chega a até duas horas, 60 minutos de palestra, 30 de perguntas e respostas e mais meia hora para fotos e autógrafos.
Paula
Ela mostra que não e preciso ‘mágica’ para alcançar o sucesso
Paula sempre teve espírito de liderança, fosse na seleção brasileira de basquete feminino ou nos vários clubes que defendeu e pelos quais fez jogadas geniais que lhe valeram o apelido “Magic” antes do nome, inspirado no genial armador americano Erwin “Magic” Johnson. Quando deixou as quadras, a transição para as palestras foi natural. Ela começou a receber convites para levar às empresas um pouco de sua vivência no esporte.
Em seu contato com o público, Maria Paula Gonçalves da Silva procura mostrar que as vitórias não são mera casualidade. Ela frisa que viveu experiências intensas na sua vida de atleta e tenta, em menos de duas horas, transmitir esse conhecimento. “Todos nós temos a perseverança, garra e amor que resultam em conquistas”, repete, na tentativa de estimular a platéia para o dia-a-dia de cada um.
“Minha empresa, meu time” é o título da palestra desenvolvida por Paula, que ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil a cada apresentação. No tempo em que conversa com o grupo, a ex-armadora da seleção do Brasil, campeão mundial de basquete na Austrália em 1994, aborda pontos específicos, como o apoio da família. Ela ressalta a importância de se traçar uma boa estratégia, fala sobre como superar as barreiras e dificuldades ao longo do caminho e ressalta que é preciso trabalhar em conjunto, em equipe.
Na palestra motivacional, Paula aborda, ainda, a necessidade de um líder ser perseverante. Ela explica que sem motivação, concentração e comunicação com o grupo seu trabalho será dificultado e enfatiza preservação de características como a disciplina e a persistência. “Quem viveu inúmeras situações no esporte pode disseminar conhecimento”, acredita. “A vida é um desafio, uma competição, e o esporte coletivo funciona como uma preparação para que mais tarde o atleta encare seus novos objetivos com maior segurança”, costuma dizer.
Formada em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba, Paula fez o curso de Administração para Profissionais de Esporte na Fundação Getúlio Vargas. No início da atual administração petista em São Paulo (SP), aceitou convite da prefeita Marta Suplicy e assumiu a direção do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa. Irritada com fatos registrados durante o Pan-Americano de Santo Domingo, no ano passado, quando o Comitê Olímpico Brasileiro teria quitado parte das despesas dela e do ministro dos esportes, Agnelo Queiroz, Paula deixou a Secretaria Nacional de Alto Rendimento. Essa postura lhe deu mais credibilidade, ponto importante em palestras como as que vem realizando.
“O individualismo não se encaixa no esporte coletivo, onde funciona a máxima de ‘um por todos e todos por um’ e as dificuldades são compartilhadas”, repete Paula. Para ela, em uma empresa, conta também o esforço coletivo para o bem-estar comum do empresário e do empregado. “Motivação e trabalho em equipe são requisitos básicos para que se alcance o sucesso, independentemente da área onde se atua”, afirma.
Acreditando piamente que as competições esportivas proporcionam lições para a vida, a ex-jogadora de basquete ressalta que a conquista de uma medalha não é para qualquer atleta, mas sim para quem se preparara, se dedica aos treinos. “O êxito num vestibular, por exemplo, exige esforço, sacrifício, renúncia, mas o sucesso nos exames, a aprovação, a entrada na faculdade é a compensação desse empenho”, compara.
Aurélio Miguel
Judoca revela como se tornou um lutador não apenas nos tatames
O maior judoca brasileiro de todos os tempos, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1988, Aurélio Miguel só começou a vida esportiva, menino, aos quatro anos de idade, devido a uma recomendação médica. O objetivo era superar problemas respiratórios com a prática regular do judô. Assim, desde cedo, ele teve que aprender a conviver com rotinas de treinamentos, dedicação, alimentação adequada, com a vida de um pequeno atleta.
“A disciplina do esporte é muito rígida e custa para uma criança se acostumar e entender. Mas depois que comecei a competir, peguei amor pelo judô e não larguei mais”, resume Aurélio, que aos sete anos já disputava torneios por exigência do pai. O sabor da vitória o convenceu a seguir em frente, e em algum tempo o garoto já não ficava mais contrariado com a participação em competições nas quais tentava derrotar suas próprias limitações para então bater os oponentes.
Com 16 anos, iniciou a carreira internacional, e aos 18 conquistaria a medalha de Prata no Mundial na Finlândia. Começava uma longa trajetória de sucesso. Aurélio Miguel acumulou incontáveis experiências, precisando de muita dedicação e sendo forçado a se tornar cada vez mais determinado. Caso contrário, jamais conseguiria se tornar tão competitivo a ponto de ser um campeão olímpico.
Com tanto tempo — praticamente a vida inteira — dedicado aos treinamentos, à superação de obstáculos, como o controle do peso, ele se credenciou a levar parte de seus conhecimentos acumulados por décadas para os funcionários de empresas. Se precisam de uma palavra de motivação capaz de torná-los mais preparados para superar adversidades, Aurélio cumpre seu papel. Na palestra, o judoca detalha casos relatados de acordo com a expectativa do cliente, adequado suas analogias ao treinamento em questão.
O cruzamento entre suas experiências vividas no esporte e a rotina diária na vida corporativa resulta em uma palestra com, em média, uma hora e dez minutos de duração. Há, ainda, mais meia hora dedicada às perguntas dos participantes.
Aurélio não foi para os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, e depois de abandonar as competições, concorreu em 2002 a uma vaga na câmara dos deputados, sem conseguir se eleger. Nem por isso desistiu de suas metas, entre elas, a abertura de academias que têm como objetivo revelar novos talentos no judô brasileiro. “Quero trabalhar melhor na didática, no ensinamento da modalidade”, explica o campeão olímpico, que segue superando suas adversidades, encarando desafios e ensinando às pessoas a superá-los.
O time da palavra
Saiba quem são os principais palestrantes
Amir Klink (esportes náuticos)
Aurélio Miguel (judô)
Bernardinho (vôlei)
Carlos Alberto Brunoro (vôlei e administração esportiva)
Carlos Alberto Parreira (futebol)
Dunga (futebol)
Felipão (futebol)
Fernanda Venturini (vôlei)
Giovane (vôlei)
Gustavo Borges (natação)
Hortência (basquete)
José Roberto Guimarães (vôlei)
Klever Kolberg (piloto de rali)
Lars Grael (iatismo)
Luiz Felipe Scolari (futebol)
Maguila – Adílson Rodrigues (boxe)
Manoel Tobias (futsal)
Marcelo Negrão (vôlei)
Montanaro (vôlei)
Oscar Schmidt (basquete)
Oswaldo de Oliveira (futebol)
Paula (basquete)
Paulão (vôlei)
Robert Scheidt (iatismo)
Rogério Ceni (futebol)
Sócrates (futebol)
Suzy Fleury (psicóloga de times de futebol)
Tite (futebol)
Tomaz Brandolin (alpinismo)
Virna (vôlei)
Waldemar Niclevicz (alpinismo)
Zagallo (futebol)
Zetti (futebol)

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