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Só de ouvir falar, muita gente arregala os olhos de preocupação. Os testes de seleção são uma das etapas mais temidas dos processos seletivos, às vezes até mais do que a própria entrevista. Mas é importante lembrar que ficar nervoso e preocupado só piora a condição do candidato. Aplicados geralmente antes ou depois da entrevista individual, os testes têm como objetivo detectar características da sua personalidade, o que significa que não há bom ou mau desempenho. Sendo verdadeiro, você mostrará se está pronto para corresponder às expectativas da empresa, independente do tipo de teste que estiver fazendo.
Os testes mais utilizados atualmente são os psicológicos, que podem ser uma prova situacional (você é colocado na frente de um problema para que os selecionadores avaliem a forma como você vai resolvê-lo) ou a criação de desenhos, como no caso do Wartegg e do Zulliger.
Viviane Panareli, psicóloga especializada em Psiquiatria e consultora free-lancer, explica que não há razão alguma para se preocupar. “Tento mostrar ao candidato que o teste não é um bicho de sete cabeças e o seu objetivo é justamente verificar se há uma ligação entre o perfil do candidato e o perfil da empresa, característica essencial para a pessoa se dar bem na organização”. A especialidade de Viviane é o teste Wartegg, um dos mais utilizados atualmente e que analisa todos os aspectos da personalidade do indivíduo, principalmente no que se refere à emoção, imaginação, dinamismo, controle e contato com a realidade. Segundo ela, “normalmente quem chegou até essa etapa do processo seletivo já passou por dinâmicas de grupo, testes escritos e entrevistas, então é um candidato que já está bem familiarizado com a empresa que ele poderá trabalhar e com a seleção em si”.
Tipos de testes de seleção
Wartegg
O teste consiste em completar desenhos que são apresentados na metade superior da folha de aplicação, em um retângulo dividido em 8 quadrados. Em cada quadrado há um sinal-estímulo (uma linha ou um ponto desenhado), onde o candidato deve continuar com o que lhe vier à cabeça. Depois ele deve anotar a sequência de realização dos desenhos nos quadradinhos ao lado do número de cada desenho. Na metade inferior da folha deve escrever o que cada um deles significa e responder a quatro perguntas sobre as suas preferências e rejeições. Normalmente, o teste dura de 15 a 20 minutos, e pode ser aplicado de forma individual ou em grupo. (fonte: CETEPP – Centro Editor de Testes e Pesquisa em Psicologia)
Zulliger
Outro teste muito utilizado pelas empresas hoje em dia é o Zulliger, teste profundo que avalia a estrutura básica da personalidade, incluindo sentimentos e evidenciando seus medos e preconceitos. No teste o candidato recebe três pranchas com manchas de tinta e deve dizer com o que elas se parecem e o que poderiam ser. Suas respostas e reações são anotadas e logo após são feitas perguntas para esclarecer os aspectos que contribuiram para a formação das respostas. Todas as respostas são então classificadas e lhe são atribuídas vários códigos, conforme critérios padronizados.
Aspecto Legal
O CRP (Conselho Regional de Psicologia) é o órgão que fiscaliza os testes de seleção. As únicas pessoas autorizadas a aplicar estes testes são psicólogos com registro no Conselho e, segundo a resolução de lei nº 25/2001, lançada no ano passado, os testes devem estar baseados em uma pesquisa científica para terem validade legal.
Apesar de não ser reconhecida pelo CRP, a grafologia (estudo das letras) é utilizada por muitos selecionadores como uma espécie de teste de avaliação de candidatos. A psicóloga Sandra Gouveia Moreir, passou cerca de dois anos estudando essa técnica, que hoje utiliza em alguns processos seletivos. Ela afirma que a letra é vista quase como um desenho e o psicólogo avalia como o candidato utiliza o espaço do papel, qual lado do papel ele prefere, entre outros critérios. Para saber mais sobre a técnica da grafologia.
Mas como saber que teste a empresa vai aplicar? Na opinião de Sandra, essa é uma questão muito difícil de ser respondida, já que cada empresa tem um sistema diferente, e pode até decidir não utilizar testes. “Costumo definir os testes a serem utilizados sempre respeitando a cultura das empresas. Normalmente elas têm bem claro o quanto querem investir no futuro funcionário e quais as habilidades necessárias para o cargo, então eu acredito que os testes auxiliam bastante nesse processo, já que conseguem mostrar ao selecionador a verdadeira personalidade da pessoa e suas principais competências”, explica Sandra Moreira.
A psicóloga afirma que hoje em dia algumas empresas estão optando por fazer testes psicólogicos no computador, que não exigem a presença de um psicólogo e, teoricamente, são mais rápidos que os testes tradicionais. Ela discorda: “Não acredito que o teste no computador seja tão mais rápido assim. Além disso, acho a presença do psicólogo fundamental, já que ele avaliará não apenas o resultado do teste, mas também as reações da pessoa na hora, se ela está tensa ou tranquila, como elabora o desenho e seu comportamento durante o processo. São informações muito importantes sobre o candidato e que são perdidas com o teste feito no computador”, comenta Sandra.
A verdade é que não há como indicar uma fórmula pronta de se sair bem, e os especialistas sugerem que o melhor a fazer nessa hora é ser paciente, administrar a ansiedade e jamais mentir ou omitir informações. Você terá muito mais chances de ser contratado se for você mesmo e responder – ou desenhar – aquilo que for natural para você.
Para Maria Madalena Chiapetta, Diretora de Treinamento e Consultoria do IPO – Instituto de Psicologia Organizacional, conhecer as características do teste não é o mais importante. “Mais do que saber como será o teste, o candidato deve ter em mente algumas atitudes, que devem começar na noite anterior, como dormir bem, não comer comida pesada e estar tranqüilo e consciente das suas habilidades. Não adianta nada ficar estudando ou imaginando como será o teste, porque é tudo muito subjetivo e o que vai ser estudado pelo selecionador é a própria capacidade e personalidade da pessoa, e isso não pode ser mudado”, afirma.

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