Problemas, quem não tem? Quando as mulheres decidiram sair às ruas em busca da igualdade, sabiam que para conseguir seu espaço no mercado de trabalho teriam de percorrer um longo e árduo caminho. “As mulheres tiveram de aprender a equilibrar os problemas domésticos e as necessidades profissionais”, avalia Marisa Gonçalves, consultora da Redhunter Consultoria e Treinamento.
Um exemplo disso pôde ser sentido por Márcia Carvalho de Souza, gerente de telemarketing. Ela sentiu na pele o que é ter de “deixar” a família de lado para investir na carreira. Quando questionada se valeu a pena o sacrifício, a resposta é imediata: “não tenha dúvidas, se não me realizasse profissionalmente, não seria feliz no campo emocional.”
Ela tem apenas 29 anos e é responsável por coordenar um grupo de mais de 100 pessoas. Sem horário certo para sair da empresa desde que assumiu o cargo, há 11 anos, tem de agendar todos os seus afazeres do lar e médicos com antecedência e consultar a agenda periodicamente, senão os trabalhos da empresa acabam impedindo-a de levar uma vida social saudável. “Não tenho horas para sair da empresa, trabalho de acordo com a demanda. Se tenho de ficar até tarde, fico sem achar ruim. Por isso que tenho uma pessoa que me ajuda a cuidar da agenda, senão só trabalho e esqueço dos outros compromissos sociais”, declara.
Além de sua competência, seu sucesso profissional deve-se a compreensão do marido. Aquele ditado “atrás de um grande homem, sempre vem um grande mulher”, no caso de Márcia se enquadra perfeitamente, só que de forma contrária. “Meu marido tem um papel fundamental dentro da minha vida e carreira profissional, pois além de ser compreensivo, jamais reclamou e apoia minhas decisões.”
Outra que admite essas dificuldades de concilar família e trabalho foi Márcia Bonfim, 38 anos, chefe do departamento de cobranças da Bayer há seis anos. “Tenho dois filhos e dificilmente participava de reuniões escolares, não tinha tempo. Se hoje trabalho duro é para dar o melhor a eles. Acredito que no futuro eles vão reconhecer meus esforços.”
Assim que assumiu o cargo, ela teve de romper muitas barreiras. A primeira foi a do preconceito. Por ser a primeira mulher a assumir a função na empresa, teve dificuldades em impor seu método de trabalho e conseguir o respeito dos funcionários. “Tive de mostrar que sou capaz, e isto foi ótimo. Minha carreira profissional deu um grande salto, estava sempre procurando formas para estar atualizada e jamais decepcionar meus funcionários. Quando mostrei competência, passei a ser muito admirada por eles”, diz orgulhosa.
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