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por Juliana Falcão
Dinâmica de grupo é uma das inúmeras formas utilizadas pelos selecionadores para detectar competências pessoais nos candidatos a emprego. É como um jogo: a partir de uma atividade proposta,
são estabelecidos objetivos e regras, cabendo a cada participante utilizar suas habilidades pessoais para chegar ao objetivo. Nesse caso, a oportunidade de emprego.
A preocupação dos selecionadores em saber mais sobre as competências pessoais dos candidatos é consequência das várias mudanças ocorridas nos últimos anos dentro das empresas. Antigamente, os cargos seguiam uma hierarquia rígida e as pessoas eram contratadas de acordo com sua formação profissional e cursos extracurriculares. Hoje, a necessidade de trabalhar em equipe e a horizontalização das estruturas exigem competências pessoais específicas.
A quantidade e os tipos de atividades aplicadas nas dinâmicas de grupo dependem do objetivo e do tipo de cargo que está sendo preenchido. Entretanto, há algumas delas que costumam fazer parte de qualquer processo seletivo. Para você saber um pouco mais sobre o que vai encontrar pela frente, o Empregos.com.br, com a colaboração de John Cymbaum, consultor da Carrer Center, e de Luiz Scistowski, psicólogo e consultor de treinamento, preparou uma lista das atividades mais comuns nas dinâmicas de grupo:
Chegada
Se você pensa que a dinâmica começa quando você entra numa sala e recebe um crachá, está muito enganado. Ela começa na sala de espera. Algumas empresas utilizam essa atividade para saber como é o candidato antes mesmo dele iniciar essa etapa do processo seletivo. A secretária que lhe recepciona pode ser na verdade uma psicóloga. O selecionador atrasa alguns minutos, enquanto ela se encarrega de observar sua reação diante do imprevisto. Pessoas que olham constantemente no relógio ou que reclamam em voz alta demonstram impaciência e falta de jogo do cintura.
O que é analisado: paciência, flexibilidade e capacidade de lidar com o imprevisto
Dica: Por mais que você esteja nervoso com o atraso do selecionador, evite olhar demais no relógio ou criticar a qualidade da empresa com o companheiro do lado. Dependendo do perfil do cargo, essa atitude pode lhe desclassificar do processo.
Apresentação dos candidatos
Realizada logo no início da dinâmica para “quebrar o gelo” e descontrair os participantes, o selecionador distribui os crachás para os participantes e os divide em duplas para que façam uma entrevista. Na base do improviso ou com o auxílio de um questionário, os participantes se conhecem e depois apresentam o entrevistado para os demais componentes do grupo. Outra maneira de se aplicar essa dinâmica é formando um círculo com os participantes e oferecer uma bola para eles jogarem. O participante que estiver com a bola deve fazer uma frase incompleta e jogar a bola para que alguém a complete. Por exemplo: o candidato com a bola diz: “O que me entristece é…” e passa a bola para outro componente responder.
O que é analisado: interação, expressão e perfil psicológico
Dica: procure levar à sério a apresentação que você faz do seu parceiro e suas respostas na hora de passar a bola. Independente de ser uma brincadeira, o selecionador está atento à todas as suas atitudes.
Auto-apresentação
Cada participante deve produzir um painel e fazer uma apresentação de si mesmo ao selecionador e aos demais componentes do grupo. É a chamada Técnica Projetiva, na qual o selecionador avalia a habilidade que o participante tem de se projetar por meio de palavras e desenhos. A partir do que foi montado no painel e do jeito como você se expressa, o selecionador consegue obter uma boa visão sobre sua personalidade.
O que é analisado: auto-imagem e autoconhecimento
Dica: Muitos participantes tendem a apresentar apenas as qualidades ou, se colocam os pontos negativos, fazem questão de encobri-los. Saiba que, independente do que é escrito no painel, o que será avaliado é a sua apresentação, sua forma de promover sua imagem pessoal. Seus defeitos, escritos ou não, certamente serão percebidos pelo selecionador
Exercício de consenso
Nessa atividade, o selecionador realiza uma pergunta como “Se eu fosse viajar para uma ilha deserta ou para a Lua, o que levaria?” e pede para que todos os participantes dêem suas opiniões sobre os objetos que poderiam ser úteis nessa viagem. Cada candidato coloca seu ponto de vista abertamente enquanto o selecionador se encarrega de analisar a performance de cada um. O objetivo é fazer com que, por meio da discussão, todos os participantes cheguem a um senso comum.
O que é analisado: perfil de liderança, sensatez das idéias expostas para o grupo e abertura para ouvir as opiniões dos demais participantes da discussão.
Dica: Para alcançar o objetivo da atividade, é preciso que algum componente do grupo tenha habilidade para guiar e analisar as opiniões do grupo. Essa pessoa pode ser você.
Desenvolvimento de projetos em comum
Os candidatos são divididos em grupos de mais ou menos três componentes e recebem das mãos do selecionador diversos objetos, que vão desde revistas até utensílios de plástico. O objetivo é fazer com que o grupo, munido também de outros objetos como tesoura e cola, crie uma idéia e a venda para o selecionador.
O que é analisado: colaboração, poder de persuasão, discussão das idéias e as diversas formas de colocá-las em prática.
Dica: Muitas vezes, os participantes não gostam de realizar essa prova, achando que ela serve apenas para testar a habilidade dos profissionais de vendas. Mas a verdade não é bem essa. “No mercado de trabalho estamos sempre vendendo alguma coisa. Sejam idéias, produtos ou até mesmo nossa própria imagem”, explica Cymbaum. Se você ainda não tem, é bom começar a desenvolver essa habilidade.
Júri simulado
Os participantes são divididos em dois grupos. Um tem o objetivo de defender uma idéia e o outro de acusá-la. Um tema atual é proposto pelo selecionador e a partir dela as duas turmas defenderão suas idéias, independente de real opinião que cada um possui sobre o tema abordado. Em determinado momento, os papéis são invertidos e quem acusou, passa a defender.
O que é analisado: capacidade de argumentação, defesa de idéias, improviso, convencimento das pessoas e flexibilidade. É possível também avaliar perfil de liderança nesta atividade, desde que o candidato tenha habilidade para acalmar os demais componentes da equipe e controlar as situações de conflito.
Dica: Alguns candidatos acreditam que conquista a vaga de emprego aquele que fala mais alto ou que fala por todo o grupo. Isso não é verdade. O objetivo dessa atividade é saber quem tem habilidade para organizar as idéias, lidar com o imprevisto e convencer o grupo adversário da veracidade de suas opiniões.
Atividades irreverentes
São utilizadas dependendo da empresa e do cargo pretendido. Por meio de artifícios, são surtidos efeitos variados nos participantes. Esses artifícios vão desde opinar sobre algum tema segurando um palito de fósforo aceso, até brincadeiras de mímica.
O que é analisado: na atividade do fósforo são avaliados o controle, como o participante lida com pressão e como administra seu tempo. Nas mímicas são avaliados o improviso, criatividade e as formas utilizadas pelo participante para lidar com problemas.
Dica: concentração é a palavra-chave nessa hora. Não tenha medo de parecer bobo. O objetivo é que você utilize seu corpo para expressar idéias. Lembre-se de que ele também é capaz de falar.
As atividades que compõem as dinâmicas de grupo não são imutáveis. Todas elas podem ser moldadas de acordo com o número de participantes e com o objetivo a ser alcançado. Independente disso, procure dar sempre o seu melhor e seja íntegro em suas atitudes. Caso você seja selecionado para a vaga, lembre-se de que todas elas serão cobradas. Não se esqueça de quebrar seus esteriótipos durante a dinâmica. Achar que quem fala mais está propenso a conquistar a vaga ou aquele que se reserva está definitivamente desclassificado não é o caminho. “Cada dinâmica tem o objetivo de detectar determinadas competências num candidato de acordo com o cargo e o perfil da empresa. Uma pessoa que fala alto demais, por exemplo, pode passar a impressão de um profissional que não sabe ouvir o outro. Os mais tímidos, ao contrário do que se pensa, também possuem boas chances”, explica John Cymbaum.
Outra dica importante é nunca dissimular comportamentos durante uma dinâmica de grupo. O que é interessante para uma empresa nem sempre é para a outra. “O importante é não tentar se adaptar ao cargo que a empresa oferece, mas sim buscar as oportunidades e as empresas compatíveis com o seu perfil”, diz Luiz Scistowscki.

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