Carreiras | Empregos

por Beto Gomes
Os empregados que são freqüentemente humilhados pelo chefe no ambiente de trabalho têm mais problemas de saúde do que se imagina. Além de abalar a auto-estima e a confiança do funcionário, o comportamento agressivo dos patrões pode causar pressão alta, dores no peito, falta de ar, distúrbios do sono e disfunção sexual. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pela médica do trabalho Margarida Barreto, coordenadora do Curso de Especialização em Medicina da Santa Casa de São Paulo e membro do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Depois de entrevistar 2.072 pessoas, Margarida verificou que 870 (42%) tinham enfrentado algum tipo de situação constrangedora no trabalho, sobretudo humilhação. Desses, 80% disseram que sofriam dores no peito, 67% apresentaram distúrbios do sono, 45% registraram aumento de pressão e 40% perderam o apetite sexual. O levantamento foi realizado no Sindicato das Indústrias Químicas, Plásticas e Farmacêuticas de São Paulo.
Além dos números, o estudo da médica revelou um dado surpreendente: todos os homens pensaram em se suicidar e 18,3% tentou, de fato, tirar a própria vida. Entre as mulheres, esse índice foi nulo. Em contrapartida, elas são mais rebaixadas pelos patrões. “A humilhação, que muitas vezes aparece de uma forma irônica, provoca uma desordem emocional no trabalhador que, em geral, leva à depressão. Muitos voluntários apresentaram baixa auto-estima e disseram que se sentiam inferiores em relação aos próprios colegas. São fatores que vão refletir diretamente na sua vida pessoal, provocando assim distúrbios de sono e disfunção sexual”, analisa.
De acordo com Margarida, 60% das mulheres e 15% dos homens que foram humilhados pelos chefes tiveram diminuição da libido. “A dupla jornada, por si só, já interfere no desempenho sexual das pessoas. Principalmente para as mulheres, o desejo está muito ligado ao cotidiano. Se ela teve um dia ruim, trabalhou muito e está cansada, dificilmente vai manter relações à noite. No caso dos homens, ocorre o oposto. Para eles, o sexo é uma forma de aliviar as tensões”, acredita.

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