Carreiras | Empregos

por Demétrio Luiz Pedro Bom Júnior*
O assunto Responsabilidade Social está em evidência e pode ser considerado como uma tendência no mundo corporativo. Mas, será que os administradores ou as empresas sabem o real significado da chamada responsabilidade social?
Algumas organizações pensam que fazer doações, filantropia, patrocínios são ações sociais e realmente são, mas esse o termo vai além disso, como veremos adiante. Algumas empresas têm uma visão mais abrangente e completa do assunto e outras possuem uma visão bem míope, pois imaginam que o simples fato de gerar empregos pode ser considerado como uma ação de responsabilidade social. Puro engano.
Responsabilidade Social Corporativa ou Empresarial pode ser definida como sendo uma obrigação da organização de atuar em modos que sirvam tanto aos seus próprios interesses, quanto ao seu público externo (fornecedores, clientes, comunidade, entidades, governo etc.); ou seja, é tomar decisões e ações que irão contribuir para um melhor bem-estar, como também para os interesses da própria organização e da sociedade.
Contribuir para uma melhor qualidade de vida não é fáci e depende muito do engajamento dos funcionários ou dos colaboradores das empresas para tanto. Para analisarmos se a nossa empresa está tendo uma ação de responsabilidade social, podemos identificá-la através dos seguintes níveis:
Responsabilidade Econômica: aqui, a empresa preocupa-se apenas em defender seus interesses econômicos, tendo a visão voltada apenas para o lucro, sendo esta sua única missão. O lado negativo é que, para buscar essa maximização dos lucros, as empresas não medem esforços e podem acabar desrespeitando consumidores, funcionários, leis, entre outros, e ser punida.
Responsabilidade Legal: aqui a empresa busca atingir seus objetivos e resultados dentro da lei, no mínimo. Assim, tomando um exemplo, se a empresa contrata deficientes físicos, apenas pelo fato de que isso é obrigatório pela Lei e não porque busca uma integração ou compromisso com esse pessoal, ela (empresa) está se defendendo de futuras multas ou retaliações.
Responsabilidade Ética: aqui, o interesse da empresa não é apenas econômico, mas sim ter uma postura de eqüidade, imparcialidade, justiça etc, tanto com seus funcionários quanto em relação ao ambiente externo. Evita-se aqui problemas de conduta, busca-se um respeito maior por todos. Exemplo: contratar deficientes ou ex-presidiários, afim de integrá-los ao ambiente de trabalho e ao convívio social. Outros exemplos são as promoções internas na empresa com base no Código de Ética e nas políticas internas, do que com privilégios ou preferências pessoais ou para se defender das leis.
Responsabilidade Voluntária ou Discricionária: a empresa, neste nível, realiza atividades sociais sem ser imposta por forças econômicas, legais ou éticas, indo além das expectativas da sociedade. Realizar contribuições, palestras gratuitas em locais carentes como escolas, alocação de desempregados, entre outras atividades na qual a empresa não espera retornos, mas que contribuem realmente para o bem-estar da sociedade são exemplos desse tipo de responsabilidade.
Nós poderíamos esgotar o artigo citando exemplos de sucesso das empresas com uma responsabilidade social comprometida e visionária, tendo uma postura mais pró-ativa do que reativa; mas gostaria de deixar que vocês, amigos leitores, pensem nesses exemplos e como sua empresa ou você pode ajudar ou colaborar para um melhor bem-estar da sociedade.
O que podemos salientar, a mais neste texto, é a responsabilidade social que minha empresa tem ou deveria ter com seus colaboradores. Como foi dito no início deste artigo, o simples fato de gerar empregos não é responsabilidade social, mas sim agir com justiça, ética, igualdade e com valores estabelecidos é uma grande responsabilidade e um desafio que temos pela frente e não é só isso. Para uma empresa saber promover uma melhor responsabilidade social, ela dependerá da vontade e da colaboração dos seus funcionários. Como prepará-los para isso? Como criar e manter esta postura? Existem algumas atividades que estarão sendo citadas aqui para ilustrar e buscar responder essas questões.
Primeiro
Como é o clima organizacional onde eu trabalho? É mais voltado para a competição interna? Para o autoritarismo? As pessoas promovidas são aquelas que “puxam saco” ou têm uma certa ligação com os superiores? Minha empresa tem um plano de carreira definido ou favorece àqueles que demonstram bem seus trabalhos com base no profissionalismo? O clima é voltado para a amizade e a participação? As políticas da empresa favorecem posturas éticas, voluntárias ou algo assim? Se uma empresa está mais voltada para estas últimas questões, com certeza irá facilitar ações de responsabilidades éticas e voluntárias.
Segundo
Há o comprometimento da alta administração nas questões éticas? Se sim, excelente! Mesmo que a empresa não seja totalmente voltada para ações éticas e sociais, só o fato da alta administração comprometer-se e fazer algo nesse sentido já incentiva e motiva os demais colaboradores para tanto. O problema é quando a empresa prega na teoria uma coisa e faz outra na prática. Por exemplo: uma empresa salienta que a escolha de funcionários para ocupar um cargo vai depender de tempo de casa (experiência), trabalhos desenvolvidos, capacidade, competência, habilidades etc. Porém, na hora da escolha, acaba promovendo um funcionário por ser “amigo do chefe” ou por dever favores pessoais, entre outros fatores que fogem ao que foi divulgado e defendido. Se uma empresa quer ter uma responsabilidade social bem feita e com interesse e participação de todos, é preciso ter apoio e dar exemplo total de quem administra ou comanda a empresa.
Terceiro
Ações de filantropia ou voluntárias. Sua empresa motiva os funcionários e os recompensam, por fazerem trabalhos voluntários? Obviamente, se a empresa abrir um espaço, de algumas horas ou um dia de trabalho, para uma pessoa fazer um trabalho voluntário, é algo bem agradável, interessante e motivador. Têm empresas que possuem projetos de capacitação infantil, teatros, escolinhas de arte, ações voltadas para a preservação ambiental, entre outros, formados por funcionários voluntários. Essas ações são valorizadas pela sociedade e torna o trabalho mais agradável para todos. Mas antes de se engajar nisso, você deve ter uma atitude particular e positiva sobre o voluntariado. Você quer fazer isso? Sente-se preparado para assumir essa responsabilidade? Gosta de fazer trabalhos voluntários? Faz isso sem depender de alguém ou da empresa, ou seja, de forma espontânea procurando satisfação pessoal? Pense a respeito. Há empresas buscando no mercado profissionais cujo currículo conta com trabalhos voluntários. Além disso, buscam pessoas cujas características estejam voltadas para a ética e para valores como: honestidade, coragem, tolerância, flexibilidade, integridade e humildade.
Além de tudo o que foi comentado, há o fato de que as pessoas, no geral, estão valorizando cada vez mais as empresas éticas e cidadãs; inclusive existe um Selo de Qualidade voltado para isso, chamado de SA 8000, que favorece empresas que não empregam ou exploram o trabalho infantil, investem na segurança e na saúde do trabalhador de forma eficaz, que não promovem discriminação e que realizam atividades e trabalhos voltados para a cidadania e para a responsabilidade social.
Pode-se dizer que as pessoas, de alguma forma, estão buscando perceber se as empresas têm uma postura ética; sendo que no mercado empresas que incentivam a qualidade de vida, em vários aspectos, já estão sendo notadas e valorizadas.
Pesquisas feitas demonstram que as empresas não perdem lucratividade por investirem na ética e na responsabilidade social, que devem andar lado a lado. Empresas como Xerox, Johnson & Johnson, Kodak, entre outras conhecidas pelos seus altos padrões éticos dobraram seu valor de mercado em algumas décadas. Além disso, organizações éticas promovem maior confiança junto aos funcionários, ao consumidor e ao mercado no geral. O público está cansado de ações irresponsáveis e antiéticas, buscando empresas íntegras. Obviamente, que para ser uma empresa ética ou responsável é necessário não ter apenas a visão do lucro, como vimos anteriormente. Mas, mesmo para essas que visam o lucro, investir na ética e na responsabilidade social não faz com que percam a lucratividade, podendo causar até o contrário: maiores lucros.
Gostaria de finalizar este artigo com um pensamento, que acredito ser complexo, discutível e que permeia a Administração desde quando ela surgiu como ciência: Para que uma empresa existe?
Assim, podemos pensar a respeito… mas com calma e cautela, para obtermos, nós mesmos, respostas baseadas em fatos e em argumentos verdadeiros e que convençam a todos que uma empresa, talvez, não exista somente para “ganhar dinheiro”.
* Demétrio Luiz Pedro Bom Júnior é Graduado e Pós-Graduado em Administração de Empresas.

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