por Roberto Shinyashiki*
As universidades corporativas, os cursos de MBA, as mais reconhecidas escolas do ensino fundamental, básico, tecnológico e superior têm direta relação de causa-efeito com o nível de empregabilidade, atual ou futura, de seus alunos. Afinal, o conhecimento é a base mais sólida e importante da competitividade dos profissionais e das empresas às quais emprestam o seu talento.
Com base nesse pressuposto, é fácil perceber, no universo dos países em desenvolvimento, como a heterogeneidade do ensino, em todos os níveis, torna genericamente desiguais as oportunidades no mercado de trabalho. Investir na educação, portanto, mais do que um dever do Estado, é fator condicionante ao desenvolvimento de uma Nação. Não se pode aceitar como desígnio da história ou do destino a perpetuação de um sistema educacional que determina precocemente o futuro da maioria dos que iniciam, na pré-escola, a sua jornada na educação.
A discriminação na base, fruto do descaso histórico com o problema, provoca numerosas distorções. Por exemplo: a maioria dos alunos das universidades públicas, normalmente de melhor qualidade e mais procura nos vestibulares, é da classe média para cima. E o problema é antigo, remontando ao período colonial, como bem observa Nélson Werneck Sodré: “Mais importante do que alfabetizar as crianças indígenas era destruir nelas a cultura de seus pais”.
Pois bem, caso o País não queira continuar colonizando suas próprias crianças no estado inóspito da desigualdade de oportunidades, que fere de forma letal a essência da filosofia democrática, é necessário promover o definitivo resgate da qualidade do ensino público e universal. Passos importantes e necessários já foram dados nesse sentido, com a abertura de vagas para a grande maioria das crianças e adolescentes na pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, bem como a informatização das escolas, aperfeiçoamento das grades curriculares, Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e estímulo à leitura.
No entanto, à conquista da qualidade do ensino público falta o mais essencial dos requisitos: a melhoria na formação e a valorização profissional do professor. Por mais capacidade que o ensino público tenha de atender quantitativamente à demanda, por mais computadores e bibliotecas que tenham as escolas e por mais generosa que seja a distribuição de livros didáticos, nada se compara à missão do mestre. O bom e dedicado professor ensina, e bem, até mesmo sem essas importantes ferramentas. Por isso, a Nação ainda tem, com ele, a dívida do bom senso da justiça profissional.
O professor, cujo dia se comemora em 15 de outubro, é profissional estratégico, portanto, para a sociedade, para as perspectivas de desenvolvimento do País e para as empresas, que precisam, cada vez mais, em todos os cargos e funções, de profissionais bem formados, com base sólida de conhecimentos. Os mais badalados cursos de MBA, as universidades corporativas e as pós-graduações nas instituições de ponta do ensino superior, tão disputados por executivos e gerentes em busca de ascensão profissional, têm sua inegável qualidade ancorada na excelência de seus docentes.
Este conceito tem de subir os morros do Rio de Janeiro, arraigar-se na mais remota periferia e nas favelas paulistanas, saciar a sede de conhecimento das crianças do sertão e do agreste nordestinos, navegar pelas águas amazônicas, tornar menos seca a cultura da infância esquecida do Planalto Central e se espalhar nos ventos do Sul. “A criança continuamente cria e recria seu modelo de realidade”, já dizia Jean Piaget, psicólogo suíço, cujos estudos e conclusões revolucionaram todas as teses e modelos relacionados à aprendizagem e à educação. Somente o professor, em contato diário com seus alunos, pode trabalhar esses conteúdos, conciliando o aprendizado acadêmico e científico com a realidade peculiar de cada criança, de cada turma, de cada região.
No universo cognitivo das crianças brasileiras não pode mais predominar a baixa auto-estima e a consciência precoce da falta de perspectivas. É necessário que a aprendizagem, que só o docente pode ministrar, seja a redenção, a oportunidade verdadeira, a porta para um futuro melhor. Assim, mais do que justas homenagens no Dia do Professor, a Nação deve refletir sobre a urgência de conferir ao mestre condições dignas para que cumpra integralmente o seu verdadeiro papel. Este é o passo decisivo para a solução dos problemas do ensino no Brasil.
*Roberto Shinyashiki é médico psiquiatra, com pós-graduação em Administração de Empresas (MBA USP), escritor, consultor e presidente da Editora Gente e o Instituto Gente.
O passo decisivo do ensino no Brasil
por Roberto Shinyashiki* As universidades corporativas, os cursos de MBA, as mais reconhecidas escolas do ensino fundamental, básico, tecnológico e superior têm direta relação de causa-efeito com o nível de empregabilidade, atual ou futura, de seus alunos. Afinal, o conhecimento é a base mais sólida e importante da competitividade dos profissionais e das empresas às […]
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