Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
Fábio Almeida tem 20 anos e acaba de conquistar seu primeiro emprego. Desde o começo deste ano ele trabalha como atendente de loja na Leader Magazine, rede carioca de varejo. “Comecei como temporário no final do ano passado, trabalhei duro e fui efetivado em fevereiro, para atuar na nova filial de São Gonçalo”.
Fábio pode se considerar uma pessoa de sorte, já que são muitos os jovens que atualmente engrossam a fila do desemprego. “As chances para profissionais na faixa etária de 18 e 19 anos de conseguir uma colocação eram muito maiores há dois anos. Mas, diante da retração do mercado de trabalho, muitos profissionais só estão conseguindo o primeiro emprego aos 21 ou 22 anos”, constata Sylmara Valentini, diretora de Consultoria de RH da Adecco. Ela destaca que não é raro encontrar candidatos com 25 anos que ainda não conseguiram um trabalho formal, com carteira assinada.
Mas por que conseguir o primeiro emprego está se tornando cada vez mais difícil? De acordo com Ana Lucia Ferreira Gouvêa, consultora de RH pleno da Adecco, isso acontece por duas razões: a primeira delas é o desemprego, que acomete todas as áreas e níveis hierárquicos – mas, para quem está entrando no mercado, a situação torna-se ainda mais complicada. Já a segunda razão são as exigências de qualificação e experiência, que estão cada vez maiores. “Hoje em dia, o jovem precisa ser fluente em inglês e ainda ter um segundo idioma, que na maior parte dos casos é o espanhol. Além disso, as empresas querem um candidato que tenha se formado ou esteja saindo de uma faculdade de primeira linha – leia-se USP, FGV, PUC, Unesp, e outras de renome -, domínio de informática e experiência anterior”.
Mas não é uma incoerência pedir experiência de um jovem que acaba de sair da faculdade e está começando a carreira? – você pode se perguntar. Ana afirma que, apesar de estranha, a solicitação é mais comum do que se imagina, e ocorre com mais freqüência nas áreas Administrativa, Financeira e Contábil. “Muitas empresas contratam um estagiário mas na verdade querem uma mão-de-obra barata, por isso pedem a experiência”. Ao invés de entrar na empresa para aprender e adquirir conhecimento, o estagiário acaba trabalhando tanto quanto qualquer profissional – mas ganhando muito menos e muitas vezes sem qualquer ligação formal com a empresa.
Qual é a saída? Invista nas suas competências – não só as técnicas, mas principalmente as comportamentais. A dica do consultor de carreiras Samuel Szwarc vai primeiro para os pais: “O ideal seria que eles começassem a preparar os filhos desde cedo. Hoje em dia, uma criança de cinco, seis anos já sabe mexer no computador. Quem começa a usar a informática aos 15, 16 anos, por exemplo, já está defasado. Os pais sabem mais do que ninguém a importância dos valores na educação dos filhos. Asseio, pontualidade, ética, cidadania, são todos conceitos que se aprende em casa”.
Mas e quem já está quase na idade adulta e quer ter seu diferencial no mercado? Nesse caso, o consultor recomenda: “Leia muito, vá a museus, conheça outras culturas e idiomas, aprenda a ser líder, empreendedor, criativo, seja flexível, saiba trabalhar em equipe, mantenha sempre uma postura ética, faça um trabalho voluntário”. São pequenas atitudes e comportamentos que podem fazer a diferença entre você e outro candidato de um mesmo nível.
Diante desse cenário, a Adecco tem orientado os candidatos a ampliar sua qualificação, com a realização de cursos técnicos, de nível médio e superior, bem como cursos de línguas. “Também temos orientado os profissionais que nos procuram a respeito de cursinhos pré-vestibulares oferecidos para a população carente por algumas universidades, bem como na possibilidade de atuarem como voluntários em comunidades carentes, igrejas e associações de bairro, em troca de bolsas de estudo. Importante é ter um diferencial, ser curioso, ir em busca de conhecimento e correr atrás dos seus objetivos”, completa Ana Lucia.
Mesmo para quem não fez faculdade e está em busca de emprego, Samuel diz que a máxima “Não sei fazer nada” não é válida. Ele afirma que você não precisa fazer só as coisas sofisticadas, e com certeza há alguma atividade corporativa que você possa fazer. “Você sabe fazer café, sabe tirar xerox, sabe atender ao telefone. Por que não começar de baixo e aos poucos ir conquistando seu espaço na organização? Em muitas empresas, a moça do café faz mais falta que o diretor”, brinca ele.

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