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por Camila Micheletti
Risadas, emoção, figurinos divertidos, diálogos inspiradores e engraçados… o teatro-treinamento tem um pouco de tudo isso, e mais. Por ser voltado para uma ação de treinamento na empresa, traz embutido o conceito que se quer passar, seja ele mostrar como funciona o atendimento ao cliente ou motivar e inspirar liderança nos funcionários. “O teatro é muito válido para ações de treinamento específicas, você traz entretenimento e junto passa a mensagem institucional que deseja. Você distrai e o conceito passa muito mais fácil. A avaliação que se tem ao final do processo é muito positiva”, assegura Clédia Carvalho Silvestre, administradora plena de Treinamento da Copel Distribuição.
A empresa paranaense utiliza há quatro anos o treinamento do Grupo Lanteri, grupo que está no mercado há 25 anos e é famoso pelas apresentações de teatro popular que realiza em Curitiba. “Primeiro desarmamos a platéia, que normalmente chega muito tímida e receosa, depois passamos um pouco de humor e a deixamos bastante receptiva, para então passarmos um conceito mais sério e relacionado ao treinamento em si”, afirma Aparecido Izabel Massi, diretor-geral dos espetáculos. Ele explica que a idéia do teatro-treinamento é trabalhar a mente das pessoas para pequenas mudanças em relação ao seu desenvolvimento profissional. “Conseguimos fazer esse trabalho até mesmo em empresas estatais, como a Copel, que teoricamente são mais lentas de caminhar, e mesmo assim têm um resultado muito bom “, exemplifica.
A profissional da Copel salienta que o teatro-treinamento serve de apoio aos outros treinamentos, como o e-learning, aulas presenciais, palestras, eventos e cursos. “Só o teatro isolado não adianta, o conceito fica disperso e perdido no meio da brincadeira”, afirma Clédia. Outra empresa que utilizou o teatro-treinamento e gostou muito do resultado foi a Scania, líder no segmento de caminhões e veículos pesados. Maria Luiza Delavy, chefe de treinamento da empresa, explica que o mais importante é saber escolher em que momento e para que situação o teatro pode ser uma boa ferramenta de T&D. “O grande benefício é que você pode condensar muita informação em um tempo muito menor do que em um curso tradicional, e com uma quantidade de público muito maior”, afirma Maria Luiza. Sempre que preciso, a montadora utiliza o serviço da Toque de Areia, que está no mercado desde 1994 e é uma das produtoras mais reconhecidas neste segmento. A última vez que a Scania utilizou o treinamento foi em 1999 e serviu como introdução para uma mudança organizacional que a empresa estava passando. “Fizemos uma recapitulação dos últimos 10 anos da empresa, e foi muito bom porque foi uma atração rápida, atraente e que utilizou uma linguagem universal e lúdica, que é o teatro”, explica ela.
Algumas das peças mais famosas da Toque de Areia, como Acertar é Humano!, O Segredo de Maria e Apertem os cintos – O cliente sumiu I e II foram escritas por Alberto Centurião, que é ator, autor de peças e diretor da Centurione Teatro e Treinamento, que trabalha em conjunto com a produtora. Centurione explica que o grande diferencial em relação às outras formas de treinamento é o poder de assimilação que o teatro permite. “Por mostrar experiências que a pessoa passa no dia-a-dia, o entendimento e a captação do conteúdo são muito maiores”, afirma.
No caso da empresa ter uma necessidade específica, é possível fazer uma encomenda de espetáculo, e a produtora faz uma atração que corresponde exatamente ao que a organização precisa. Foi assim com a Scania, com a palestra que ocorreu em 1999 e falava da mudança pela qual a empresa estava passando e seu histórico até lá. A Toque de Areia já fez várias campanhas personalizadas para empresas, algumas até bastante inusitadas. Um bom exemplo é a Gessy Lever, que pediu uma apresentação que mostrava o uso correto e forma de manutenção do notebook, aparelho que pertencia à empresa e os funcionários não utilizavam com muito cuidado. A chefe de treinamento da Scania afirma que, neste caso, o RH ou o departamento responsável pelo treinamento também vai ter um trabalho extra, já que terá que auxiliar na produção do espetáculo. “É preciso ajudar no desenvolvimento do roteiro, na escolha dos figurinos e até no próprio diálogo dos atores. Temos que ter certeza se o que a empresa vai oferecer está de acordo com o que queremos para os nossos funcionários. Como já sabemos o que eles gostam, temos como opinar se a peça vai atingir o objetivo ou não”, afirma Maria Luiza Delavy.
Confira algumas questões importantes levantadas pelos profissionais ouvidos pelo Empregos.com.br, sobre a eficácia do teatro como ferramenta de T&D:
Não deve ser utilizado como forma final do treinamento. Deve ser trabalhado dentro de um conjunto de ações que vai gerar uma mudança nos funcionários.
Deve ter um objetivo claro e estar alinhado à estratégia da empresa, como aumentar vendas, motivar funcionários ou mesmo incentivar o espírito de liderança na equipe.
os grandes benefícios são em termos de custo e agilidade com que a mensagem é passada e fixada pelo público.
De uma forma geral, os temas mais pedidos pelas empresas são atendimento ao cliente, qualidade total, normas da ISO 9000, motivação e liderança. O espetáculo dura em torno de uma hora, podendo variar de acordo com a empresa produtora, o tipo de peça e a interação com o público. O custo também é variável, mas segundo as empresas entrevistadas fica entre 10 a 12 mil reais.

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