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por Ruy Ramon*
A avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar – no sentido de analisar, compreender, esclarecer – a dinâmica dos processos psicológicos representativos de um indivíduo. Ela pode e deve ser utilizada em todo e qualquer setor da sociedade em que se necessite conhecer melhor o funcionamento da psique humana, visando orientar ou tomar certas decisões relativas à pessoa em questão.
Encontram-se referências precisas de que desde o século XIX já se realizava avaliação psicológica em vários países e no Brasil, obviamente de forma diferente dos modelos conhecidos atualmente. No Brasil, a Avaliação Psicológica começou a ser praticada mais sistematicamente nas décadas de 50 e 60, porém, já na década de 20 foram realizados trabalhos acadêmicos e criados institutos para a realização de processos de seleção de pessoal nos setores públicos e privados, destacando-se as empresas do segmento de transporte coletivo.
Com a regulamentação da Psicologia na década de 60, houve um aumento significativo de profissionais e de empresas interessadas em investir na área de recrutamento e seleção, passando a compor setores e a contratar psicólogos que realizassem avaliação psicológica em candidatos, no intuito de aumentar as probabilidades de “acerto”, isto é, de selecionarem “a pessoa certa para o lugar certo”. As décadas de 80 e 90 foram promissoras para a área. Entretanto, se por um lado havia a utilização maciça de testes psicológicos nas avaliações para seleção de pessoal, por outro, não se encontravam instrumentos adaptados ou criados especificamente para esse fim.
Atualmente visualizamos um panorama no qual houve uma redução significativa da utilização dos testes psicológicos devido às rigorosas exigências de qualidade dos instrumentos, trazendo maior segurança ao profissional que se embasa em seus resultados para tomar decisões estratégicas e, não raramente, de maneira decisiva no direcionamento da vida das pessoas.
Nos setores de Recursos Humanos, onde se pode fazer uso da Avaliação Psicológica, contar com os resultados obtidos a partir de testes é de grande importância, pois traz ao avaliador dados não facilmente perceptíveis de outro modo a respeito do candidato, além de poder confirmar aspectos percebidos durante a entrevista e dinâmica de grupo, se for o caso. Praticada de modos diferentes de acordo com cada objetivo, a ferramenta contribui para a admissão de novos colaboradores, promoção interna, definição de plano de carreira, para programas de outplacement aos demitidos e outros.
Na prática
De maneira geral, uma avaliação psicológica se constitui por uma entrevista individual, às vezes substituída ou acrescida de uma dinâmica de grupo, e um teste para avaliação da personalidade. Outros testes, de habilidades ou aptidões específicas, são acrescentados ao conjunto de técnicas de avaliação, conforme o perfil do cargo ou perfil de competências estabelecido pela área requisitante.
O objetivo maior é o de conhecer o potencial de cada pessoa, suas competências individuais e, para isso, o teste psicológico ainda é o melhor instrumento de que se dispõe, pois além de resultar em dados confiáveis, já que suas características psicométricas são comprovadas cientificamente, ele permite que o psicólogo tenha uma visão total da pessoa, que consiga definir quais são as suas competências ou características mais vantajosas e quais aquelas em que precisaria investir um pouco mais.
Num processo de seleção, tais informações permitem ao psicólogo indicar com maior segurança pessoas para cargos específicos e orientar as lideranças sobre como lidar com seus colaboradores e no que efetivamente investir para obter maior desenvolvimento e melhores resultados. Da mesma forma, em treinamento e desenvolvimento, uma Avaliação Psicológica traz subsídios suficientes para que um programa seja encaminhado considerando as especificidades individuais e grupais, podendo até com isso gerar um redirecionamento das estratégias adotadas.
Até pouco tempo, algumas empresas procuravam premiar colaboradores tecnicamente bons com uma promoção para cargos de chefia, sem outro critério senão a satisfação com o desempenho desse funcionário, ou seja, sem uma avaliação que pudesse assegurar que essa pessoa tivesse características condizentes com posições de liderança, além de sua competência técnica. O resultado final geralmente era desastroso para o colaborador e para a empresa. Por não ser um líder e necessitar desenvolver as competências de liderança, não se saía bem na nova função. Como nem sempre é possível a pessoa retornar ao cargo anterior, a empresa contava com duas opções: mantê-lo no cargo e arcar com conseqüências indesejáveis ou então demiti-lo. Prejuízo para ambos.
Para um planejamento de carreira, a realização de uma Avaliação Psicológica também torna-se decisiva, visto que norteará todo o programa a ser desenvolvido com o profissional, especificando as características psicológicas a serem desenvolvidas para que ele possa futuramente ascender numa hierarquia com sucesso.
No momento atual, o foco das empresas, seja qual for o seu negócio, é cada vez mais seus recursos humanos e sabe-se que o sucesso da empresa deve-se ao conhecimento e ao investimento em pessoas. A Avaliação Psicológica, científica e ética, apoiada em instrumentos e testes fidedignos, contribui essencialmente para essa finalidade.
*Ruy Ramon é psicólogo, pós-graduado em Administração de Recursos Humanos, mestrando em Psicologia e consultor em RH.

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