Por Janete Dias*
O currículo é um documento que pode gerar boas oportunidades de contato com as empresas ou, simplesmente, fechar as portas das mesmas para aqueles candidatos que não sabem como apresentar, de forma adequada, as informações a respeito de sua trajetória profissional. Mas, afinal, o que o currículo diz a seu respeito, na visão dos selecionadores de Talentos Humanos?
Vejamos alguns aspectos que chamam a atenção na análise desse documento:
- Na estética: um currículo “clean”, com uma diagramação bem feita, com a utilização de um tipo padronizado de letra, sem negritos e sublinhados em exagero, passa a impressão de que seu dono seja uma pessoa organizada, que se preocupa em entregar um trabalho bem feito, bem apresentado.
- A utilização de, no máximo, duas páginas para descrever suas características e experiências profissionais pode ser interpretada como capacidade de ser objetivo e sintético na apresentação das informações.
- É importante lembrar que um currículo com erros de português pode ser facilmente descartado, pois, por mais qualificado que seja o candidato, problemas com ortografia subtraem a credibilidade das informações apresentadas.
- Uma das primeiras informações que deve ser oferecida pelo currículo é referente ao objetivo profissional buscado pela pessoa. A ausência desse campo, ou ainda, um objetivo mal formulado, passa a impressão de que não há um foco específico do candidato, em relação a sua atuação.
- Para aqueles que acreditam que devem deixar que a empresa escolha a melhor forma de aproveitar seu perfil/ talento, fica aqui a dica de que isso não é bem visto pelos selecionadores, pois alguém que não se responsabiliza por suas conquistas profissionais, que não tem uma expectativa definida em relação a seu trabalho, pode ter dificuldades em firmar vínculos mais fortes com a organização.
- Com relação ao tempo de permanência numa determinada empresa, não há uma regra única. Há aqueles que vivem mudando de emprego, por vezes chegam a passar somente alguns meses numa empresa e na seqüência já estão partindo para outra. Dependendo da freqüência com que isso acontece e dos motivos que levam o profissional a realizar essas migrações, seu comportamento pode ser considerado como de uma pessoa instável, com dificuldades de assumir compromissos mais longos. Pode vir a ser descartado, pela possibilidade de também não querer passar muito tempo na nova empresa. Mas vale lembrar que isso é relativo. Depende muito dos motivos que levam a pessoa a construir sua experiência profissional dessa forma. Há os casos de projetos de curta duração, há as campanhas com tempo de duração mais curto, há os trabalhos temporários, enfim, é necessário analisar cada caso com especial atenção para evitar conclusões apressadas. Há também aqueles que permanecem por muitos anos na mesma instituição. Alguns podem se perguntar se isso passa uma impressão de acomodação. Bem, esse caso também é relativo. Vai depender de como a pessoa conduziu suas conquistas dentro da empresa durante o período em que lá esteve. Se fica evidente que a pessoa se preocupou em traçar uma trajetória ascendente, que apresenta várias conquistas e resultados interessantes dentro de sua área de atuação, então isso pode ser interpretado de uma forma bastante salutar, uma vez que a pessoa não estava acomodada e sim aproveitando os desafios que lhe foram apresentados.
- No campo de qualificações pessoais, é fundamental ser honesto e sincero e não inventar conhecimentos e habilidades que não possua. É primordial que alguns resultados conquistados pelo profissional em seu campo de trabalho sejam relatados aqui. As habilidades registradas devem estar em sintonia com o objetivo pretendido, para que haja coerência e harmonia nessa comunicação realizada através do currículo.
Bem, esses são alguns dos aspectos que podem ajudar alguém na hora de ser escolhido, ou podem dificultar bastante a conquista da vaga de trabalho almejada.
*Janete Dias é coordenadora do Centro de Carreiras do Instituto Nacional de Pós-graduação (INPG).
Comentários 0 comentário