Se existia algo que nunca faltava nas reuniões de trabalho de Marilia Zylbersztajn, de 33 anos, era doce – de preferência uma torta ou bolo, feitos por ela. Psicóloga de formação, a paulistana trabalhou durante quatro anos na área. Embora a função fosse satisfatória, ela não era apaixonada pelo o que fazia.
“Via amigos falando sobre a psicologia com uma animação que eu não sentia”, diz. Do que ela gostava de verdade era do seu hobby: cozinhar e pesquisar sobre alimentação.
Por que você resolveu mudar de carreira?
Quando você resolve mudar, é porque você tem alguma expectativa que não está atingindo. Sou formada em psicologia e, embora não odiasse a profissão e sempre tenha sido boa aluna, eu não via meu futuro para sempre na psicologia. O que eu gostava era de cozinhar. […] Isso foi me envolvendo e, quando vi, estava mais ligada a isso do que à minha profissão.
Como foi a mudança?
Eu estava meio infeliz com a carreira de psicóloga. Aí comecei a pensar em um mestrado no exterior, achei que um ano fora poderia me animar. Só que eu só procurava cursos em Berkeley, na Califórnia (EUA), porque é de lá esse movimento gastronômico que me atraía.
Mas não tinha nenhum mestrado de psicologia na área que eu queria por lá. E o Google começou a me indicar cursos aleatórios na região e apareceu um do Le Cordon Bleu. Liguei para a minha mãe e brinquei que era isso que eu devia fazer, de piada mesmo. Ela me ligou no dia seguinte e me encorajou.
[…] Depois disso, foi tudo muito rápido. Era agosto. Vendi meu carro, entrei em contato com o Cordon Bleu para verificar a documentação, consegui visto, fiz um curso de inglês a jato. Em novembro, eu já estava em São Francisco.
O que fez quando retornou?
Cheguei meio sem planos. Mas um professor de panificação em São Francisco, que morou um ano aqui no Brasil, me falou que eu devia trabalhar com o Alex Atala, que ele conhecia. Esse professor me escreveu uma carta linda de recomendação e eu consegui uma reunião com o Atala por meio de uma amiga de uma amiga.
Entreguei a carta e ele nem leu direito – depois, ele me contou que nem conhecia direito esse meu professor. O Atala me falou que ninguém entrava assim no D.O.M., que tinha que fazer estágio antes. Eu disse que tudo bem. Ele chamou o RH, que me enrolou um pouco, mas, por causa da minha insistência, fui chamada.
Entrei direto na cozinha principal, fiquei três meses estagiando e fui contratada. Fiquei um ano e meio e cansei da rotina do restaurante, que é puxada e competitiva.
Foi aí que você resolveu abrir a sua confeitaria?
Sim, a abertura do ateliê foi tão impulsiva quanto a minha mudança de carreira. Eu trabalhava sozinha, vendendo online e produzindo sob encomenda. Só que os clientes queriam experimentar, eu precisava de uma vitrine. Então, em 2014, decidi abrir a loja física na Vila Madalena (SP).
[…] Empreender é difícil, tem muito custo e muita concorrência. Mas está dando certo e cresço devagar.
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