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Sou recém-formada em Psicologia e trabalho em uma empresa pequena, no ramo
de vendas. Meus chefes querem que eu motive o grupo de vendas e que em todas
as reuniões eu os surpreenda com dinâmicas que motivem para o dia de
trabalho. Eu só encontro livros de dinâmica que trabalham sentimentos ou
integração e já tentei dinâmicas de reflexão, mas eles não gostam. Tem que ser
algo que movimente-os, que seja rápido. Você tem algumas dicas? Tem livros ou
cursos para me indicar?
Danielle Moser de Souza
Resposta

Danielle,
Sua dúvida é bastante comum e até polêmica, por incrível que possa parecer. Qual o motivo da polêmica, você deve estar perguntando. Bem, é preciso entender o que o pessoal da empresa entende por “surpreender com dinâmicas que motivem para o dia de trabalho”.
É possível aplicar  vitalizadores, por exemplo, que realmente “ligam o profissional no 220” pelo resto do dia. E, o que vem depois? O vazio…
Dificilmente os profissionais – e as empresas – gostam de reflexão. Só que é isso que “mantém” a motivação. É preciso salientar que a palavra motivação indica “motivo para algo”. Vender é o motivo final? Ganhar dinheiro basta? No fundo, não.
Para o ser humano se manter motivado com algo é preciso que busque motivos INTERNOS. Só assim ele manterá aqueles comportamentos e atitudes que o levarão aos objetivos desejados.
O prazer de comprar uma lancha pode ser um motivo? Claro. E se este profissional interessado em comprar uma lancha precisar de motivos “externos” diariamente para se manter no foco almejado, constatamos que a motivação para comprar a tal lancha não é tão grande assim.
Tudo isso para dizer que você pode, sim, aplicar diversos exercícios motivacionais que não requerem grandes (ou nenhuma) reflexão. Isso traz algumas conseqüências:
1. De forma geral as dinâmicas que você aplicar podem ser vistas como “brincadeiras”. Frases do tipo “e aí, Danielle, que brincadeira você programou para hoje?” podem virar rotina
2. Transformar uma dinâmica de grupo em “brincadeira” é perigoso (desmerece Recursos Humanos e até os profissonais da área), inoportuno (o trabalho comportamental é extremamente mais complexo que isso) e sub-utiliza o instrumento (pois a dinâmica é um poderoso recurso facilitador de mudanças)
3. Os adultos precisam se sentir “tocados” para que uma nova atitude se solidifique. Se não houver o mínimo de aprofundamento nas dinâmicas, esse “toque” não existirá. Por isso, a motivação não se instalará
4. Sem reflexão, não há conscientização. Sem conscientização, não há mudanças. Sem mudanças, não há quebra de paradigmas, evolução, crescimento. Estaremos criando “robôs” que simplesmente reagem aos estímulos, sem saber o motivo
Com tudo isso, Danielle, quero lhe dizer: evite ceder às pressões. Seja técnica, embase seus procedimentos, revele aos gestores da sua empresa o quanto todos poderão ganhar com o uso adequado das Dinâmicas de Grupo. Isso não acontece do dia para a noite. É preciso educar, aculturar os profissionais, e vale a pena.
Mas se, depois de tudo isso, você ainda optar por aplicar as dinâmicas do jeitinho que lhe foi solicitado, aqui vão algumas indicações bibliográficas:
“Vitalizadores”, de Albigenor e Rose Militão. Editora Qualitymark, 2001.
“Jogos na Escola, nos Grupos”, de Maria Salete Pereira. Edições Paulinas, 2001. (Requer adaptações para o trabalho com adultos)
“Jogos para Estimulação das Múltiplas Inteligências”, de Celso Antunes. Editora Vozes, 2001.
Sucesso e paz profunda a você.

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