Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
“Pensei em trazer um despacho para cá hoje”, confessou Iêda A. Patrício Novais, Sócia Diretora da Mariaca & Associates, consultoria de headhunting, ao começar sua apresentação para o público da Career Fair 2003. A executiva fazia menção ao tema da sua palestra, já que hoje em dia ser bem-sucedido na busca por um emprego não é tarefa fácil e requer, acima de tudo, muita dedicação, força de vontade e empenho por parte do profissional.
De acordo com pesquisas da Mariaca, um executivo precisa trabalhar por pelo menos 25 a 30 horas semanais para conseguir uma recolocação rapidamente, o que dá uma média de cinco horas diárias de pesquisa, planejamento e networking. “Mas isso não acaba acontecendo, porque o profissional acaba arrumando outras coisas para fazer, mesmo estando em casa. Ele vai fazer compras, encarrega-se de buscar os filhos na escola, ir ao banco, enfim, arruma tarefas para o dia todo, e separa apenas uma pequena parcela do seu tempo para buscar um novo emprego”, afirma Iêda.
O ideal, segundo a executiva, é ter metas claras e fazer o planejamento da sua recolocação. “Você precisa avaliar a sua empregabilidade, atual e futura, e definir assertivamente qual será o seu próximo passo”. Ela afirma que a busca pelo emprego se torna ainda mais difícil porque, no Brasil, não há o costume de fazer um planejamento financeiro a longo prazo. Uma pesquisa realizada pela consultoria revelou que o profissional consegue manter uma estabilidade financeira somente até três meses após a demissão. Tempo que, neste cenário de crise e instabilidade constante, é muito pouco tempo.
Ela afirma que a busca de emprego requer alguns atributos importantes, tais como:
atenção às mudanças

  • organização
  • determinação
  • auto-estima
  • entusiasmo
  • gestão do projeto

Planejamento é palavra de ordem na busca por uma recolocação. Para quem está em PHD (por hora desempregado) há algum tempo e não aguenta mais esperar “aquela” vaga, Iêda sugere que talvez seja melhor repensar suas metas, objetivos e o seu mercado alvo. Confira como abrir o leque de oportunidades sem prejudicar sua vida profissional e pessoal:
Expandir a área geográfica. Se você trabalha na Capital, por exemplo, repare: o estado de São Paulo é imenso e às vezes você pode achar um bom emprego onde menos espera, e ainda ganhar um pouco de sossego e qualidade de vida
Ampliar objetivos profissionais. Se você sempre trabalhou como diretor-financeiro, por exemplo, que tal pensar também na área administrativa?
Adicionar outros setores ou tipos de organização. Você sempre trabalhou na área química, mas há meses está desempregado e não consegue uma entrevista sequer. Comece a analisar outros setores da economia, como empresas de serviços, ONG´s e órgãos públicos.
Definir novamente o porte das organizações. Empresas de grande porte não são a única via de acesso a um bom emprego. No Brasil 98% das empresas são de pequeno e médio porte. Pode ser um mercado repleto de boas oportunidades, mas que está sendo desprezado por você
Na hora de abordar o mercado efetivamente, Iêda aconselha que você faça uma estratégia de guerra mesmo, como se estivesse se preparando para enfrentar um exército de profissionais super-competentes e que estão em busca da mesma vaga que você.
O primeiro passo, segunda ela, é fazer uma lista de 200 a 300 empresas-alvo, para as quais você deve encaminhar seu currículo, preferencialmente com uma carta de apresentação em anexo. Nessa lista de empresas, a presidente da Mariaca sugere que você faça uma triagem, e selecione cerca de 30 empresas, que são realmente o seu target e merecem uma dedicação especial. Para essas organizações seria interessante encontrar um aliado lá dentro, alguém que trabalhe ou tenha conhecidos lá e possa fazer a ponte entre você e o gerente, diretor ou mesmo o presidente da empresa. “Não adianta mandar seu currículo para o RH, porque provavelmente você será selecionado e entrevistado pela pessoa da sua área. Por exemplo, se você é analista de marketing, quem terá um contato maior com você será o gerente de marketing e, dependendo da empresa, até o diretor ou o presidente. O RH só aparece na parte final do processo”, esclarece.
Além disso, vale muito a pena trabalhar com seus contatos, fazendo uso do tão famoso networking. Neste caso o que vale é aparecer, por isso Iêda recomenda que você compareça aos eventos da sua área, converse com headhunters e, claro, esteja sempre bem informado – jornais, revistas semanais e sites de carreira são opções fáceis, rápidas e que trazem dicas importantes sobre o vai-e-vem do mercado, economia, atualidades e desenvolvimento profissional.
“Todo executivo sabe fazer planos e projetos na empresa que trabalha. Por que ele não se empenha em traçar um plano de carreira”?, questiona ela, crente de que milagre nenhum pode fazer algo que só compete unicamente à você.

Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.