por Juliana Ricci
Ram Charam, o doutor em administração indiano que conquistou a confiança de Jack Welch – chairman da General Eletric por 20 anos – abriu o ciclo de palestras da Career Fair, feira de carreira que reuniu, nos dias 27 e 28 de maio, 35 apresentações sobre desenvolvimento profissional e 22 expositores de produtos e serviços ligados ao tema.
O primeiro ponto crucial para o fracasso de um líder, segundo Charam, é a distorção da realidade. Como geralmente os líderes não possuem fontes seguras, recebem as informações – sobre o mercado, a concorrência, os reflexos das mudanças na economia, etc – de maneira distorcida, o que provoca, muitas vezes, equívocos nas decisões tomadas. No lugar de buscar a verdade, a origem dos fatos, os líderes fazem projeções superficiais, o que gera resultados duvidosos.
O exemplo utilizado pelo palestrante para ilustrar o hábito de distorcer a realidade, tão comum no dia-a-dia dos CEOs, foi a fusão da América Online (AOL) com a Time Warner. As duas gigantes da área de comunicação e entretenimento, segundo Charam, só pensaram na geração de receita adicional, oriunda dos novos negócios e do aumento de publicidade. Porém, faltaram perguntas realistas: o consumidor vai gostar? O consumidor pagaria pelo novo serviço? Os executivos de todas as divisões colaborariam para a sinergia necessária neste novo momento? Para o guru, esse foi um caso de realidade distorcida.
Como obter informação? Conversando com as pessoas, buscando pontos de vista diferentes, tentando levantar fatos e consequências futuros – sem especular, claro.
Foco é o segundo ponto fundamental no sucesso – ou fracasso – dos líderes, de acordo com Charam. Para o guru, mudar o foco da empresa constantemente é sinal de fracasso. Se cada novo CEO resolver implantar uma nova visão, novas estratégias e novos valores, não há solidez corporativa. O foco deve ser preciso, baseado no comportamento da economia e do mercado, principalmente no segmento de atuação da empresa. O exemplo utilizado por Charam desta vez foi o do Wall Mart, maior rede de supermercados do mundo, que só na Índia tem um faturamento anual de US$ 200 bilhões. O foco do Wall Mart no varejo é específico, direto, totalmente voltado para a fidelização dos clientes.
Falta de tino empresarial foi o terceiro item apresentado por Ram Charam como causa do insucesso dos executivos. Descobrir como obter lucro diante de um negócio é fundamental para os líderes. Para isso, devem considerar:
- Caixa: é preciso considerar os riscos, saber como ter dinheiro em reserva para imprevistos, para pagar empréstimos, para investir
- Retorno (margem X velocidade)
- Crescimento
- Clientes
A execução é mais um dos fatores decisivos para o bom desempenho dos líderes. Para o indiano, de nada adianta ter idéias brilhantes se não há habilidade para implementá-las, executá-las. A execução clareia a visão e determina focos precisos. Veja abaixo o que pode atrapalhar o profissional na prática da execução de idéias:
- Não combater a baixa performance
- Frear as ações dos outros por conta da própria insegurança
- Realizar reuniões em excesso, devido à falta de clareza e objetividade
A seleção correta de pessoas é um ponto muitas vezes menosprezado, mas que segundo Ram Charam interfere diretamente nos resultados obtidos pelos CEOs. Veja as dicas do consultor para acertar em cheio:
- Líderes devem saber se estão avaliando bem as pessoas, se elas estão nos postos certos. Com isso, elas podem se desenvolver
- Contrate profissionais que o levem ao próximo nível, não aqueles que apenas atendem às suas necessidades atuais
- Saiba quantos profissionais de categoria “A” você tem na empresa, e se você mesmo é um deles. Eles devem ser bem remunerados para se sentirem estimulados a melhorar cada vez mais
- Recrutamento leva tempo, portanto, dedique-se
- 22% das empresas que têm profissionais “A” têm mais margem de lucro
- Profissionais “A” têm 40% mais produtividade que os outros e aumentam o lucro da empresa em 44%
Por fim, Ram Charam apresentou as características do líder de sucesso:
- Soluciona conflitos
- Informa, ajuda os outros a saberem o que deve ser feito
- Tem qualidade no diálogo (consegue manter a informalidade e fechar o assunto)
- Acompanha os processos, não apenas delega
- Tem consistência nos hábitos – e consequentemente na empresa, o que o leva a aprimorar suas habilidade
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