Carreiras | Empregos

por Idevan César Rauen Lopes*
O povo brasileiro é o resultado de uma grande miscigenação, tendo sua cultura originado-se da aglutinação de muitas outras. Sendo isso um fato, e reportando-o para as relações negociais, é de grande relevância a análise das condições das empresas brasileiras para adaptarem-se ao mundo globalizado. Deve-se questionar se as empresas brasileiras teriam condições de competitividade no mundo globalizado, em face desta característica do povo brasileiro.
A versatilidade é tão importante dentro do conceito de multiculturalidade que torna-se sua base. Nesse sentido a cultura brasileira ganha vantagem no âmbito empresarial, pois é mais receptiva que as demais. Já é notório o sucesso que inúmeros brasileiros têm obtido em cargos de diretores de corporações multinacionais, como o brasileiro que assumiu a presidência da Nissan Automóveis no Japão. O seu sucesso em grande parte ocorreu porque impôs seu conhecimento e ritmo de trabalho sem agredir a cultura nipônica, sempre respeitando-a.
Com a presença da globalização no cenário comercial, a livre iniciativa e a concorrência são fatores preponderantes na economia atual. É essencial para as empresas buscar o desenvolvimento com base nestes princípios e estender seus mercados de atuação para que possam sobreviver. Outra atitude fundamental é transmitir para os funcionários uma idéia de multiculturalidade, e incentivá-los a ter essa postura. Como?
Inicialmente, estimulando seus funcionários a conhecerem e desenvolverem o conhecimento em outras línguas. Quanto mais funcionários falarem outros idiomas, mais fácil será para a empresa atuar dentro de um mercado globalizado. Outra alternativa é propiciar a troca de experiências entre os funcionários da matriz e das filiais estrangeiras e criar programas de trabalho temporário no exterior. Além do benefício do aprendizado de uma outra língua, a convivência em outro país abrirá novos horizontes culturais ao intercambista.
Por que incentivar a multiculturalidade?
São inúmeros os exemplos de corporações que montaram empresas em determinados países exigindo que a cultura local se adequasse à cultura original da empresa, resultando em um tremendo fracasso. É a empresa que deve adequar-se à cultura do país em que está inserida.
Para que uma empresa tenha seus produtos distribuídos a vários mercados e que suas marcas fiquem conhecidas nos territórios onde forem comercializadas, deverá preservar, respeitar e compreender os hábitos das comunidades do mercado a ser explorado, sejam eles comportamentais ou mercadológicos, fazendo com que um mercado não sirva de paradigma para outro.
Isso implica estudar detalhadamente um mercado antes de ingressá-lo, considerando-se que a má apresentação de uma marca poderá comprometê-la e até destruí-la, exaurindo, assim, as possibilidades de obter-se o êxito que se almejava.
É imprescindível fazer pesquisas mercadológicas para disponibilizar produtos de qualidade aptos a serem consumidos no mercado mundial, mas de acordo com a comunidade para a qual o produto será destinado. Para a adequação ao processo, é importante também aprender com os erros e acertos daqueles que já estão globalizados.
O tratamento igualitário para uma mesma marca e produtos, sem observância das peculiaridades culturais regionais, é um risco para projetos mundiais. Para que haja respeito às diferentes culturas, a empresa deve contar com colaboradores multiculturais, capazes de compreender a cultura de uma determinada comunidade e adaptar o projeto a ela, com o menor trauma possível.
Fator igualmente importante na globalização é a tecnologia, na qual também há uma influência muito grande da multiculturalidade. Há alguns anos o cientista tinha que montar sua tese do começo ao fim, entretanto com a evolução ocorrida principalmente com a globalização e a internet, o cientista pode apenas montar um quebra-cabeça científico, buscando informações com outros cientistas que estão atuando na mesma área em todo o mundo.
Sugiro aos gestores que atentem para o fato de que a versatilidade brasileira é competência valiosa para o exercício da multiculturalidade.
* Idevan César Rauen Lopes é advogado sócio do escritório Idevan Lopes & Ricardo Becker Advogados Associados, mestre em Direito Econômico e Social pela PUC/PR e ex-procurador da Junta Comercial do Paraná.

Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.