Carreiras | Empregos

Em meio a tantas pressões na sociedade moderna, temos que ser bons em autocrítica. É preciso garantir que nada do que os nossos piores inimigos digam já não tenha sido aceito por nós mesmos. É com essa resistência que temos nos distanciado da autocompaixão.
Você já sentiu que, apesar de todo o seu esforço e dedicação, tudo o que você faz não é mais do que a sua obrigação? A gentileza com nós mesmos pode parecer um convite à indulgencia, e então, ao desastre, pois atribuímos boa parte de nosso sucesso à ansiedade e à autoflagelação. Mas devemos aceitar esse cuidado.
Por um tempo, até ficarmos mais fortes, devemos ter coragem suficiente de adotar uma perspectiva mais generosa sobre nós mesmos. Talvez tenhamos fracassado, mas não renunciamos, por causa disso, ao direito à solidariedade e compaixão. As derrotas, em alguns casos, não acontecem porque você não fez a sua parte, mas porque:
A tarefa era muito difícil
Nós nos apaixonamos tão imediatamente e perdidamente pelo sucesso que não notamos a escala dos desafios que enfrentamos. Muitas vezes, não há nada essencialmente normal no que tentamos atingir.
Porque somos malucos
Sem intenção pejorativa em mente, como todos inevitavelmente são, somos malucos. Malucos porque não entendemos o suficiente os outros ou a nós mesmos, apesar da autocrítica. Malucos por perder o controle da paciência e do equilíbrio por pequenas coisas. E somos malucos por não encarar os nossos erros.
Porque o fracasso sempre foi o resultado mais provável
Ouvimos tanto sobre histórias de sucesso que imaginamos que elas devem ser a regra. Esquecemos que, na verdade, elas são as exceções – referenciais que não servem para comparação, mas que normalmente usamos.
Em vez da galeria de heróis à qual estamos expostos, precisamos testemunhar regularmente bobagens comuns. Afinal, nos sentimos envergonhados do que deveria ser uma das verdades mais básicas da condição humana: a de que falhamos. Você pode ser muito bom, mas, ainda assim, cometer erros. E isso é normal.
Porque invejamos as pessoas erradas
Começamos a invejá-las porque elas se parecem tanto conosco que não desejamos ser como elas, mas sim superá-las. Nossa noção de igualdade básica lançou agonias competitivas. No entanto, apesar dessas pessoas realmente se parecerem conosco, elas possuem habilidades que não temos. Essa percepção não deve levar à competição, mas sim à admiração.
Assim como a pessoa que você admira tem habilidades que você não tem, ela também deixa a desejar em pontos em que você se destaca. Você não precisa se esforçar para ser bom no que ela faz, mas sim no que você faz melhor.
Porque nos julgamos pelo que fazemos – não pelo que somos
As mensagens que absorvemos através da educação e do trabalho afirmaram outra coisa, mas, no final das contas, não somos apenas nossas conquistas. Status e sucesso material são pedaços de nós, mas também há outros. O verdadeiro estímulo não é dizer a alguém que seus planos e conquistas (inclusive materiais) sempre darão certo, mas que o valor dessa pessoa não está em risco se eles falharem.
Porque nunca tivemos a chance de pensar no que realmente queríamos ser
Fomos apressados, compramos uma ideia romântica de que encontraríamos nossa vocação, algo profundo em nossa natureza que nos guiaria até um trabalho ideal para nós – com os qual nos encaixaríamos de forma perfeita e natural e que nos faria totalmente felizes. O problema é que não houve tempo e nunca chegamos lá. Deveríamos ter ficado semanas longe de tudo e todos e nos entregado a um pensamento solitário, livre das pressões de agradar aos outros.
Descobrir o que fazer foi difícil porque nossas decisões tinham de ser construídas sobre uma projeção irreal que temos de nós mesmos. Essencialmente, estamos tentando tomar decisões para alguém que não poderíamos conhecer totalmente: nós mesmos em um futuro inimaginável.

*Este artigo possui trechos e é baseado no capítulo 2 do livro “The Book of Life”, da organização educacional The School of Life.
Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.